Paulo Silva Pinto
postado em 08/10/2014 06:05
No mosaico das cidades brasileiras, a relação entre economia e urna se torna mais clara. O resultado da eleição presidencial do último domingo mostra a divisão: nos municípios com renda mais alta, setor privado desenvolvido, melhores empregos e atividades dinâmicas, o desempenho de Aécio Neves (PSDB) e, em alguns casos, Marina Silva (PSB), se destaca. Em geral, é superior à média que eles tiveram no estado.[SAIBAMAIS]O oposto disso se vê no caso da presidente Dilma Rousseff (PT), candidata à reeleição. Nos estados com maior renda, onde o desempenho dela é pior, a petista teve os melhores resultados exatamente nos locais mais pobres. Exemplo disso é a metade sul do Rio Grande do Sul, área onde predomina a pecuária extensiva tradicional, com grandes pastagens. Em Santana do Livramento, na fronteira com o Uruguai, Dilma teve 55,8% dos votos, enquanto no estado, ficou com 43,2%; Aécio conseguiu 26,9%, em comparação com os 41,4% na unidade da Federação. Já em Caxias do Sul, área que concentra indústrias, Aécio chegou a 53,7%, quase o dobro dos 27,1% de Dilma.
Não é apenas em áreas industrializadas que o resultado chama atenção. Em Lucas do Rio Verde (MT), onde há plantações de grãos para exportação, Aécio obteve 48,5% e Dilma, 34,1%. Vários dos produtores da cidade apoiam Dilma, incluindo o ministro da agricultura, Neri Geller (PMDB). Mas isso foi insuficiente para que ela tivesse um resultado melhor do que a média estadual (34,5%). Já em Poconé, porta de entrada do Pantanal e região de pecuária tradicional, ela chegou a 67,6%, muito acima dos 24,9% de Aécio, que venceu, no estado.
Há áreas industriais de alta renda, que contrariam a regra. Em São Bernardo do Campo (SP), Aécio teve 36,2% e Dilma, 32,8%, enquanto a média no estado foi, respectivamente, de 44,2% e 25,8%. Mas São Bernardo, a maior cidade da região do ABC, é uma cidade governada pelo PT e onde Luiz Inácio Lula da Silva despontou como líder sindical ; o ex-presidente mora lá hoje. Assim, a derrota na cidade, ainda que por menor diferença, tem peso simbólico.
A matéria completa está disponível aqui, para assinantes. Para assinar, clique aqui.