Ivan Iunes
postado em 17/08/2010 09:02
O horário eleitoral que começa hoje, às 13h, deve levar até o eleitor um autêntico movimento ;todos contra Dilma Rousseff;. A possibilidade de vitória da presidenciável petista no primeiro turno colocou José Serra (PSDB), Marina Silva (PV) e os candidatos de partidos nanicos em uma tarefa comum de tentar levar a disputa para o segundo round. Para isso, precisam remar também contra o menor tempo de televisão. Até 30 de setembro, Dilma terá quase 7 horas e meia divididas em dois programas, três vezes por semana. No mesmo período, Serra falará por 5 horas e Marina, por 58 minutos. Sob custo recorde, a propaganda eleitoral deste ano significará R$ 851 milhões aos cofres públicos, que serão repassados às 4.632 emissoras de rádio e televisão responsáveis por transmitir os programas.Embora não admitam publicamente, os últimos índices divulgados pelo Datafolha e pelo Ibope colocaram como prioridade para os estrategistas petistas a meta de finalizar as eleições em 3 de outubro. De acordo com o Datafolha, Dilma está a três pontos percentuais de ganhar na primeira rodada de votação. O Ibope divulgou sondagem ontem que reforça a tendência dessa possibilidade. Segundo colocado nos levantamentos, Serra se debruça sobre uma tarefa historicamente improvável: reverter a desvantagem para o principal concorrente depois do início do horário eleitoral ; fato que só ocorreu em 1994.
;O Serra vai ter de fincar uma bandeira que ele ainda não descobriu exatamente qual é para reverter o cenário. Ele precisa enxergar uma alternativa para oferecer ao eleitor, senão continuará perdido;, afirma o cientista político Marcus Figueiredo, do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj).
Para os coordenadores da campanha de Dilma (1), o tucano deve adotar um discurso mais agressivo especialmente nos debates, espaço em que a candidata terá de responder aos ataques ao vivo, sem edição. Estão no topo da lista associações do PT com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e com o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra). Os golpes pelo horário eleitoral são esperados apenas nas últimas semanas de setembro, reta final da propaganda. Ontem, Serra aproveitou viagem a Porto Alegre para criticar a adversária e associá-la a parlamentares corruptos do Congresso Nacional, um indício de que o mensalão voltará à baila nos próximos encontros. ;Não sou daqueles que dizem que o Congresso tem 300 vigaristas ou picaretas. Ele estão todos com a outra candidata;, disparou o tucano.
Rodeios
Desde o início da preparação para os programas eleitorais, Dilma e Serra escolheram filmagens externas como prioridade. A câmera dos marqueteiros colheu imagem dos dois em sete e seis estados, respectivamente. ;O espaço para falar na tevê aberta para a população é importantíssimo para chegarmos até todos os eleitores. Até agora, o meu crescimento nas pesquisas se deve, em grande parte, à popularidade do presidente Lula e à participação que tive no governo dele;, admite a petista. Com menor orçamento e menos tempo, Marina aposta em propaganda mais direta, sem os rodeios que devem permear os minutos de televisão dos concorrentes. ;Vamos dar uma mensagem em pequenas porções, mas são porções de qualidade, como a castanha-do-pará: basta comer uma e você está suprido de proteínas;, afirmou Marina Silva, durante visita à Bienal do Livro, ontem, em São Paulo.
1 - Remédio a custo zero
Na véspera do início do horário eleitoral, Dilma antecipou propostas para a saúde ; tema que deve ser explorado por Serra nos primeiros programas. A petista anunciou que pretende estender à totalidade a distribuição de remédios a custo zero para pacientes com hipertensão e diabetes. Atualmente, o governo federal subsidia em até 90% esses medicamentos, ao custo de R$ 400 milhões. A candidata também incluiu no programa a criação de policlínicas regionais, que teriam as modalidades Cegonha e Bebê, para grávidas e recém-nascidos.