Agência France-Presse
postado em 26/09/2012 13:39
Dayton - Cathy Lankford, aposentada humilde de Ohio, norte dos Estados Unidos, não sabe, mas Barack Obama e Mitt Romney gastam fortunas para convencê-la a votar neles em 6 de novembro. O republicano Romney está em uma viagem de dois dias, terça-feira e quarta-feira, neste estado do meio-oeste americano crucial para eleição, enquanto as pesquisas apontam sua provável derrota. Esta é a quarta visita depois da convenção de seu partido, no final de agosto. Nenhum republicano foi eleito presidente sem vencer Ohio. O último democrata a ser presidente sem o apoio de Ohio foi John F. Kennedy em 1960. Foi graças a este estado que George W. Bush assegurou sua vitória em 2004.Para Mitt Romney, o desespero é palpável. Há meses as pesquisas de intenção de votos são desfavoráveis: 4,4 pontos atrás de Barack Obama, segundo a média das pesquisas recentes calculada pelo site Realclearpolitics. De acordo com uma pesquisa divulgada nesta quarta-feira pela Universidade de Quinnipiac, a vantagem do presidente está em 53% a 43%.
"Se o presidente ganhar em Ohio, será quase impossível para Mitt Romney chegar à presidência", afirma Mack Mariani, professor de Ciências Políticas da Universidade Xavier de Cincinnati. Como milhares de outros eleitores de Ohio, Cathy é centrista: ela torcia por George W. Bush, mas votou em Barack Obama em 2008, porque achava seu adversário republicano, John McCain, muito velho.
Ohio tem muitos eleitores como Cathy, a ponto de ganhar o título de estado "que balança", um clube de uma dúzia de estados que oscilam entre democratas e republicanos em cada eleição presidencial e mudam sozinhos o equilíbrio da eleição, às vezes por apenas alguns milhares de votos. O presidente dos Estados Unidos é escolhido pelos eleitores designados por cada estado. A Califórnia tem 55, Ohio 18. Para ser eleito, o candidato precisa da maioria de 270 no colégio eleitoral. A chave é que os estados escolhem seus eleitores representantes em "bloco": é suficiente uma maioria de um voto para que a totalidade dos representantes seja atribuída a um candidato.
[SAIBAMAIS]Daí os milhões de dólares gastos em Cathy e outros como ela. Até o momento, 125 milhões de dólares em comerciais de TV e rádio foram gastos pelos dois lados, quase tanto quanto na Flórida (129 milhões), de acordo com dados compilados pela SMG Delta e NBC News. Cathy não tem opiniões definidas sobre os dois candidatos, ao contrário de muitos democratas e republicanos do estado. "Há mais ou menos em cada um", avalia a aposentada de 62 anos.
Um ponto negativo para Barack Obama por sua gestão da crise: seu marido está desempregado há dois anos. Mas ela não confia em Mitt Romney para tirar o país do atoleiro, apesar de seu passado como empresário. O seguro da saúde? Para Cathy é uma prioridade. Seu marido não tem seguro e deve esperar seu aniversário de 65 anos para receber o seguro público para os idosos, o Medicare, mais barato do que os privados.
"Eu não sei se o que Obama propõe é uma boa ideia, mas eu não gosto de alocações fixas propostas por Romney", diz a avó, andando com seu neto em um shopping de Dayton. Muitas pessoas, especialmente da classe trabalhadora branca e sindicalizada, creditam o mérito do resgate da indústria automobilística ao presidente, assim como o declínio relativo do desemprego no estado, 7,2% em agosto, contra 8,1% em nível nacional.
"São pessoas que não gostam muito de Obama, mas que também não gostam de Mitt Romney porque ele é o tipo de empresário que terceiriza seus empregos", explica Paul Beck, professor de política na universidade pública de Ohio. No final, a vitória de um ou de outro dependerá da capacidade de cada para mobilizar a sua base e convencer os eleitores que, como Cathy, ainda não estão satisfeitos com o que ouvem.