Agência France-Presse
postado em 02/10/2012 14:08
Las Vegas - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e seu rival republicano, Mitt Romney, terão na quarta-feira (3/10) o primeiro dos três debates que serão transmitidos pela televisão antes das eleições de novembro, uma prova de disposição, temperamento e brio diante de milhões de espectadores.Os debates televisionados, que dão a sensação de um combate pelo título dos pesos pesados no qual um desafiante tenta ganhar por nocaute ou por pontos o atual campeão, representam a última e maior esperança de Romney para salvar sua abalada campanha. Também podem ser um campo minado para o presidente Obama, que tenta manter a estreita vantagem nas pesquisas de intenção de voto até as eleições de 6 de novembro.
Os debates - um elemento habitual nas campanhas eleitorais nos Estados Unidos desde que um Richard Nixon com barba de vários dias perdeu para um jovem John F. Kennedy em 1960 - são uma oportunidade para julgar se os candidatos estão à altura de suas aspirações quando ficam frente a frente. Candidatos como Romney devem convencer primeiro os eleitores de que têm o talento e a disposição necessários a um presidente em um mundo perigoso e incerto, além de exibir uma personalidade que não corra o risco de ser abalada durante os quatro anos de mandato na Casa Branca.
Os presidentes em exercício têm uma vantagem, porque, por definição, são vistos como "presidenciais", mas como já constataram Gerald Ford, Jimmy Carter e George Bush (pai), um vacilo pode afetar seriamente qualquer campanha eleitoral. O grande teste de Romney talvez seja o de lidar com um presidente que as pesquisas mostram como confiável e apreciado pela maioria dos eleitores, sem parecer desrespeitoso ou ofensivo. O candidato republicano suportou uma série que parecia interminável de debates durante a campanha pelas primárias do partido, mas os eventos com múltiplos candidatos não representam a mesma pressão que um cara a cara.
[SAIBAMAIS]Quanto mais simpático tentou parecer ao longo da campanha, menos agradável foi considerado, sobretudo quando lutou para mostrar uma personalidade que os mais próximos a ele descrevem como afetuosa e divertida. Romney também protagonizou uma série de gafes e Obama provavelmente tentará pressioná-lo para obter mais comentários desastrados. "Romney deverá ir aos debates muito bem preparado, com um roteiro muito ajustado, com uma mensagem contundente", afirmou o veterano assessor democrata Bob Shrum. "E deve memorizar e seguir este roteiro porque não é confiável quando é espontâneo", completou.
O maior desafio de Obama talvez seja a falta de ritmo em termos de debates. A última vez em que participou em um evento deste tipo aconteceu há quatro anos, contra o então candidato republicano John McCain. Habitualmente os presidentes são tratados com deferência e não estão acostumados a ser desafiados em público. Portanto, Obama deverá estar atento às possíveis alfinetadas ou armadilhas de Romney. Em um canal de televisão latino no mês passado, Obama pareceu irritado quando recebeu perguntas contundentes, o que pode sugerir uma falta de prática no primeiro debate, quarta-feira em Nevada.
Apesar de o presidente ser conhecido pelo famoso sorriso, também pode ficar glacial e algumas pessoas que o conhecem de perto afirmam que às vezes pode parecer arrogante e distante. Mas durante os debates com McCain, o presidente teve uma conduta serena e demonstrou a personalidade vencedora. A dura resposta sobre a crise financeira foi vital para a campanha que o levou à Casa Branca. O debate de quarta-feira terá como temas economia e política doméstica, mas o apresentador e moderador do canal público PBS Jim Lehrer, com 11 debates presidenciais no currículo, terá certa liberdade para fazer perguntas sobre outros temas.
Assim, Obama pode ser interrogado sobre a gestão pelo governo do ataque ao consulado americano em Benghazi, Líbia, no dia 11 de setembro, que Romney definiu como a prova de que a política externa de Obama está desmoronando. "O governador Romney é um bom debatedor... eu sou apenas ok", disse Obama no domingo, minimizando a reputação de grande orador em um momento de alta em sua popularidade nas já clássicas especulações prévias aos grandes debates.
Mas a prudência sobre as expectativas da equipe de campanha de Romney foi repentinamente deixada de lado por uma declaração incendiária do governador republicano de Nova Jersey, Chris Christie, para quem "esta disputa terá uma mudança completa na manhã de quinta-feira", ao prever uma vitória contundente de Romney no debate. Ed Gillespie, principal assessor de Romney, afirmou na segunda-feira que o candidato fará do debate um referendo sobre os resultados econômicos da gestão de Obama.