Isabella Souto
postado em 16/08/2010 12:00
Filiados a partidos pequenos e desconhecidos da maioria dos brasileiros, seis candidatos a presidente da República têm um adversário a mais nestas eleições: o relógio. Com minguados segundos na propaganda eleitoral de televisão, eles terão que correr contra o tempo para conseguir passar todo o recado ao eleitorado. Tem de tudo nas estratégias imaginadas pelas campanhas: discurso sucinto e rápido, abuso de jingles e vinhetas, poucas imagens ; para não desviar a atenção do telespectador ; e a divisão dos programas por temas.No ;seleto; grupo, o candidato do PSOL, Plínio Arruda, pode se dizer o mais sortudo: são cinco segundos a mais em relação aos seus concorrentes diretos. O minuto que terá em cada programa será dividido em 30 segundos de vinheta com imagens das campanha e 30 segundos para seu discurso. ;A ideia é mostrar a luta do PSOL contra a desigualdade social. Não dá para explicar muita coisa, mas também não precisa ser como o Enéas;, brincou, referindo-se ao ex-deputado federal Enéas Carneiro (Prona) e seu famoso bordão, ;meu nome é Enéas;, usado na propaganda de sua candidatura a presidente da República.
Com menos tempo que o adversário, Eymael (PSDC) dividiu o programa em três partes: 20 segundos para apresentar o tema do dia, 20 segundos para passar o endereço do site e o restante do tempo com o jingle criado há 25 anos, quando disputou mandato de prefeito, e que este ano ganhou quatro ritmos: o telespectador poderá cantarolar o ;ei, ei, Eymael; na versão tradicional, axé, sertanejo e milonga gaúcha.
Indignado com o pouco tempo de exposição na mídia eletrônica, o candidato resolveu criar a TV Eymael, que pode ser acessada a qualquer momento no site www.eymael27.com.br. Nela, tempo é o que não vai faltar ao candidato, que vai ter espaço para divulgar entrevistas, textos e depoimentos. ;Vamos usar o tempo na televisão como porta de entrada para a internet e as redes de comunicação;, afirmou Eymael, que está no Twitter, Facebook e Orkut.
O socialista José Maria de Almeida (PSTU) garante que vai apelar para a criatividade que é possível com menos de um minuto na televisão. ;Cada programa vai tratar de um tema, e vamos acreditar que será possível passar uma mensagem que esclareça a população sobre as nossas propostas;, disse ele, que reclama do ;boicote; aos chamados nanicos. Os pouco mais de 13 segundos para cada uma das 19 inserções a que o PSTU tem direito ; propagandas divulgadas ao longo da programação das emissoras ; serão agrupados para aumentar o minguado tempo.
Outro que vai usar a mesma estratégia em relação às inserções é Ivan Pinheiro (PCB), que disputa o comando do país pela primeira vez. ;Meu programa não vai ter quantidade, mas qualidade. Não vai ter nenhum efeito especial, e para dar tempo não vou falar correndo, mas também não posso ficar muito devagar;, avisou. Ex-candidato a prefeito do Rio de Janeiro, pelo menos ele tem experiência: na candidatura anterior, foram 27 segundos em cada programa para passar sua mensagem.
Os programas deste ano do PCB terão sete segundos de vinheta e gravações apenas em estúdio em que o candidato vai apresentar suas propostas ; com uma música instrumental em volume mais baixo para o som não competir com a sua voz. Em quatro dos 20 programas, serão convidados para prestar depoimentos um intelectual, um jovem e um sindicalista filiados ao partido, além do candidato a vice-presidente Edmilson Silva Costa (PCB).
Edson Dorta, candidato a vice na chapa do PCO ; encabeçada por Rui Pimenta ;, também terá uma participação no programa do partido. Para economizar segundos, os programas serão temáticos e, em alguns deles, o tempo será dividido na apresentação de propostas e denúncias ligadas ao tema. Serão mostradas ainda imagens ou fotografias referentes ao assunto do dia acompanhadas de uma locução de estúdio.
;Os programas são quase uma formalidade. A verdade é que os candidatos nessa situação (pouco tempo de televisão) estão excluídos de fato;, reclamou Rui Pimenta. Nos 13 segundos de inserção o candidato a presidente nem será mostrado: haverá apenas uma locução e imagens. ;Não dá tempo;, justificou o presidenciável. Detalhe: a propaganda eleitoral começa amanhã, e os programas começaram a ser gravados sábado. A explicação? Um programa tão curto é rápido para fazer. O candidato Levy Fidelix (PRTB) não foi localizado pela reportagem.
Corrida contra o tempo
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Os programas dos presidenciáveis na televisão serão às terças-feiras, às quintas e aos sábados, às 13h e às 20h30. No rádio, às 7h e às 12h. As inserções são veiculadas ao longo da programação das emissoras entre as 8h e a 0h, inclusive aos domingos.
10min38s54
Dilma Rousseff (PT)
7min18s54
José Serra (PSDB)
1min23s22
Marina Silva (PV)
1min1s94
Plínio de Arruda Sampaio (PSol)
55s56
Rui Costa Pimenta (PCO), José Maria de Almeida (PSTU), José Maria Eymael (PSDC), Levy Fidelix (PRTB) e Ivan Pinheiro (PCB)