Eleições 2014

TSE registra 1052 irregularidades em votação do segundo turno em todo o Brasil

Ao todo, 451 pessoas foram presas e um homem acabou assassinado dentro de zona eleitoral no Rio Grande do Norte

Eduardo Militão
postado em 27/10/2014 09:29
A boca de urna e a propaganda eleitoral foram responsáveis por 67% das ocorrências das 1.052 irregularidades registradas no segundo turno das eleições. Houve 451 prisões. Entre elas, a da deputada federal eleita Cristiane Brasil (PTB-RJ), filha de Roberto Jefferson, delator do esquema do mensalão. Um homem foi assassinado no Rio Grande do Norte na fila de votação. Uma urna foi incendiada em Minas Gerais, e outra teve o número 3 colado para evitar o voto no PT em Goiás. Foram registrados 11 casos de corrupção eleitoral em todo o país, principalmente compra de votos. Dois resultaram em prisões. Ao todo, 428.894 urnas foram usadas, apenas 0,75% quebraram.

As autoridades consideraram as eleições tranquilas, tendo em vista a quantidade de eleitores: 142 milhões. ;Essas eleições foram extremamente disputadas e acirradas, mas o povo, o conjunto dos cidadãos, levou esse debate de forma civilizada;, disse o presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, em entrevista ao lado do colega que preside o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Dias Toffoli, que classificou as eleições como ;as mais tranquilas dos últimos tempos;.

Em Minas, urna foi incendiada: protesto contra demora na aposentadoria

No Rio de Janeiro, Cristiane Brasil foi detida sob a acusação de fazer boca de urna para o candidato à Presidência Aécio Neves. Ela foi parar na delegacia, mas negou ter cometido qualquer ilícito. ;Fui votar no bairro onde moro há anos, encontrei duas pessoas amigas no caminho e fomos abordados pela polícia;, afirmou, em nota. ;Meus amigos deixaram imediatamente suas bandeiras e, mesmo assim, nos dirigimos pacificamente à delegacia para esclarecimentos.; No estado, o Exército reforçou a segurança no Complexo da Maré. Tanques blindados, veículos militares, soldados e fuzileiros navais rondaram as 10 comunidades da região.

Tiros e fogo

Em Mossoró (RN), a presença de forças federais não impediu um assassinato. Um jovem de 20 anos foi morto a tiros quando estava na fila de votação. Robson Diego de Moura Soares estava em uma escola do bairro Barrocas quando o criminoso se aproximou e atirou. Segundo uma testemunha, ele tentou fugir para uma sala de aula, mas foi alvejado novamente. O presidente do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) no Rio Grande do Norte, Virgílio Macêdo, disse que a morte tem relação com o tráfico de drogas.

Em Goiás, um eleitor de Formosa passou cola no número 3 da urna, o que impediria os eleitores de votar em Dilma Rousseff. Na capital, um eleitor petista foi agredido, de acordo com o deputado estadual Mauro Rubem (PT). ;Esses trogloditas não aceitam a democracia;, reclamou o político.



Em Minas Gerais, o pedreiro João Milton Pereira, 42 anos, jogou gasolina em uma urna eletrônica em uma seção de Porteirinha. Ele foi preso em flagrante e justificou o atentado como revolta pelo atraso em seu processo de aposentadoria. Conforme testemunhas, o pedreiro chegou à seção eleitoral e realizou normalmente o procedimento de conferência do título de eleitor e do documento de identidade. Quando estava dentro da cabine de votação, derramou gasolina na urna e ateou fogo. João Milton carregou o combustível num frasco de desodorante de 90ml e numa embalagem de refrigerante de 200ml, escondidos no bolso. O fogo foi apagado pelos próprios mesários. (Colaboraram Luiz Ribeiro, Marcello Oliveira e Clarisse Souza)

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