Eleições Presidenciais EUA

Mitt Romney se envolve em nova polêmica por comentários sobre palestinos

Agência France-Presse
postado em 18/09/2012 13:49
Washington - O candidato republicano à Presidência dos Estados Unidos, Mitt Romney, afirmou em uma reunião com doadores do partido em maio que os palestinos "não têm absolutamente interesse algum" pela paz com Israel e que se for eleito, simplesmente abandonará o tema, segundo um vídeo divulgado nesta terça-feira (18/9).

Romney já enfrenta muitas críticas por outros comentários feitos no mesmo encontro para arrecadar fundos, captados com uma câmera escondida, de que os eleitores democratas se consideram "vítimas" e acreditam que o governo "tem responsabilidade de cuidar deles, que têm direito a tratamento de saúde, a comida, casa".

A revista Mother Jones divulgou nesta terça-feira novos trechos do discurso de Romney no evento da Flórida (que teve o custo de 50.000 dólares por participante), nos quais ele fala de política internacional, particularmente sobre o conflito entre israelenses e palestinos.

As capacidades de Romney como eventual comandante-em-chefe das Forças Armadas americanas estão sendo avaliadas desde que ele foi amplamente condenado por criticar o presidente Barack Obama logo depois do ataque ao consulado dos Estados Unidos em Benghazi (Líbia), no qual morreram o embaixador e outros três funcionários americanos.

Perguntado no evento se "o problema palestino" poderia ser superado, o candidato republicano respondeu que os palestinos "não têm absolutamente interesse algum pela paz" e que "o caminho para a paz é quase impensável". Sem uma análise sobre as diferentes tendências palestinas, as observações do republicano parecem descartar a possibilidade de que os líderes palestinos desejem a paz com Israel. "Não acho que os palestinos queiram a paz (...), estando comprometidos, por razões políticas, com a destruição e a eliminação de Israel; digo que estes temas difíceis praticamente não têm solução", afirma Romney no vídeo.

[SAIBAMAIS]"Você administra as coisas da melhor maneira possível. Você espera alguma estabilidade, mas reconhece que isto continuará sendo um problema sem solução e o deixa mais para frente, à espera de que finalmente, de um modo ou de outro, aconteça algo que resolva", disse. Desde o início da campanha, Romney expressa lealdade e apoio a Israel. Ele acusa o presidente Obama de ter abandonado o aliado. No vídeo, o candidato republicano afirma que "a ideia de pressionar os israelenses para que deem algo aos palestinos em troca de alguns gestos é a pior ideia do mundo".



Romney já havia provocado a revolta dos palestinos durante uma visita a Jerusalém em julho. Os palestinos ficaram indignados particularmente com declarações do candidato republicano consideradas racistas, quando ele afirmou que a diferença de desenvolvimento econômico entre palestinos e israelenses é motivada por "diferenças culturais". Também provocou revolta a observação de que Jerusalém é a "capital de Israel", já que os palestinos desejam que a cidade também seja a capital de seu futuro Estado.

O candidato republicano tem criticado acidamente o rival, ao qual atribui uma "concepção extraordinariamente ingênua" da política externa, por acreditar que seu "magnetismo, carisma" e "persuasão" podem convencer o presidente russo, Vladimir Putin, o venezuelano Hugo Chávez e o iraniano Mahmud Ahmadinejad a parar de fazer coisas ruins. A equipe de campanha democrata não escondeu a satisfação na segunda-feira com a divulgação dos primeiros trechos do discurso de Romney, nos quais ele afirma que 47% do povo americano votará no presidente em qualquer circunstância e que ele não pode se preocupar com esses eleitores.

"É difícil atuar como presidente de todos os americanos quando se despreza metade da nação", destacou em um comunicado o diretor de campanha de Obama, Jim Messina. Romney concederá nesta terça-feira uma entrevista coletiva organizada às pressas em Los Angeles para tentar conter o escândalo provocado por suas observações "improvisadas" que, segundo disse, "não foram elegantemente comunicadas". Após as convenções partidárias, as pesquisas não param de apontar o aumento da vantagem do presidente Obama nas intenções de voto.

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