Agência France-Presse
postado em 23/08/2012 14:56
Nova York- O presidente Barack Obama e seu adversário nas eleições de novembro, Mitt Romney, são retratados de maneira muito negativa na imprensa de seu país, mais do que em qualquer campanha recente, segundo um estudo apresentado nesta quinta-feira(23/08).O trabalho do Projeto para a Excelência no Jornalismo (PEJ), do Centro de Pesquisas Pew, de Washington, indica que 72% das aparições do democrata Obama na imprensa ocorreram de maneira negativa, percentual quase idêntico ao do republicano Romney, que se situa nos 71%.
"O retrato nos meios de comunicação do caráter dos dois candidatos presidenciais em 2012 foi mais negativo do que em qualquer outra campanha recente, e nem o presidente Barack Obama nem o governador Mitt Romney desfrutam de uma vantagem sobre o outro", afirma o PEJ.
[SAIBAMAIS]Os índices negativos dos dois candidatos são comparáveis apenas à campanha de 2004 entre o então presidente republicano George W. Bush e seu adversário democrata John Kerry, marcada pela guerra no Iraque, segundo o PEJ, que faz este tipo de estudo desde 2000.
A pesquisa realizada este ano levou em conta 1.772 afirmações sobre os candidatos incluídas em mais de 800 matérias de 50 grandes meios de comunicação americanos, entre o final de maio e o início de agosto, ou seja, por um período de dez semanas.
"Em sua cobertura dos candidatos, os meios de comunicação americanos aparecem cada vez mais como canais de retórica partidária e menos como a fonte de informação independente que algum dia foram", assinala o diretor do PEJ, Tom Rosenstiel.
Do lado de Obama, o tema principal é o suposto fracasso de suas políticas econômicas, que ocupa 36% das opiniões sobre ele, mais do que o dobro das afirmações a seu favor sobre esta questão (16%).
Quanto a Romney, as observações negativas sobre sua personalidade se dividem entre sua imagem de abutre capitalista (14%), rico elitista (13%), candidato fraco e propenso às gafes (11%) e a ideia de que suas políticas afetarão de maneira negativa a economia do país (10%).
"O estudo mostra que a imprensa apresenta aos eleitores uma história muito negativa tanto de Obama como de Romney", explica, por sua vez, o diretor adjunto do PEJ, Mark Jurkowitz.
Outra questão que salta aos olhos no estudo é o que não se fala na cobertura da corrida eleitoral em relação às supostas qualidades de Obama e Romney.
Sobre o atual presidente, apenas 3% das afirmações sobre sus características incluem a ideia de que se preocupa com o americano comum, algo que, no entanto, é um dos grandes temas de sua campanha.
Romney não está melhor neste sentido, já que a imprensa critica mais do que apoia uma das linhas centrais de sua mensagem, sua suposta capacidade de endireitar a economia dos Estados Unidos (10% contra, 8% a favor).
O estudo destaca, além disso, que a imprensa é cada vez menos uma fonte de difusão das qualidades e dos defeitos dos candidatos, papel cada vez mais desempenhado pelos aparatos da campanha.
De fato, desde 2000, o percentual de afirmações sobre os candidatos por parte dos jornalistas caiu pela metade (de 50 a 27%), enquanto o que a opinião pública recebe a partir de suas equipes de campanha e de seus aliados aumentou de 37 a 48%.
O estudo pode ser encontrado no