postado em 20/08/2010 07:00
Quem é Dilma Rousseff? Em dois dias de horário eleitoral, a resposta que vem mais rápida à mente é cantarolada num dos jingles da propaganda do PT: a escolhida para cuidar do povo de Lula. Não há espaço no programa para a candidata falar sobre si. Contar a sua trajetória em detalhes. É tudo muito corrido quando os marqueteiros se propõem a apresentar ao cidadão quem é essa mulher, que tem chances de ser a primeira presidenta do país.
Estamos no segundo dia e nada. Não se avançou nem em ideias próprias. Dilma aparece falante, coloquial e expressiva, com frases objetivas sobre o projeto de continuidade governamental. Diferentemente da mulher de carne e osso que sua frio, embaralha as frases e tangencia perguntas quando está ao vivo num debate. Como sofrem os indecisos, que gostariam de ver mais o ser humano e menos a personagem trabalhada nos sets de filmagem, já que é tudo tão cinematográfico, aliás ponto para a propaganda do PT.
Se a tendência é colar a imagem ao Lula, o que está sendo feito no rádio e na tevê é tão ostensivo, que o Palácio da Alvorada vira até estúdio de gravação e o Brasil segue tranquilo como se isso não causasse estranheza. Quando um outro candidato poderia ter acesso aos corredores desse monumento para ter um testemunho de qualquer ser humano que fosse, quiçá o presidente? Será que Serra, Marina e Plínio poderiam fazer uma tomada entre os vãos de Oscar Niemeyer?
Enquanto Serra insiste em mostrar o que todo mundo já sabe, os seus méritos na Saúde, Marina engata o mesmo blá-blá-blá ecoético e Plínio faz poesia com fotos de Sebastião Salgado, não se estabelece de fato o debate que seria uma função do horário eleitoral. Ai, como sofrem os indecisos.