postado em 21/10/2014 08:01
Estratégico tanto para Dilma Rousseff (PT) quanto para Aécio Neves (PSDB) por concentrar 22,4% do eleitorado, São Paulo está no centro das duas campanhas presidenciais nesta reta final do segundo turno. Enquanto o tucano tenta ampliar a vantagem que lhe assegurou a vitória no estado, com mais de 10,1 milhões de votos, a petista luta para reverter o quadro ; no primeiro turno, ela foi indicada por 5,9 milhões de eleitores paulistas. No centro do duelo dos dois presidenciáveis, está a crise de abastecimento de água que se arrasta há 10 meses no estado e prejudica a rotina dos eleitores. Ontem, Aécio disse que ;talvez o que tenha faltado seja uma maior parceria do governo federal; e fez críticas à Agência Nacional de Águas (ANA). Dilma contestou as declarações e colocou os problemas hídricos no estado na conta do governador Geraldo Alckmin (PSDB).Ataques à gestão tucana
Candidata à reeleição, a presidente Dilma Rousseff (PT) disse que causa ;estranheza; a tentativa do adversário do PSDB, Aécio Neves, de atribuir ao governo federal a culpa pela crise hídrica em São Paulo. Em campanha na capital paulista, a petista afirmou que o governador do estado, Geraldo Alckmin (PSDB), não quis ajuda federal em obras emergenciais. ;Olharemos com grande estranheza qualquer tentativa de transferir a responsabilidade para o governo federal. Não acredito que as estruturas do governo do estado podem atribuir a nós qualquer responsabilidade, ou qualquer omissão de ajuda. Nós ajudamos em todas as circunstâncias;, declarou a presidente.
Segundo Dilma, Alckmin tratou o problema em ;alto nível;, mas não considerou uma questão ;emergencial;. ;Lamento o que aconteceu com a questão da água. Venho olhando essa questão desde fevereiro. Procurei o governador Alckmin e falei que as nossas avaliações indicavam forte seca no Sudeste, e que duraria um período significativo. A água é atribuição dos governos estaduais;, alegou. Segundo a presidente, o governador tucano apresentou uma única proposta: a transposição de água do Rio Paraíba do Sul. As obras, no entanto, serão feitas a longo prazo.
A declaração de Dilma foi dada uma hora depois de Aécio Neves dizer, em Caeté (MG), que ;talvez o que tenha faltado; fosse uma parceria do governo federal com a gestão de São Paulo. ;Meu governo não vai terceirizar responsabilidades, vai assumir as suas e agir em parceria;, disse.
Palanque duplo
Pela manhã, Dilma participou de duas carreatas no Rio de Janeiro. Em uma delas, estava ao lado do governador candidato à reeleição Luiz Fernando Pezão (PMDB). Na outra, desfilou com o adversário de Pezão, Marcelo Crivella (PRB). Ao lado ex-ministro da Pesca, a presidente fez críticas indiretas a Aécio Neves e disse que não pensa só ;em banqueiros e no lucro;. Já na entrevista coletiva em São Paulo, a presidente afirmou que foi ;extremamente generosa; ao elogiar Aécio Neves no passado. Trechos de uma entrevista de 2009 em que Dilma diz que o tucano é ;um dos melhores governadores do Brasil;, entre outros elogios, vêm sendo utilizados em propagandas do tucano. ;Eu era generosa, muito generosa. Eu diria excessivamente generosa. Eu fiquei bastante crítica porque a gente conhece as pessoas. Acaba conhecendo, infelizmente;, disse. (Felipe Seffrin)
Ofensiva contra a inflação
Em crítica clara ao aparelhamento do Estado pelo PT, o candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, assumiu o discurso da aliada Marina Silva (PSB) e afirmou que, se eleito, buscará ;os melhores brasileiros, e não os aliados; para compor o governo. Em campanha pela primeira vez em Minas Gerais no segundo turno, ele esteve no Santuário de Nossa Senhora da Piedade, em Caeté, região metropolitana de Belo Horizonte, onde também prometeu ;decretar guerra à inflação; e pôr fim ao governo do PT, que, segundo ele, deixa a crise econômica como ;herança perversa;.
;Minha proposta é uma proposta corajosa de colocar fim a este ciclo de governo que aí está, que nos deixará como herança perversa um quadro econômico extremamente grave, os indicadores sociais deixando de melhorar, para iniciarmos um novo ciclo generoso. É um projeto que vai buscar nos melhores brasileiros, e não nos aliados, os quadros para governar o país;, afirmou.
Aécio Neves afirmou ainda que responderá às acusações do PT ; ;não aceitarei a infâmia, a mentira, a calúnia, a deturpação, obviamente elas serão sempre respondidas; ; e criticou a tentativa de o partido rival atribuir a falta de água em São Paulo à gestão do governador reeleito Geraldo Alckmin (PSDB).
Segundo Aécio, apesar de a questão ter sido bastante debatida na campanha paulista, Alckmin venceu as eleições. ;Estamos tendo a maior estiagem dos últimos 80 anos;, disse, parabenizando o governador por dar um bônus para quem economizar água. ;Talvez o que tenha faltado seja uma parceria com o governo federal;, completou. Para Aécio, se ;a Agência Nacional de Águas (ANA), criada no governo Fernando Henrique, não tivesse servido a outros fins, com critérios para se ocupar cargos de diretoria da ANA, ela poderia ter sido uma parceira maior do governador.;
Momento de fé
Ontem, ele repetiu ato do início da campanha, quando foi ao Santuário de Nossa Senhora da Piedade pedir bênçãos para enfrentar a corrida presidencial. ;Que Nossa Senhora da Piedade, padroeira de Minas, me dê forças e capacidade para vencer as eleições e, mais do que isso, enfrentar os desafios pela frente;, afirmou o senador, que não considerou o momento um ato de campanha. ;Saio daqui energizado para enfrentar os desafios.;
O candidato participou de missa celebrada pelos padres Fernando César e Carlos Antônio, reitor e pró-reitor do santuário, respectivamente. Aécio se ajoelhou diante do altar e rezou aos pés da santa. Logo depois do ritual, ele partiu para evento em Belém. (Flávia Ayer)