Os nomes dos políticos que receberam propinas ou participaram de outras irregularidades na Petrobrás serão revelados à sociedade ;no momento adequado; pelo Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou ontem o juiz da 13; Vara Federal de Curitiba, Sérgio Fernando Moro. Ele fez a declaração ao alertar o réu e ex-diretor Paulo Roberto Costa para não citar ministros, deputados e senadores envolvidos no caso porque eles têm foro privilegiado na corte máxima brasileira. Ontem, o ex-executivo disse que políticos do PT, PMDB e PP se beneficiaram do dinheiro de corrupção para usar na campanha eleitoral de 2010.
O juiz impediu Paulo Roberto de mencionar o nome de autoridades. ;Vou fazer o seguinte alerta. Nas suas respostas, eu vou pedir que o senhor não decline o nome de autoridades com foro perante o Supremo Tribunal Federal. O senhor pode se referir a ;agentes políticos;, ;agentes públicos;, mas não vamos nominá-los por uma questão de respeito ao Supremo;, advertiu o juiz. O temor de Moro e dos investigadores é que simples menções sejam usadas por advogados para anular o processo ou enviá-lo a Brasília, atrasando o julgamento e tumultuando a investigação da Operação Lava-Jato. ;Evidentemente, isso vai vir a público no momento adequado, segundo as decisões do Supremo Tribunal Federal;, disse Moro a Paulo Roberto.
[SAIBAMAIS]A oitiva foi feita na tarde de quarta-feira (8) após Paulo Roberto ter assumido um acordo de delação premiada com o Ministério Público. Conforme prevê o acordo, a imagem do delator deve ser preservada. Por isso, o depoimento de ontem foi gravado em vídeo, como sempre acontece, mas a câmera foi posicionada para o teto da sala de audiências, de modo a se ouvir apenas a voz do acusado. Pelo combinado entre a defesa do réu e o MPF, Paulo Roberto não poderia ficar em silêncio e nem mentir, sob pena de perder os benefícios do trato, que prevê redução da punição caso preste informações que realmente colaborem para a investigação.
Indicações políticas
Engenheiro mecânico concursado que entrou em 1997 na Petrobrás, o réu chegou ao cargo de diretoria na estatal indicado pelo PP, partido então liderado na Câmara pelo deputado José Janene (PR). Paulo Roberto disse que a empresa sempre coloca pessoas indicadas politicamente para cargos-chave. ;Ninguém chega a general se não for indicado;, afirmou. ;As diretorias da Petrobras, quer sejam no governo Sarney, quer sejam no governo Collor, quer sejam no governo Itamar Franco, quer sejam no governo Fernando Henrique, quer sejam nos governos do presidente Lula, foram sempre por indicação política. Eu fui indicado pelo PP para assumir essa diretoria de Abastecimento.
;Essa indicação era de conhecimento dos presidentes da estatal de sua época, o ex-senador José Eduardo Dutra (PT-SE) e José Sérgio Gabrielli. Paulo Roberto disse que conheceu Janene e outras pessoas do partido depois de sua indicação para o cargo de diretoria.