postado em 26/10/2014 05:44
No momento em que o resultado das eleições presidenciais for divulgado, na noite deste domingo, uma complexa rede de negociações começará a ser tecida. Para garantir apoio político, o vencedor das urnas terá às mãos uma gama de cargos que tendem a seduzir políticos ávidos por poder, sobretudo se as cadeiras estiverem no comando de empresas estatais. Muitas dessas companhias têm orçamentos maiores do que vários ministérios, sem a obrigação de dar transparência a suas operações.Somente em nove das principais empresas públicas ; Petrobras, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Itaipu, Eletrobras, Correios, Dataprev, Serpro e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ;, 149 postos de direção e em conselhos de administração estão disponíveis para acomodar aliados políticos. Os salários mensais são tentadores: chegam a até R$ 62,4 mil, além das mordomias atreladas aos cargos, como carro particular e casa. Os escolhidos têm ainda a oportunidade de atrair para o seu entorno uma horda de protegidos, uma vez que as companhias dispõem de cargos de livre provimento ; a maioria deles de assessores especiais.
Esse aparelhamento, dizem os especialistas, prejudica a credibilidade das estatais, na medida em que o governo age em seu próprio benefício, ou no de aliados políticos, em detrimento das melhores decisões para a empresa. ;É uma forma de sequestro do interesse público para fins privados e um sinal de problemas gravíssimos de governança. Não é ético, não é certo ter um acionista direcionando a companhia para assuntos de sua conveniência. Isso derruba a confiança dos investidores;, diz a professora Carmem Migueles, especialista em gestão da Fundação Getulio Vargas (FGV).
Sócia majoritária, a União tem, por lei, o direito de indicar a diretoria e grande parte dos conselhos de administração e fiscal das estatais. Em vários casos, postos estratégicos dos conselhos são ocupados por ministros, como forma de engordarem os contracheques. Aos acionistas minoritários das companhias cabe, geralmente, a indicação de um representante, sendo o mesmo aplicado aos empregados.
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