Eleições 2014

Eleitores indecisos reclamam dos ataques entre candidatos e sentem falta de propostas

Pesquisa indica que 7% do eleitorado do DF, o correspondente a 125 mil pessoas, não sabe em quem votar para governador no domingo. Campanhas de Frejat e de Rollemberg rebatem argumentos usados por aqueles que continuam sem candidato

Isa Stacciarini
postado em 24/10/2014 08:01

A dois dias do segundo turno, uma parcela significativa dos brasilienses ainda não definiu em quem votar para governador. Divulgada ontem, a mais nova pesquisa Datafolha indica a existência de 7% de indecisos no eleitorado da capital, dois pontos percentuais abaixo do índice de 9% registrado pelo levantamento do Ibope, em 21 de outubro. São aproximadamente 125 mil pessoas sem uma definição para a eleição de domingo.

Quem ainda não se decidiu entre as candidaturas de Rodrigo Rollemberg (PSB) e Jofran Frejat (PR) elenca razões para o impasse. Alguns cidadãos não se identificam com as propostas apresentadas ou são céticos em relação ao cumprimento das promessas de campanha. Outros reclamam da virulência dos ataques trocados pelos candidatos ao Buriti e se ressentem da falta de uma discussão mais aprofundada acerca das ideias para a gestão pública.

Diante do acirramento da concorrência entre Frejat e Rollemberg na reta final da corrida sucessória, a diferença de votos capaz de consagrar a vitória de um ou de outro candidato no domingo pode ser menor que a proporção de indecisos estimada nas pesquisas. A fim de entender as razões para a indefinição pessoal dessa fatia dos eleitores, o Correio percorreu quatro regiões administrativas na manhã de ontem ; Ceilândia, Taguatinga, Guará e Sudoeste ; e ouviu moradores que ainda não sabem em quem votar para governador.

Na Feira Central de Ceilândia a vendedora Eliziane Pereira, 20 anos, reconhece que ainda não escolheu o candidato a suceder Agnelo Queiroz no Palácio do Buriti em janeiro. Para a jovem moradora de Ceilândia Sul, faltam propostas. ;Um político só fica falando mal do outro na televisão, e os dois se esquecem de focar neles mesmos. A gente não está vendo proposta e nem sequer sabe direito o que querem mudar em Brasília;, avalia.



Em outra banca, Marcos Mota, 27 anos, também alimenta dúvidas. Ele reclama da suposta proximidade de Rollemberg com o governador Agnelo e não crê na viabilidade da passagem de ônibus a R$ 1, proposta por Frejat. ;A gente não sabe se, no fim, deixa o mesmo governo no poder, pois não tem certeza se Rollemberg está com Agnelo. Também penso se o IPVA vai aumentar por causa da tarifa de R$ 1. De onde ele (Frejat) vai tirar o dinheiro para o resto da passagem?;, questiona o comerciante.

Quem chegar ao domingo sem se definir por Rollemberg ou Frejat poderá optar por votar nulo ou em branco. No primeiro turno, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-DF) registrou 61.807 votos brancos (3,69%) e 80.830 nulos (4,83%). O pesquisador da Universidade de Brasília (UnB) e doutor em ciência política Leandro Rodrigues lembra que, no segundo turno, a escolha pelo voto nulo ou branco pode ser resultado de repulsa ao sistema político-eleitoral, rejeição aos candidatos ou indecisão.

Entre os que ainda não tomaram um rumo na disputa podem estar os eleitores do governador Agnelo Queiroz (PT) e de Toninho do PSol, que pregam neutralidade no segundo turno. Juntos, esses eleitores somam R$ 350 mil votos. ;No caso da indefinição, o eleitor pode concluir que não vale a pena decidir e, por isso, prefere anular ou votar em branco. Por outro lado, recorrer a essas opções pode ser por uma revolta diante de todo o sistema. Há também possibilidade de o voto branco ou nulo ser uma escolha extremamente consciente da pessoa que não quer declarar apoio a nenhum dos candidatos;, detalha o especialista.

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