postado em 14/10/2014 06:05
Defendido pela presidenciável derrotada Marina Silva (PSB) como um dos pontos que o candidato do PSDB, Aécio Neves, deveria acrescentar no programa para receber o apoio da ex-ministra, o fim da reeleição foi ironizado ontem pela presidente Dilma Rousseff (PT). Antes de participar de um evento em prol de um plebiscito para a reforma política, a petista disse que a proposta do tucano não está clara. ;É uma renegociação para aumentar para cinco anos e depois prorrogar? É o tipo (de proposta) que tem que ir para a mesa clarinha antes de a gente se pronunciar;, disse. ;Ninguém consegue fazer um governo efetivo com quatro anos. Com cinco? Pode ser, eu não sei;, completou.
A proposta de reforma política, segundo ela, só seguirá adiante se for encampada pela população em um plebiscito. Ela defende o financiamento público de campanha e por meio de pessoas físicas, além do fim das coligações proporcionais. Ainda de acordo com ela, só é possível combater a corrupção com uma reforma. ;Não haverá outra forma, por mais que a gente tenha mudado as práticas, porque não aparelhamos a Polícia Federal, como fizeram em outros governos tucanos;, alfinetou.
Dilma ainda falou sobre a declaração do secretário de Política Econômica, Márcio Holland ; ele sugeriu que as pessoas deveriam comer frango em vez de carne devido à alta nos preços, e o comentário reforçou as críticas da oposição sobre a má condução da política econômica. ;Jamais daria esse conselho, porque acho que as pessoas têm direito de comer carne, ovo e frango;, disse Dilma. De acordo com a presidente, Aécio Neves também não diz o que vai fazer para controlar a inflação. ;Não tem mágica a fazer. Temos uma política duríssima de combate à inflação, como tivemos e vamos ter ainda mais. Mas não tem como querer impedir flutuação de preços. Não faremos controle de preços. Isso está descartado.;
A petista ainda se explicou sobre a carta elogiosa que ela enviou ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) no aniversário de 80 anos do tucano, apresentada pela campanha de Aécio Neves como uma contradição no discurso de Dilma. ;Acho que a estabilização da moeda é um grande ganho, porém não significa estabilização da economia. Não podemos confundir os cumprimentos;, alertou. Nos ataques ao adversário, ela acrescentou que achou infeliz a comparação que Marina fez entre Aécio e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. ;Se você comparar o resultado de ambos, é sinal trocado. O que Lula fez pelo Brasil foi crescer, empregar, investir em saúde e educação. O que o candidato adversário fez foi deixar uma monstruosa dívida no estado dele.;
A defesa a Lula se estendeu a 2018. Na semana passada, o presidente do partido, Rui Falcão, sinalizou o nome dele para concorrer na próxima eleição. ;O ex-presidente Lula não me disse isso, agora, se depender de mim, com certeza eu ajudo (ele a se eleger);, disse a petista.
Ao falar sobre política externa, a presidente disse que o programa de Aécio vira as costas para a América Latina e desconsidera o Brics (grupo dos países em desenvolvimento: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), além de privilegiar a liberação do mercado. ;É a velha proposta do Alca (Área de livre comércio das Américas), que libera o mercado. Em uma determinada época, foi crime falar em política industrial de produzir no Brasil o que fosse possível. Significa o velho modelo. Liberaliza tudo, não negocia, e o país perde a soberania.;