Eleições 2014

Postura propositiva dura pouco: Dilma e Aécio partem para o ataque em debate

Há exatos sete dias das eleições, os presidenciáveis ficam cara a cara e trocam acusações e defendem propostas

Daniela Garcia, Jacqueline Saraiva
postado em 19/10/2014 01:15
Assim como o clima tenso das campanhas na televisão para o segundo turno das eleições, o debate entre os candidatos à Presidência também foi marcado pela agressividade e troca de acusações. Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) se enfrentaram nesta noite de domingo (19/10) em encontro promovido pela Rede Record, a exatos sete dias do pleito.

Ao afirmar que o governo dela deu um forte apoio ao microempreendedor individual, reduzindo impostos e formalizando micro e médios empresários, Dilma começou o debate perguntando para Aécio qual é a posição do candidato sobre a lei do Simples Nacional, programa que unifica o pagamento de oito tributos cobrados pela União, estados e municípios das micro e pequenas empresas. Aécio respondeu que a proposta de governo dele visa ampliar o Simples e apresentar propostas para gerar mais empregos no Brasil. ;A nossa relação com o Simples é a mesma de quando o criamos, no governo FHC;.

[SAIBAMAIS]Aécio citou o alarmante número de homicídios ocorridos no Brasil e questionou Dilma sobre os investimentos no combate à violência e sobre o que a presidente teria errado em sua gestão para deixar a situação se agravar. Dilma respondeu que o adversário é ;muito pessimista sobre o crescimento do Brasil;. ;Se compararmos o meu governo com o governo do FHC, veremos que invisto mais que o dobro em segurança pública. (...) O Mapa da Violência mostra que de 2002 a 2012 houve um crescimento de 52% no número de homicídios em Minas Gerais, Aécio;. O tucano reagiu à alfinetada afirmando que quando governou Minas Gerais ;a violência no estado reduziu; e o estado mineiro foi o que mais investiu em segurança.

A pergunta seguinte foi de Dilma Rousseff, sobre o que o candidato do PSDB pensa sobre a flexibilização da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), se ajudava ou não os trabalhadores. Afirmou que iria ;refrescar; a memória de Aécio, ao explicar que, em 2011, o desemprego estava elevado no país. ;Seu partido colocou na pauta a flexibilização da CLT. (...) Quando Lula foi eleito, ele enterrou esse projeto de flexibilização da CLT;. Aécio retrucou: ;Fui deputado Constituinte muito novo e participei da elaboração do capítulo sobre os direitos dos trabalhadores. (...) Vamos debater o presente, candidata, vamos falar de propostas para o futuro;, disse. Os candidatos falaram, ainda no primeiro bloco, sobre inflação. Aécio questionou a petista sobre os índices ruins da economia brasileira, afirmando que, para a presidente da República, o país não tinha inflação. Dilma respondeu: ;Vocês jogam pelo quanto pior, melhor. A inflação está controlada, sim;.

Um dos temas mais sensíveis durante toda a disputa pelo Planalto voltou ao centro do debate. Aécio questionou a adversária, assim como em outros debates, sobre os desvios na Petrobras e se o tesoureiro do PT ficaria no partido. ;A senhora já não acha mais que houve desvios na Petrobras;, disse Aécio. ;O senhor confia naqueles do seu partido que, segundo as mesmas fontes, receberam recursos para acabar com a CPI?", devolveu Dilma. ;Onde estão os corruptos da Pasta Rosa, dos Trens e do Metrô? Todos soltos. (...) Eu investigo tudo, Aécio. Eu não engavetei 217 processos, candidato. É isso que não pode ocorrer no Brasil", alfinetou a presidenciável sobre escândalos da Era FHC.

No segundo bloco, Aécio voltou a questionar Dilma sobre a Petrobras, não apenas sobre denúncias de corrupção, mas sobre como seria a partir de agora a gestão da estatal. Dilma respondeu: ;Vocês venderam as ações da Petrobras a preço de banana. Vocês não têm a menor moral para falar sobre a Petrobras;, afirmou;. A candidata do PT afirmou também que ;algo muito importante; estaria acontecendo no país, já que, ao contrário do que pensava o PSDB, o atual governo conseguiu estrutura para explorar o pré-sal. ;Hoje, o pré-sal gera 500 mil barris por dia, algo que o Brasil levou, antes de nós, 30 anos para extrair. (...) O senhor (Aécio) disse pensar que em algum momento privatizaria a Petrobras. Temos isso registrado. Em qual momento será?;, questionou. Aécio rebateu a candidata dizendo que a Petrobras teve seu valor desvalorizado nos últimos anos. ;A candidata diz hoje a todos os brasileiros que a Petrobras vai muito bem. Não vai, não;.

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Outro questionamento de Dilma foi sobre o combate ao crime organizado. A candidata ressaltou que seu programa de governo visa mudar a Constituição Brasileira, para que a União possa trabalhar com os estados no combate ao crime organizado. A presidenciável também ressaltou que, durante sua gestão, teve experiências satisfatórias, inclusive no estado de Minas Gerais. Aécio rebateu afirmando que a Polícia Federal amarga o pior orçamento dos últimos cinco anos. ;A senhora fala dos centros integrados, mas, por que retirou a PF e a PRF deles depois da Copa?", cobrou Aécio. Aécio se dirigiu aos funcionários dos bancos públicos e disse que eles seriam fortalecidos durante o seu governo, caso ele seja eleito. A resposta foi dada após Dilma afirmar que ouviu Armínio Fraga ; possível indicado de Aécio para Ministro da Fazenda ; que iria diminuir o papel dos bancos públicos.

O terceiro bloco do debate teve início com o tema educação. A candidata Dilma Rousseff ressaltou programas como o Pronatec e Prouni, e Aécio enfatizou a necessidade de criar mais creches no país. Em resposta, Dilma voltou na questão da importância de se investir no ensino superior e disse: ;Os senhores sucatearam o ensino superior no Brasil (...). Vocês foram contra o Prouni, que levou 1 milhão de estudantes pobres para as universidades;. O candidato Aécio Neves rebateu: ;Quero fundar a nova escola brasileira (...). Vamos construir as creches que a candidata Dilma não entregou;.

Ainda no terceiro bloco do debate, Aécio acusou o governo de Dilma de atrasar a entrega de obras. ;As obras no seu governo não terminam nunca;, afirmou. Dilma respondeu: ;Nós concluímos a ferrovia norte-sul, a usina de Belo Monte (...) e a integração do São Francisco está em pleno vigor (...) Fiz em quatro anos o que vocês fizeram em oito;.

"Dois projetos estão em jogo: um garantiu avanços para todos, outro levou o povo ao arrocho salarial e desemprego", disse a presidente Dilma nas considerações finais. A petista prometeu não deixar que "nada neste mundo" tire dos brasileiros as conquistas dos últimos anos. Aécio também vê dois projetos, mas os interpreta de maneira diferente de Dilma: "Um se contenta em comparar o presente com o passado, e o nosso pensa no futuro desse país", comparou, prometendo conduzir com "altivez e responsabilidade" as mudanças necessárias.

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