Eleições 2014

Apoios conquistados pelo PSDB foram decisivos para arrancada na fase final

Candidato do PSDB conseguiu apoios importantes logo depois da primeira fase de campanha, como os de Marina Silva e Renata Campos

Paulo de Tarso Lyra
postado em 26/10/2014 07:55
Aécio Neves, o primeiro candidato do PSDB à Presidência desde a redemocratização que não construiu a carreira política em São Paulo, chega hoje às urnas na expectativa de ser também o primeiro, desde Fernando Henrique Cardoso, a derrotar o PT em uma disputa presidencial. A caminhada não foi fácil, mas a arrancada que deu na reta final do primeiro turno, atropelando a candidatura de Marina Silva (PSB) e chegando a liderar as pesquisas nas últimas semanas, o credenciam como o tucano mais competitivo na corrida presidencial desde 1998, quando Fernando Henrique Cardoso derrotou Luiz Inácio Lula da Silva, reelegendo-se para mais quatro anos de mandato.

Os próprios tucanos admitem, contudo, que é impossível falar deste momento final sem lembrar o instante em que, ainda no primeiro turno, Aécio aparecia com parcos 15% das intenções de voto. ;Muitas pessoas já estavam desistindo. Lembro bem que fui conversar com ele e o vi com o mesmo ímpeto e disposição para continuar apresentando nossas ideias e propostas. Foi ali que entendi que as chances de chegarmos até hoje com possibilidade de êxito eram reais;, disse o líder do PSDB na Câmara, Antonio Imbassahy (BA).

Essa foi a mesma impressão sentida pelo coordenador-geral da campanha, José Agripino Maia (DEM-RN). ;Aécio manteve-se altivo e impassível. Foi ele quem passou energia para os auxiliares para mantermos a nossa caminhada, confiantes de que os esforços não seriam em vão;, completou Agripino. Outros integrantes da campanha tucana ouvidos pelo Correio lembram de Aécio ligando para os estados, planejando as viagens, os atos de campanha, certo de que estaria no segundo turno contra Dilma Rousseff.

Ultrapassagem e confiança
Ele ultrapassou Marina a três dias do término do primeiro turno. No início do segundo, ainda embalado pela onda de confiança, apareceu à frente de Dilma Rousseff nas pesquisas de intenção de voto. Embora os principais institutos Datafolha e Ibope apontassem um empate técnico, o nome dele surgia à frente da adversária. A primeira semana foi plena para a campanha do PSDB.

Alianças prováveis e outras inesperadas somaram-se à campanha tucana. Pop star nas redes sociais durante o primeiro turno, Eduardo Jorge (PV) anunciou apoio a Aécio, mesmo caminho seguido por Pastor Everaldo (PSC) ; este mais previsível ; e Eymael (PSDC). Começava a costura mais delicada: trazer Marina Silva para o lado classificado por eles como ;a hora da mudança;.

Os acertos e as conversas foram tensos. O PSB reuniu a executiva nacional e decidiu apoiar o candidato de oposição ao Planalto. O PPS e outras legendas nanicas que estavam inicialmente com Eduardo Campos e posteriormente com Marina Silva seguiram o mesmo caminho. A Rede Sustentabilidade, partido ainda não criado pela ex-ministra do Meio Ambiente, dividiu-se: parte queria a neutralidade, parte defendia a aliança com o PSB. ;Por duas razões básicas. A primeira, porque a alternância de poder é salutar. A segunda, pela consciência de que o PT na oposição seria um bom fiscal dos atos do governo do PSDB;, disse ao Correio André Lima, um dos mais próximos aliados de Marina na criação da Rede e candidato derrotado na corrida por uma vaga de deputado federal por Brasília.

As exigências e os acordos
Marina e a Rede fizeram uma lista de exigências para o acordo. Interlocutores de lado a lado entraram em campo. Os dois principais? Aloysio Nunes Ferreira, vice de Aécio, e Walter Feldmann, coordenador da campanha presidencial de Marina Silva. O ex-presidente Fernando Henrique também participou das conversas. Quando FHC estava doente, Marina fez uma visita de cortesia a ele, repleta de discussões políticas. A aliança estava encaminhada, não sacramentada.

Aécio acatou a maior parte dos pedidos de Marina. Bateu pé na maioridade penal, bandeira de Aloysio Nunes. Viajou ao Recife para receber apoio da família de Eduardo Campos. Simbolismo político para unir-se aos herdeiros do ex-governador de Pernambuco, morto em 13 de agosto após um acidente aéreo em Santos (SP). Era um sábado. No domingo pela manhã, em São Paulo, Marina anunciou o apoio formal ao tucano.

Vieram os debates na televisão, a campanha tornou-se mais quente. O tom subiu dos dois lados, nas redes sociais, nas caminhadas, nos discursos, nas entrevistas. A disputa mais acirrada da história recente da democracia brasileira atiçou o ânimo de petistas e tucanos. A ponto de o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) precisar dar um basta e exigir que os candidatos se comportassem de maneira mais adequada. ;Estamos, sem dúvida, na mais dura batalha desta nossa curta história de redemocratização;, apontou o presidente do PSDB paulista, deputado federal Duarte Nogueira.

O presidenciável mineiro chega neste domingo com o discurso afinado de defesa da ética, ancorado nas denúncias de superfaturamento e desvios de recursos da Petrobras para caixa 2 de campanha. Traz também na ponta da língua as críticas à política econômica do PT ao longo dos últimos 12 anos, a inflação que extrapolou o teto da meta, o Produto Interno Bruto (PIB) pífio dos últimos quatro anos. E a defesa da meritocracia, diante do aparelhamento do estado brasileiro pelos ;companheiros petistas;.

A aposta do candidato do PSDB é a mesma do primeiro turno: a arrancada final para conseguir eleger-se presidente hoje à noite e assumir o país no dia 1; de janeiro de 2015.

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