Naira Trindade
postado em 17/10/2014 08:07
A nove dias das eleições, os candidatos ao Planalto Aécio Neves (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) ainda afinam os últimos ajustes de palanques nos estados para garantir a maioria do eleitorado. Se a decisão fosse hoje, segundo as últimas pesquisas divulgadas pelos institutos Datafolha e Ibope, o PMDB, legenda da base governista, ficaria o maior número de governadores eleitos no país: oito, enquanto as legendas dos dois presidenciáveis empatariam com cinco governos cada um. Já o PSB elegeria quatro governadores.Desde que terminou a apuração do primeiro turno das eleições, os candidatos costuram alianças nas 14 unidades da Federação onde haverá disputa também para a escolha dos governadores. Dos 28 concorrentes pelo país, o senador mineiro conta com o apoio de 10, sendo seis deles do PSDB, dois do PSB, um do PR e um do PMDB, partido do vice-presidente da República, Michel Temer. Aécio está com palanque garantido em pelo menos nove estados. Dilma encabeça mais da metade dos apoios com 16 adversários favoráveis a candidatura dela em 13 estados .
Para fortalecer o apoio a Dilma nos estados, o PT tem reforçado a participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas campanhas. O líder petista tem gravado inserções para propagandas eleitorais dos principais opositores do candidato Aécio Neves. Em três unidades da Federação, a presidente encontrou apoio dos dois adversários aos palácios estaduais, o que provocou um palanque duplo. Para impedir confusão, a legenda evita visitas. ;Nem a Dilma nem o Lula vão onde tem confusão para não se atrapalharem nos palanques;, afirmou um petista.
No Rio Grande do Norte, onde Robinson Faria (PSD) lidera as pesquisas com 45% das intenções de voto contra o presidente da Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB), que está com 38%, o apoio de Dilma a Robinson causou constrangimento. Henrique Alves reclamou do fato de o presidente Lula ter gravado um vídeo apoiando o candidato do PSD já que ele também compõe a base aliada do governo. ;Não há nada de errado lá. Robinson estava ao lado de Dilma desde o início (da campanha) e tem o apoio agora também;, disse o deputado Devanir Ribeiro (PT-SP).
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;A mesma coisa se repetiu no Ceará. Eunício (PMDB) não queria apoiar Dilma no primeiro turno;, justificou Devanir Ribeiro, sobre Lula favorecer Camilo Santana (PT) nas campanhas. Segundo as pesquisas recentes, o petista lidera com 45% das intenções de voto enquanto Eunício está com 40%. Para Devanir, Lula estará onde conseguir fortalecer os aliados. ;Quando for possível, Lula vai gravar para todos que apoiarem nos estados;, respondeu Devanir.
Guerra santa
Terceiro lugar onde Dilma tem palanque duplo, o Rio de Janeiro encontra uma peculiaridade. Num país laico, a disputa pelos votos cariocas se transformou em uma guerra santa. Na semana passada, um vídeo divulgado pelo jornal O Globo mostrou um pastor evangélico pedindo votos para o candidato Marcelo Crivella(PRB). Durante cinco minutos, a gravação mostra que, ainda que Crivella tente se descolar do discurso religioso e da ligação com a Igreja, templos da Igreja Universal do Reino de Deus seguem atuando a favor da campanha do ex-bispo.
As imagens foram registradas em 3 de outubro, antevéspera do primeiro turno da eleição, no culto Desmanche do Fogo, na Catedral da Fé, em Del Castilho, Zona Norte do Rio. Nelas, é possível ver a plateia ouvindo o pastor Daniel Santos pedir explicitamente votos para Crivella e para outros dois candidatos do PRB. Ele ainda comparou o fiel que não quisesse votar nos nomes sugeridos por ele a Judas, o apóstolo que traiu Jesus Cristo.
Após a denúncia, a juíza Daniela Assumpção, do Tribunal Regional Eleitoral, determinou que a Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) não promova cultos em que haja pedido de votos para nenhum candidato. A juíza também proibiu que as emissoras de TV Record e CNT veiculem propagandas subliminares em cultos da igreja, que, segundo a Corte, fazem parte da sua programação regular.
Partidos
Diferentemente de Aécio, que tem seis tucanos concorrendo a governos, a presidente Dilma conta com apenas quatro petistas. As outras legendas aliadas neste segundo turno são PMDB, PSB, PRB, PP e PSD. Candidatos do Pros, no Amazonas, e do PDT, no Amapá, continuam indefinidos.
Voto religioso
No primeiro turno das eleições, pelo menos 10 candidatos ligados a religiões buscaram se eleger nas urnas, segundo estatísticas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Cinco deles tentaram uma vaga de deputado federal e outros cinco disputaram uma cadeira à Assembleia Legislativa.