Eleições Presidenciais EUA

Hispânicos tiveram um papel fundamental na reeleição de Barack Obama

Agência France-Presse
postado em 07/11/2012 15:11

Miami - Os hispânicos dos Estados Unidos mostraram na terça-feira (6/11) sua força eleitoral ao votar em grande número pela reeleição do presidente americano Barack Obama, apesar de ele ter quebrado várias promessas feitas a essa comunidade.

O presidente conseguiu, inclusive, convencer a Flórida, estado que parecia ter esquecido sua façanha de 2008.

"Os latinos tiveram um papel-chave na configuração da paisagem política da nação esta noite, o que mostra que eles podem influenciar as eleições como eleitores e buscar com sucesso assentos no Congresso como candidatos", analisou Arturo Vargas, diretor executivo da Associação Nacional de Funcionários Eleitos e Designados (NALEO), em comunicado divulgado na noite de terça-feira.

A NALEO antecipou que 12,2 milhões de hispânicos - a maior minoria do país, com 50 milhões de integrantes - votariam na terça-feira, do total de 24 milhões de eleitores de origem latina registrados.

"Os primeiros resultados mostrarão que o voto hispânico teve um impacto crucial nos estados de maior disputa, o que demonstra que a corrida pela Casa Branca mais uma vez contou com a decisão do eleitorado latino", explicou Vargas.

Os latinos em estados-chave de grande população hispânica apoiaram massivamente Obama: como no Colorado, com 87% dos eleitores, no Arizona, 79% e no Novo México com 77%, de acordo com uma pesquisa divulgada na terça-feira pela empresa de mídia ImpreMedia e Latino Decisions.

Agora só resta confirmar as projeções que dão a Obama até 75% do voto hispânico em nível nacional, segundo sondagem de boca de urna e da empresa Latino Decisions.

Em 2008, Obama teve mais de 60% do voto hispânico com cerca de 9,7 milhões de votos.

"Obama é o homem certo a ser eleito depois que o Partido Republicano deixou de ser o que era e se deixou influenciar por integrantes muito conservadores que querem tirar benefícios sociais que pertencem a todos nós", declarou Joe Olazaga, um corretor cubano-americano, de 54 anos, no centro eleitoral de um município de Miami.

Embora a contagem de votos continuasse na madrugada da quarta-feira na Flórida, com uma disputa muito parelha entre Obama e seu rival Mitt Romney - horas após este admitir derrota - no sul do estado, antes bastião do poderoso voto cubano republicano, o presidente melhorou muito seu desempenho em comparação com as eleições de 2008.

Pela primeira vez, o presidente ganhou no chamado voto ausente, modalidade tradicionalmente ganhada pelos republicanos no condado de Miami-Dade, de acordo com o diário The Miami Herald, que enumerou os marcos alcançados por Obama nesse estado-chave que oferece o maior número de delegados para se chegar à presidência: são 29 do total de 270.

O presidente democrata também venceu no centro do estado, justamente onde se estabeleceu nos últimos 10 anos uma importante comunidade porto-riquenha, que deu um contrapeso democrata ao voto republicano dos cubanos.

De acordo com pesquisas de boca de urna, Obama teve 60% e Romney 30% do voto hispânico na Flórida. Há quatro anos, a surpreendente vitória sobre o então rival, John McCain, foi bem mais estreita.

Além do sonoro apoio latino ao presidente, outro hispânico, o republicano de origem cubana Ted Cruz, apoiado pela ala republicana de ultradireita Tea Party, ganhou um posto no senado, juntando-se a outros dois senadores hispânicos: seu correligionário Marco Rubio e o democrata Robert Menéndez.

O Conselho Nacional de La Raza (NCLR) festejou a façanha hispânica desta terça-feira.

"Os eleitores latinos foram votar em grande número - talvez até superando os 10% do eleitorado, pela primeira vez na história de acordo com pesquisas inicias da CNN-", disse Janet Murguia, presidente do NCLR.

Pilar Marrero, jornalista e analista do grupo ImpreMedia, explicou que os hispânicos "votaram mobilizados pelo medo do que representava Romney", apesar da frustração com Obama que prometeu uma reforma migratória e não cumpriu em seu primeiro governo, que ainda registrou recordes de deportados.

"Os republicanos tiveram uma imagem anti-imigrante desde as primárias, por sua retórica a favor da autodeportação, o que criou resistências", explicou a autora do livro "Killing the American Dream" (2012).

Além disso, o discurso de Obama "sobre aumentar os impostos dos ricos e manter os benefícios sociais foi bem visto nesta comunidade que compartilha dessa filosofia com os democratas", explicou Marrero.

O único revés para os hispânicos foi a reeleição pela sétima vez do polêmico xerife do condado de Maricopa no Arizona (oeste), Joe Arpaio, o homem de 80 anos que se autodenomina "o xerife mais duro dos Estados Unidos" e é conhecido por suas fortes medidas contra a imigração ilegal.

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