Agência France-Presse
postado em 04/09/2012 14:12
Charlotte - "Vocês estão em uma posição melhor do que há quatro anos?" Os republicanos, para vencerem Barack Obama em novembro, reciclam um questionamento de Ronald Reagan contra Jimmy Carter que agitou a situação em 1980 e voltou a colocar os democratas na defensiva.Enquanto quase 6.000 delegados democratas se reúnem nesta terça-feira em Charlotte (Carolina do Norte, sudeste) para a sua Convenção Nacional, a pergunta dos conservadores parece tocar um ponto sensível. Os democratas asseguraram na segunda-feira que a resposta era sim, sem hesitação, depois de se mostrarem menos categóricos nos dias anteriores. As pesquisas mostram uma disputa acirrada entre Obama e Mitt Romney, cuja equipe tem ironizado essas flutuações.
"Aparentemente, para os 23 milhões de americanos que estão lutando para encontrar trabalho, as coisas melhoraram muito ao longo das últimas 24 horas", brincou o veterano republicano Joe Pounder. Romney construiu sua estratégia em torno da ideia de uma incompetência de Obama em assuntos econômicos. A taxa oficial de desemprego é de 8,3%, contra 7,8%, quando o presidente assumiu o cargo em 2009, em plena crise. Para 43% dos americanos, a situação econômica é "ruim", segundo o instituto Gallup. E quase dois terços dos entrevistados acreditam que ela ainda está se deteriorando.
Confrontado com estes números, de longe o pior balanço de Obama, sua equipe garantiu que a convenção de Charlotte servirá "para abordar estas questões". "Estávamos perdendo 800 mil empregos por mês, 3,5 milhões de empregos foram perdidos antes que o presidente chegasse ao poder, o setor manufatureiro diminuía e a indústria automotiva estava à beira do abismo", argumentou o porta-voz da equipe de campanha de Obama, Ben LaBolt.
[SAIBAMAIS]Uma recente pesquisa do instituto Pew mostra que 44% da classe média acredita que a crise se deve à administração republicana de George W. Bush, enquanto 34% culpam Obama. O presidente ressalta que a economia americana retomou o caminho do crescimento, mesmo que ainda não seja suficiente. Os aliados de Obama também afirmam que os republicanos, em uma posição forte no Congresso desde o início de 2011, bloquearam as medidas de estímulo. Após sua chegada ao poder, Obama promulgou a injeção de cerca de 800 bilhões de dólares na economia, uma quantidade sem precedentes.
Mas a falta de intervenção do governo tornou-se, em retrospecto, particularmente evidente no campo da assistência imobiliária e a recuperação do consumo, tradicional motor do crescimento nos Estados Unidos, não foi relevante. No entanto, a Fitch acredita que a política econômica do governo Obama provavelmente ajudou a impulsionar o crescimento de quatro pontos no conjunto dos últimos dois anos, e "contribuiu para evitar uma recessão mais longa e severa". Se Romney quer falar sobre o equilíbrio, Obama prefere falar sobre o futuro, como resumiu o seu slogan de campanha, "Forward" (para frente), um tema que ele deve retomar em seu discurso de aceitação na quinta-feira à noite em Charlotte.
E o Partido Democrata entende que o mesmo curso deve ser mantido durante o eventual segundo mandato de Obama, com aumentos de impostos para os ricos e investimentos em infraestrutura e serviços sociais, de acordo com um documento divulgado nesta terça-feira, pouco antes da abertura da convenção. "A América enfrenta uma escolha clara nesta eleição: avançar na direção de uma nação construída sobre a classe média e, onde todos têm a oportunidade de crescer, ou retornar para os mesmos equívocos que levaram à crise (econômica de 2007-2008)", afirma o programa, fazendo referência a presidência anterior do republicano George W. Bush.
O Partido Democrata confirma que vai apoiar a política fiscal, fazendo com que os americanos mais ricos e as empresas "paguem a sua parte justa", bem como os investimentos públicos em infraestrutura rodoviária e educação, preservando os sistemas de saúde e aposentadoria, populares, mas cada vez mais caros. Esta política é o inverso da promovida por Mitt Romney, que promete baixar os impostos e reduzir o papel do Estado. Mas qualquer que seja o teor do debate entre republicanos e democratas, a questão, muito concreta, do desemprego não parou de assombrar o atual presidente: os números do emprego para agosto devem ser divulgados na manhã de sexta-feira, algumas horas após seu discurso em Charlotte.