Em reunião do Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, o relator do processo contra o deputado federal Luiz Argôlo (SDD-BA) por quebra de decoro parlamentar votou pela cassação do mandato do parlamentar. Argôlo é investigado por prática de corrupção e lavagem de dinheiro em relações com o doleiro Alberto Youssef, preso em março deste ano na Operação Lava-Jato. De acordo com o deputado federal Marcos Rogério (PDT-RO), as provas demonstram que o parlamentar atuava como cliente e sócio do doleiro Alberto Youssef. "Em virtude das fortes provas constantes no processo e as claras contradições presentes no depoimento do deputado Luiz Argôlo, a conclusão é inevitável. Meu voto é pela perda do mandato".
O relator argumenta que as relações de Argôlo não se resumiam apenas à venda de um imóvel, como atesta a sua defesa. "Suas relações (...) envolveram tráfico de influência, a prática de negócios e pagamentos ilícitos, bem como, possivelmente, corrupção e lavagem de dinheiro", diz trecho do parecer. Segundo Rogério, a conduta constitui "uma ofensa aos padrões éticos e morais da comunidade, um ato capaz de causar sentimento de repulsa na sociedade sobre o Parlamento".
O advogado de Argôlo, Aluísio Régis, afirmou que o parlamentar nega as acusações. Diz que nada foi comprovado, porque o processo ainda está sendo investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A defesa alega também que Argôlo era um parlamentar novo e ingênuo, quando conheceu Youssef. De acordo com Aluísio, o deputado desconhecia a atuação do amigo como doleiro.
A votação do relatório foi adiada por um pedido de vista dos deputados Pastor Eurico (PSB-PE) e Sérgio Brito (PSD-BA).