postado em 06/11/2012 07:32
Ao contrário do ex-presidente Bill Clinton (1993-2001), o ex-mandatário George W. Bush (2001-2009) não tem aparecido em comícios e em eventos de arrecadação para o candidato de seu partido à presidência dos Estados Unidos. Se o atual chefe de Estado, Barack Obama, que busca a reeleição, procura associar a própria imagem à de Clinton, o republicano Mitt Romney evita até mencionar o nome de ;Bush filho;. A falta de popularidade e o fato de a crise econômica mundial ter começado durante sua gestão tornaram o antecessor de Obama alguém de quem todos buscam se distanciar.
No entanto, Bush está mais presente nessas eleições do que se pode imaginar. A atual situação dos Estados Unidos em termos políticos e econômicos foi moldada, em grande parte, pelo republicano. Um dos exemplos disso foi a resposta de Bush aos atentados de 11 de setembro de 2001, com destaque para a guerra travada pelos EUA no Iraque e no Afeganistão ; que ainda moldam as políticas de relações exteriores do país. ;Igualmente importante é a maneira como as políticas do ex-presidente estabeleceram os termos de debate que os candidatos usam para se diferenciarem um do outro. Por exemplo, os cortes de impostos que Bush defendia viraram uma fonte de grandes discussões entre republicanos e democratas;, citou o professor de história da Universidade Washington em St. Louis, Peter J. Kastor. Tais políticas desgastaram a imagem de Bush, que deixou o governo com o índice de aprovação mais baixo da história norte-americana: 22%.
Marjorie Hershey, professora de ciência política Universidade de Indiana, lembrou que a baixa popularidade de Bush fez com que ele não fosse convidado a discursar na Convenção Nacional Republicana de 2008 e deste ano. ;Nas pesquisas de opinião, muitos eleitores continuam a culpar George W. Bush, em vez de Obama, pelos problemas econômicos da nação. Isso é um fator negativo para Romney, que tenta convencer a opinião pública de que a crise foi culpa do atual presidente;, ressaltou. Outro ponto negativo para o ex-mandatário é o fato de as tropas no Afeganistão e no Iraque terem gerado custos imensos de vidas e de dinheiro para a população. ;Sem a guerra no Iraque, que teve justificativas muito questionáveis em termos de segurança nacional, o deficit nas contas públicas dos EUA seria muito menor;, completou Hershey. Christopher Wlezien, cientista político da Universidade Temple, na Pensilvânia, destaca que a crise econômica não foi culpa de Bush, ;mas se tornou um importante registro da administração dele;. A herança que ficou para Obama foi pesada e, embora tenha facilitado uma vitória democrata em 2008, deixou o processo de governar mais complexo.
Uma pesquisa divulgada pelo site Bloomberg News, em setembro, mostrou que Bush foi avaliado positivamente por 46% dos norte-americanos, quatro anos depois de deixar a Casa Branca. Ainda assim, ele é o ex-presidente mais impopular entre os que ainda estão vivos. Bush afirmou ser defensor de Romney, antes mesmo que este ganhasse as primárias. Apesar das críticas ao antecessor, Obama o considera mais moderado que Romney. ;George W. Bush não propôs converter o Medicare (programa de cuidados de saúde para idosos subsidiado pelo governo) num voucher. Bush era favorável à reforma do sistema de imigração. Ele não disse que as pessoas deviam se autodeportar;, afirmou o presidente.
Tal moderação contrasta com o conservadorismo que fez Romney se tornar o escolhido para concorrer à Casa Branca. Bush fomentou a ajuda a bancos e à indústria automobilística em 2008, a fim de evitar um colapso nessas duas áreas. Romney, por sua vez, havia negado ajuda a fábricas como a da General Motors, por seu partido considerar que economizar o dinheiro público era o certo a fazer.