Flávia Maia
postado em 27/10/2014 08:03
Ao contrário do que aconteceu no primeiro turno, quando Rodrigo Rollemberg (PSB) ganhou em 20 das 21 zonas eleitorais do Distrito Federal, no segundo, o candidato eleito não manteve a mesma vantagem e perdeu nas urnas que correspondem a nove regiões administrativas. Entre elas, zonas que correspondem às populosas cidades de Ceilândia e de Samambaia. Isso coloca em xeque uma das principais apostas do socialista, que é a de fazer eleições diretas para as administrações regionais. Segundo especialistas ouvidos pelo Correio, se não for bem regulamentado, o projeto pode virar um tiro no pé do governo que começa em 2015.Com eleição direta, Rollemberg corre o risco de eleger gestores contrários a ele, principalmente em regiões mais afastadas da área central do DF, onde o concorrente Jofran Frejat (PR) ganhou. Além de Ceilândia e de Samambaia, Frejat saiu vitorioso em Planaltina, no Gama, em Brazlândia e no Recanto das Emas. Rollemberg teve votação expressiva principalmente no Plano Piloto ; na Asa Norte e na Vila Planalto, que correspondem a uma zona, ganhou com 80,42%; e no Cruzeiro, Sudoeste e Octogonal, com 76,24%.
Segundo especialistas, o problema das eleições para administradores regionais não está em como operacionalizar a votação, mas, sim, uma possível dificuldade para governar por parte de Rollemberg. ;Não há dúvida de que a comunidade deve participar da escolha do administrador, mas temos de saber de que forma isso vai ser regulamentado porque o Rollemberg não pode mudar o modelo político do DF, que é uma unidade administrativa, não um estado com prefeituras;, analisa João Paulo Peixoto, cientista político da Universidade de Brasília (UnB).
;Essa situação pode trazer um problema de governança, que pode atrapalhar a unidade do DF e a própria população. Por exemplo, uma cidade como Planaltina, onde Frejat ganhou, elege um administrador com outra orientação política. O governador diz que as prioridades para a região são transporte e segurança, por exemplo, mas o gestor local diz que não. Esse administrador vai ter legitimidade para questionar porque foi eleito por aquela comunidade. Vai gerar um impasse para o governo;, alerta José Matias-Pereira, professor de administração pública da UnB.
Controle
A diferença socioeconômica das regiões também deve pesar no funcionamento da proposta de Rollemberg, assim como qual será o papel do administrador regional como gestor e quais as suas competências e atribuições. Por isso, para o cientista político João Paulo Peixoto, a matéria de consulta direta para escolha do administrador precisa ser bem-disciplinada para evitar distorções. ;No Distrito Federal, o governador tem um controle grande das regiões administrativas. De que adianta eleger um administrador sem autonomia e sem orçamento?;, questiona.
O professor José Matias-Pereira defende que um caminho para tornar viável o projeto de Rollemberg seria o DF seguir o modelo de Columbia, nos Estados Unidos, onde fica a capital daquele país, Washington. ;Hoje, o DF é uma unidade administrativa. Poderia deixar só o núcleo do Plano Piloto como unidade administrativa e transformar o restante em estado e criar municípios autônomos;, sugeriu.
Apoio a Rollemberg
Guará
É a sexta maior zona eleitoral do DF, com 113.298 eleitores e 420 seções. Em uma faculdade da região, o estudante Arthur Araújo Barros, 22 anos, escolheu Rodrigo Rollemberg como governador. Além de se identificar com os ideais do socialista, o aluno de educação física acredita que o candidato do PSB tem intenções propositivas. ;Acredito que ele seja um bom nome para administrar o Distrito Federal e tenha boas intenções para fortalecer o esporte em Brasília;, explicou.
Samambaia
Em Samambaia, o microempresário Robson Carneiro, 38 anos, optou por Rollemberg por acreditar no melhor para o desenvolvimento do Distrito Federal. Ele levou a filha Fernanda Carneiro, 2 anos, para participar do momento. ;Votei em Rollemberg e espero que ele cumpra todas as promessas que fez durante a campanha. Não dá para continuar com o que está aí, e o país precisa confiar na mudança com trabalho e dignidade;, disse.
Asa Sul
Em um colégio da rede pública na 602 Sul, a servidora Lúcia Almeida, 55 anos, vestiu as cores verde e amarelo para se dirigir à urna. Envolvida na Bandeira do Brasil, ela confessou a escolha por Rodrigo Rollemberg por causa do discurso e das propostas ao longo da campanha. ;Optei por digitar o número 40 pelo que vi e ouvi dele nos programas eleitorais. Foi o candidato que eu mais me identifiquei porque não acredito nas ideias do adversário. Antes de tudo, precisamos torcer para o Brasil;, afirmou.
Apoio a Frejat
Águas Claras
Na maior zona eleitoral do DF, com 127.357 eleitores e 448 seções, Domingos Bazzo Neto, 36 anos, e Erika Alves Tozetti, 31, vestiram as cores do Brasil. O casal levou o filho Eduardo Tozetti Bazzo, 2, para participar do pleito. O empresário e a designer de interiores não esconderam a vontade de mudança. A opção de ambos foi por Jofran Frejat. ;A nossa escolha foi em Jofran porque, entre ele e Rodrigo Rollemberg, Frejat representa a força e a vontade. Já foi deputado três vezes, secretário de Saúde e tem experiência;, destacou Domingos.
Ceilândia
Na cidade com a maior seção eleitoral, Maria Brilhante de Arantes, 74 anos, não é mais obrigada a votar, mas fez questão de exercer a cidadania em uma escola pública de Ceilândia. A aposentada decidiu por Frejat (PR) nas urnas. ;Tenho prazer de dar o meu voto e não deixo de vir para eleger os representantes do país. Escolhi Jofran Frejat porque acho que ele trabalhou muito bem quando era secretário de saúde. Os hospitais eram bons, e eu gostava do serviço de atendimento aos pacientes;, esclareceu.
Samambaia
A região é considerada a quarta maior zona eleitoral do DF, com 116.769 votantes e 389 seções. Samambaia perde apenas para Águas Claras, Gama e Planaltina. Em um colégio da rede pública, Clarice Maria Pereira, 61 anos, votou em Jofran Frejat. A aposentada explicou o motivo: ;Ele é um homem de caráter e conhece bem Brasília, desde quando era secretário de Saúde. Identifico-me com ele e com as propostas para o DF;.