Eleições 2014

Especialistas destacam a necessidade de diálogo do governo com os divergentes

Isso pode ser facilitado pelo resultado apertado das urnas. Em vitórias mais expressivas, os governantes tendem a conversar menos com a oposição

Paulo de Tarso Lyra
postado em 27/10/2014 06:04
O resultado apertado na disputa pelo Palácio do Planalto obrigará a presidente Dilma Rousseff, na visão de especialistas ouvidos pelo Correio, a exercitar uma ferramenta política que ela deixou de lado ao longo dos quatro primeiros anos de mandato: a capacidade de dialogar com os divergentes. De acordo com o professor Cesar Romero, da PUC-RJ, isso pode ser facilitado justamente pela margem mínima de êxito da petista. ;Quando as vitórias são mais expressivas, os governantes tendem a achar que não precisam dialogar com a oposição;, afirmou.

Romero aponta que, nesse caso, quem deve lançar as pontes para esse diálogo é a presidente Dilma. ;A oposição não pode dar esse passo inicial para não parecer adesão;, ponderou o cientista político. ;Mas é bom lembrar que, no início do governo Lula, o PSDB foi fundamental para ajudar na aprovação da Reforma da Previdência.; Ele acredita que o fato de o PT paulista ter saído derrotado das eleições e Fernando Pimentel, em Minas, ter sido eleito governador e ter garantido uma expressiva vitória a Dilma nos dois turnos, pode transferir o eixo de poder petista e facilitar o entendimento com a oposição. ;Petistas e tucanos disputam um fla-flu em São Paulo que torna impossível qualquer conversa civilizada;, disse.

Para o professor da escola de negócios Insper Carlos Melo, a presidente Dilma e o PT devem ter um entendimento claro quanto ao resultado expressado nas urnas neste domingo. E não concentrar-se apenas nos 48% que votaram contra o governo e a favor da mudança. ;Dentro destes 52% que reelegeram a presidente, também há um grupo considerável de críticos. Muitos votaram na presidente sem considerar excepcional o governo dela ao longo dos últimos quatro anos;, completou Melo.

Apesar de considerar corretas as primeiras palavras de Dilma no pronunciamento feito na noite de ontem em um hotel da cidade, logo após a confirmação da vitória pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ele esperava gestos mais enfáticos em direção ao futuro. Melo admite que a citação ao nome de Aécio durante o pronunciamento poderia gerar vaias na plateia, mas achava que ela poderia, no momento em que defendeu a união e o diálogo, ter dito pelo menos a expressão ;meu adversário;.

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