Eleições Presidenciais EUA

Barack Obama se apresenta como campeão da classe média

Agência France-Presse
postado em 07/09/2012 08:55



Carolina do Norte
- O presidente Barack Obama se apresentou nesta quinta-feira como o defensor da classe média americana contra os interesses dos mais ricos, ao aceitar a indicação do Partido Democrata para enfrentar o republicano Mitt Romney na disputa pela Casa Branca. "Aceito vossa indicação para a função de presidente dos Estados Unidos", disse Obama para milhares de partidários reunidos no Time Warner Cable Arena, iniciando um discurso baseado nos valores da classe média e do sonho americano e contra os privilégios para os mais ricos.

Obama defendeu mais impostos para quem ganha acima de 250 mil dólares por ano e desafiou os republicanos a baixar o déficit mesmo reduzindo impostos para os mais ricos. "Me recuso a concordar com isto, me recuso a pedir às famílias de classe média que paguem mais impostos, aos estudantes que paguem mais pela faculdade para reduzir impostos dos mais ricos". "Eu cortei impostos para os que precisavam, famílias de classe média, pequenas empresas, mas não acredito que reduzir os impostos (para os mais ricos), demitir professores, ajudará o nosso pais...".

O presidente lembrou que seu avô lutou na guerra enquanto sua avó trabalhava em uma fábrica em um país no qual "todos sabiam fazer parte disto", onde todos tinham uma "chance justa e agiam pelas mesmas regras". "Me candidatei porque vi esta proposta desandar, quando os empregos começaram a sair do país, quando o castelo de cartas das hipotecas imobiliárias desabou" e o desemprego cresceu.

"Os republicanos criticam mas não dizem como consertar isto, porque tudo o que têm a oferecer é a mesma receita de há 30 anos", afirmou Obama. "Eles querem seus votos, mas não querem revelar o que pretendem fazer".

[SAIBAMAIS]Após criticar a "terceirização; da indústria americana, Obama prometeu que as fábricas e os empregos vão retornar aos Estados Unidos, mas não porque os trabalhadores ganham menos, e sim porque trabalham melhor. "Nossa luta é para restaurar os valores da maior classe média e da maior economia que o mundo já conheceu".

O presidente convocou o povo americano para uma cruzada pela educação: "me ajudem a contratar 100 mil (novos) professores", reformar escolas, aumentar a capacidade e a formação do trabalhador. "Nos próximos anos, grandes decisões serão tomadas em Washington, sobre emprego, economia, impostos, déficit, energia e educação, guerra e paz; decisões que terão consequências enormes sobre nossas vidas e a dos nossos filhos no futuro".

"Em cada tema, a escolha que vocês terão diante de si não será apenas entre dois candidatos ou dois partidos. Será uma escolha entre dois caminhos diferentes para a América", afirmou Obama sobre as eleições.

"Não vou dizer que o caminho que estou oferecendo a vocês é rápido ou fácil. Eu nunca o fiz. Vocês não me elegeram para lhes dizer o que queriam ouvir. Vocês me elegeram para lhes dizer a verdade. E a verdade é que levará mais do que alguns anos para superarmos os desafios que se acumularam por décadas".

"Vencer tais desafios exigirá esforço comum, responsabilidade compartilhada e o tipo de experimentação corajosa e persistente que Franklin Roosevelt buscou durante a única crise pior do que esta". "Nossos problemas podem ser resolvidos. Podemos superar nossas dificuldades. O caminho que propomos é difícil, mas nos levará a um mundo melhor", afirmou Obama em um discurso emocionado.

O presidente lembrou que seu governo fez grandes investimentos em energias alternativas, criando milhões de empregos, e prometeu reduzir à metade a dependência dos Estados Unidos às importações de petróleo até 2020.

Obama afirmou que seu "projeto é prosseguir reduzindo a contaminação por carbono que provoca o aquecimento do nosso planeta porque a mudança climática não é um mito". "Ter cada vez mais secas, inundações e incêndios florestais não é uma brincadeira. Isto é uma ameaça para o futuro de nossos filhos".

O presidente acusou Mitt Romney de ignorar as questões internacionais: "como pode estar pronto para a diplomacia com Pequim se não consegue ir aos Jogos Olímpicos sem insultar nosso melhor aliado", disse sobre a Grã-Bretanha. Romney questionou a segurança das Olimpíadas em sua visita aos Jogos de Londres.

Obama dedicou parte do discurso para lembrar a morte do líder da Al-Qaeda, Osama bin Laden, o fim da guerra no Iraque e sua promessa de acabar com o conflito no Afeganistão. "Em um mundo de novas ameaças e novos desafios vocês podem escolher uma liderança que foi testada e venceu". "Abortamos o ímpeto dos talibãs no Afeganistão e em 2014 nossa mais longa guerra terá terminado", prometeu.

"Meu oponente e seu companheiro de chapa são novatos em temas de política externa, mas pelo que pude escutar e ver, querem nos levar de volta a uma era de fúria e erros que tanto custou aos Estados Unidos". "Não qualifique a Rússia como nosso maior inimigo no lugar da Al-Qaeda, a menos que ainda esteja na Guerra Fria", disse Obama sobre declarações de Romney.

"Deus salve a América", concluiu o presidente.

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