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Dilma responde a críticas de que PT cerceia liberdade de imprensa

Candidata à presidência da República diz que viveu sob a ditadura e, por isso, valoriza o trabalho dos jornalistas, "sem peias e sem restrições"

Leonardo Meireles
postado em 19/08/2010 17:45

A candidata à presidência da República Dilma Roussef (PT) esteve presente, esta tarde (19/8), à 8; Conferência Brasileira de Jornais, da Associação Brasileira de Jornais (ANJ). Antes de assinar seu apoio à Declaração de Chapultepec (documento que consolida passos para a garantia da liberdade de imprensa no mundo), ela falou sobre o assunto para os presentes. Indiretamente, respondeu às acusações do também candidado José Serra (PSDB), de que o governo do Partido dos Trabalhadores cerceia o trabalho da imprensa no país.

Segundo Dilma, hoje o Brasil vive uma ocasião de reafirmar dois valores fundamentais que fazem parte da base democrática do país. "E que, se parecem óbvios, não foram sempre: valor da liberdade de expressão e de acesso à informação. Sem peias e sem restrições", discursou. Ela disse fazer parte de uma geração com profunda consciência dos valores da democracia por ter vivido, pessoalmente, a experiência de uma ditadura.

"Não tenho uma visão teórica da democracia, mas sei das consequências para todos que vivem em um regime de arbítrio. Sabemos que a imprensa viveu sob um tempo de censura." E citou Sérgio Porto, com a figura do Festival de Besteiras que Assola o País (Febeapa), que criticava as matérias que saíam em jornais durante o regime militar. "A censura afeta a inteligência de um país."

Dilma afirmou que, apesar de nova, a democracia brasileira já é bastante consolidada, e que sabe conviver com as críticas e a diversidade de opiniões. "Prefiro o som de vocês críticas que o silêncio de uma ditadura", argumentou, alegando que a conquista da democracia brasileira está no mesmo patamar que o controle da inflação, por exemplo. Mas que o Brasil ainda se encontra a frente do desafio de se transformar em uma nação desenvolvida. E não só a erradicação da pobreza seria essencial para o total desenvolvimento do país, mas também a presença da democracia. "Isso depende da liberdade de imprensa e de expressão."

Dilma continuou citando as conquistas do governo Lula, principal apoio usado por ela durante a campanha presidencial. Lembrou que o PIB brasileiro acabou de ultrapassar o da Espanha, mas que isso não basta se não houver um trabalho para o crescimento do conhecimento, cultura e educação. Comparou a internet, como anseio democrático, a uma praça grega. "Por ser uma rede, traz uma simultaneidade. Permite que nesta praça se confrontem várias mídias."

E ao falar da Declaração de Chapultepec, assegurou que a democracia não é "um processo de outorga, mas de construção da população, da qual faz parte a imprensa. Não é admissível a restrição ao direito de divergir e criticar."

Segundo a petista, não se deve aceitar o cerceamento ao trabalho da imprensa. "A liberdade de imprensa deve ser conservada em qualquer circunstância. Não concordo com qualquer censura de conteúdo ou punição por opiniões diferentes dos governantes", analisou.

Resposta

Dilma disse que estava no evento também para esclarecer opiniões - como em uma resposta às acusações de Serra, colocando o Brasil como uma das maiores nações democráticas do mundo. O governo petista, segundo ela, respeitamos contratos, mesmo discordando deles, e que o Brasil não é um país que, durante o jogo, muda suas regras. Mais importante, para ela, foi o sentimento de autoestima e de respeito perante o mundo contruído durante o governo Lula.

"Não devido só ao crescimento, mas também porque o mundo vê que a desigualdade social diminuiu. Isso contribui para a paz social. E a paz social não é construída com mordaça", concluiu, ao lado do prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB).

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