postado em 16/10/2014 07:03
As propostas para o transporte público urbano dos dois candidatos ao Governo do Distrito Federal (GDF), Rodrigo Rollemberg (PSB) e Jofran Frejat (PR), entraram no centro das discussões para o segundo turno das eleições, ontem, depois de Frejat prometer, se eleito, instituir tarifa única de R$ 1 em todo o sistema coletivo a partir de meia noite de 1; de janeiro de 2015. O anúncio do político do PR reforçou a diferença entre as estratégias dos dois oponentes. Para Frejat, debater um dos temas de maior apelo popular a menos de duas semanas das eleições pode lhe trazer bons resultados na reta final de campanha. Mas Rollemberg, que sugere implementar o bilhete único no DF, classificou de ;eleitoreira; a ideia do adversário. Especialistas ouvidos pelo Correio se dividem quanto à viabilidade da medida.O candidato do PR anunciou a proposta na tarde de ontem, no comitê de campanha localizado na Estrada Parque Taguatinga (EPTG). A candidata a vice-governadora da chapa, Flávia Arruda (PR), e o marido, o ex-governador José Roberto Arruda (PR), também participaram da reunião. Nas redes sociais, o adversário de Frejat, Rollemberg, refutou a iniciativa: ;Nós só nos comprometemos com o que podemos cumprir. Todas as nossas propostas foram feitas com participação popular e de especialistas em cada área;, rebateu.
Além do bilhete a R$ 1, Frejat quer mais 700 ônibus em operação no próximo ano. ;Minha proposta é simples, factível e feita com diversos especialistas da Universidade de Brasília (UnB). Só recompomos a tabela de pagamentos às empresas de ônibus para garantir o novo valor cobrado no bilhete. Por isso, ela não é uma promessa eleitoreira, como podem querer dizer. Caso sejamos eleitos, instituiremos isso no primeiro dia;, afirmou Frejat.
[SAIBAMAIS]Segundo os técnicos que elaboraram a proposta, o custo do sistema de transporte passaria dos atuais R$ 90 milhões por mês para R$ 112 milhões mensais. ;Podemos arcar com esses custos sem aumentar impostos. Vou enxugar a máquina e usar com mais inteligência os recursos. O IPVA, por exemplo, rende aos cofres cerca de R$ 800 milhões anuais;, defendeu Frejat. Ele disse que registrará a proposta em cartório hoje.
Se for colocada em prática, a medida deve provocar um aumento de 30% no número de usuários de ônibus ; atualmente calculado em cerca de 600 mil pessoas, segundo o grupo de estudo. Esse contingente representa 1,1 milhão de viagens diárias, o que pode subir para 1,4 milhão. Do total gasto hoje, o GDF paga R$ 41 milhões para cobrir a gratuidade do bilhete de idosos, estudantes e portadores de necessidades especiais. O vale-transporte pago pelas empresas representa R$ 25 milhões, e outros R$ 24 milhões saem da arrecadação das catracas. Caso venha a ser implementada a tarifa de R$ 1, a parcela que cabe ao GDF passa para R$ 36 milhões mensais.
Leia mais notícias em Eleições 2014
Na visão do professor da Universidade de Brasília (UnB) Paulo César Marques, especialista em trânsito, a proposta de redução tarifária pode ser viável. ;Isso existe em alguns lugares, mas a proposta deve garantir de onde virá o recurso para isso. Ela deveria ter sido apresentada com mais tempo;, ponderou. Especialista em transporte urbano, Artur Morais também acredita na viabilidade da ideia, mas a vê com incredulidade. ;Viável ela é, mas deveria ser explicado com mais detalhes que áreas do orçamento seriam afetadas;, afirmou. Para o professor da UnB Joaquim Aragão, a medida é possível, mas precisa ser mais debatida. ;Toda tarifa é uma decisão política. O empresário contratado por licitação pelo governo não vai arcar com essa diferença dos valores. Resta saber que áreas seriam prejudicadas;, argumentou.
Reação
Rollemberg reagiu ao que chamou de ;promessa eleitoreira; de Frejat. ;Acho que há desespero em tentar apresentar propostas de última hora, sem calcular seu impacto, com o objetivo de enganar o eleitor;, afirmou o pessebista ao Correio. A fim de reduzir o preço do transporte, Rollemberg defende a criação do bilhete único. ;Nossa proposta diminui significativamente o gasto do cidadão, sobretudo de quem embarca em mais de um ônibus ou em mais de um modal (variedade de transporte) para chegar ao destino final;, explicou. ;É uma proposta com consistência, que foi estudada a fundo e sugerida antes mesmo de a eleição começar.;