Eleições 2014

Empresas e partidos citados por delator negam envolvimento em corrupção

As empresas Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa e Odebrecht também enviaram nota ao Correio negando irregularidades

postado em 10/10/2014 07:11
Ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa
Empresas, partidos e pessoas citadas nos depoimentos do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e do doleiro Alberto Youssef negaram ontem envolvimento no suposto esquema de corrupção denunciado pelos dois em depoimentos à Justiça Federal no Paraná. O PT e o tesoureiro do PT, João Vaccari, emitiram nota rechaçando participação no esquema de corrupção. As empresas Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa e Odebrecht também enviaram nota ao Correio negando irregularidades.

;O secretário João Vaccari Neto nunca tratou sobre contribuições financeiras do partido, ou de qualquer outro assunto, com o senhor Paulo Roberto Costa;, diz um trecho da nota enviada pela Secretaria Nacional de Finanças do PT. ;O PT desmente a totalidade das ilações de que o partido teria recebido repasses financeiros originados de contratos com a Petrobras;, diz a nota emitida pela direção do PT. ;A direção Nacional do PT estranha a repetição de vazamentos de depoimentos no Judiciário, tanto mais quando se trata de acusações sem provas;, continua o documento.

Além de Vaccari, também emitiram nota o presidente da Transpetro e ex-senador Sérgio Machado; o ex-presidente da Petrobras José Eduardo Dutra; e o ex-ministro José Dirceu. Por meio da assessoria, Dirceu negou ter indicado Duque para a Diretoria de Serviços da Petrobras.

[SAIBAMAIS]As empresas Camargo Corrêa, Odebrecht e Andrade Gutierrez negaram as acusações de Costa e Youssef. As empreiteiras UTC e Mendes Jr. disseram que não iriam se pronunciar sobre o assunto. Sobre os funcionários citados por Costa, a Andrade Gutierrez afirmou que o nome citado é de um ;ex-funcionário; que ;trabalhou por pouco tempo na empresa e que, por atuar no setor de óleo e gás, era natural que mantivesse contatos de trabalho com funcionários da Petrobras;.

Posição similar foi adotada pela Odebrecht. ;A Odebrecht mantém, há décadas, contratos de prestação de serviços com a Petrobras, todos conquistados de acordo com a lei de licitações públicas;, diz um trecho. A Camargo Corrêa, integrante do Consórcio CNCC, destacou jamais ter feito qualquer pagamento a Youssef e repudiou as acusações. ;Em relação aos referidos depoimentos, o CNCC repudia as acusações sem prova contra o consórcio e seus executivos. O contrato em questão foi conquistado em licitação de menor preço;, diz a nota enviada pelo CNCC.

Ameaça de processo
Após ser apontado por Paulo Roberto Costa como beneficiário da propina que sangrava a Petrobras, Renato Duque, que, à época, comandava a diretoria de Engenharia e Serviços da estatal ameaçou processá-lo por acusar ;falsamente e sem apresentar provas; de participação no esquema de corrupção. ;Se ele falou alguma coisa no meu nome, vai ser processado. Não quero saber se ele tem tornozeleira, se é dedo-duro, não importa. Ele vai ser processado e vai ter de responder pelo que está falando;, afirmou Renato Duque. O ex-diretor alega ter consciência ;tranquila; sobre o que ;fez;, disse. No depoimento, Paulo Roberto Costa afirma ao juiz Sérgio Fernando Moro, da Justiça Federal em Curitiba, que Duque recebia quantias financeiras de fornecedores da Petrobras. Segundo Costa, as empreiteiras pagavam em torno de 3% sobre o valor dos contratos ao PT. ;Dentro da área de serviços, tinha o diretor Duque, que foi indicado pelo então ministro da Casa Civil, José Dirceu. Ele tinha ligação com o João Vaccari dentro desse processo do PT.;

Punição em caso de mentira
Colaboração ou delação premiada é um método de investigação previsto em leis como a n; 12.850/2013 em que o réu e a acusação assinam um acordo para avançar na apuração dos crimes. O acusado confessa os delitos e indica provas e fatos necessários para se conseguir punir todos os participantes na organização criminosa. Se as informações forem verdadeiras, o réu pode ter sua pena reduzida. No caso de Paulo Roberto Costa, ele se comprometeu a falar a verdade, não ficar em silêncio, abrir mãos de recursos judiciais e pagar R$ 70 milhões em multas e valores escondidos no exterior. Em troca, obteve prisão domiciliar para si e para seus familiares. Se descumprir o acordo, os benefícios são perdidos e ele pode ser punido mais gravemente pela Justiça.

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