postado em 21/10/2014 06:05
Mesmo fora da disputa do segundo turno, o governador Agnelo Queiroz (PT) pode ser decisivo no próximo domingo, quando será definido seu substituto no Palácio do Buriti. Afinal, o petista ficou em terceiro lugar na corrida eleitoral do turno anterior, com 307,5 mil votos ; ou 20,07%. A grande questão é que, até agora, a menos de uma semana da votação, nenhum dos dois concorrentes voltou a atenção especial para esse eleitorado. Ao contrário, as estratégias de Rodrigo Rollemberg (PSB) e Jofran Frejat (PR) vão em sentido inverso: ambos insistem em criticar o atual governador e tentam atribuir ao adversário ligação com a atual administração. O PT declarou neutralidade no segundo turno, mas líderes do partido têm se mostrado desconfortáveis com as agressões e o desdém demonstrado ao governador, à sigla e aos seus militantes. Em entrevista ao Correio, o próprio Agnelo revelou que votará nulo para o governo local.
Os petistas, que já elegeram dois governadores desde que o DF adquiriu autonomia política (Cristovam Buarque, hoje no PDT, em 1994; e Agnelo Queiroz, em 2010), vivem situação atípica. Nos últmos 20 anos, a única vez que o partido não teve um representante na disputa final foi em 2006, quando José Roberto Arruda (então no PFL, hoje DEM) venceu a disputa no primeiro turno.
Em 2014, a tendência natural seria de migração dos eleitores para o PSB, de Rollemberg. Afinal, os dois partidos são aliados históricos nos âmbitos local e federal. O próprio senador foi eleito na mesma aliança que levou Agnelo ao Palácio do Buriti em 2010. No entanto, a transferência de eleitores vermelhos para o pessebista tornou-se incerta. Primeiro, porque Rollemberg deixou a base de Agnelo em 2012. Depois, porque atacou dura e diretamente a gestão atual do Buriti ao longo do primeiro turno, quando disputava as intenções de votos com o governador. Por fim, o parlamentar se distanciou dos petistas ao declarar apoio ao tucano Aécio Neves, que disputa com Dilma Rousseff (PR) o Palácio do Planalto.
"O Rollemberg é um traidor. É assim que o consideramos. Ele foi eleito em 2010 graças à aliança com os petistas. Depois, abandonou o governo para tratar da sua candidatura. Mas a gota d;água para nós foi a declaração de apoio dele ao Aécio. Não tem como um petista votar nele", desabafa o presidente local do PT, deputado federal Roberto Policarpo. Um dos nomes mais conhecidos da sigla, o distrital reeleito Chico Vigilante acrescenta tempero ao molho. "Como se não bastasse ter atacado tanto o governo no primeiro turno, o Rodrigo, agora, dá essa guinada para a direita, declarando apoio ao Aécio e hostilizando a presidente Dilma, a qual ele apoiou até o ano passado", reforça o parlamentar.
O coordenador da campanha de Rollemberg, Hélio Doyle, não concorda com a tese de traição alegada pelos petistas. "Uma aliança política não é necessariamente feita para sempre, como se fosse um casamento juramentado na igreja. Se não existem motivos para continuar em frente, o acordo pode ser encerrado e cada qual procurar um novo caminho", opina.
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