postado em 21/08/2010 08:28
A candidata do PT ao Palácio do Planalto, Dilma Rousseff, vai se dedicar a fazer campanha em estados onde sua caravana ainda não aportou, deixando temporariamente o foco no Sudeste. A previsão é ela privilegiar Centro-Oeste e Nordeste. As visitas fora do eixo Rio-São Paulo-Minas Gerais começaram ontem, por Vitória.Dilma irá ao Mato Grosso ; a previsão é a próxima semana ; e ao Piauí. Nos dois estados há aliados em situação desconfortável, com tucanos no encalço. O deputado Carlos Abicalil (PT-MT), candidato ao Senado, aparece em terceiro nas pesquisas de intenção de votos, atrás de Antero Paes de Barros (PSDB).
No Piauí, a corrida pelo governo está embaralhada entre Sílvio Mendes (PSDB) e os candidatos Wilson Martins (PSB), nome do ex-governador Wellington Dias (PT), que busca uma vaga ao Senado, e João Vicente Claudino (PTB). Os últimos dois brigam pelo apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Passar uma rasteira no PSDB é também um dos objetivos de uma visita ao Ceará, ainda sem data definida, mas prevista para este mês. Pacificar os candidatos ao Senado Eunício Oliveira (PMDB) e José Pimentel (PT) passa por uma tentativa de reduzir a vantagem que o senador Tasso Jereissati (PSDB), candidato à reeleição, tem em relação aos dois.
Encontrar espaços para os estados esquecidos pela campanha fez com que a agenda de Dilma fosse espremida para ela atender todas as demandas. No Espírito Santo, a petista participou de uma caminhada ao lado do presidente do PT, José Eduardo Dutra, e do candidato ao governo do Espírito Santo Renato Casagrande (PSB). No fim do dia, ela reuniu-se com o governador do estado Paulo Hartung (PMDB).
Dilma aproveitou para novamente reforçar seus laços com Minas Gerais, dizendo que quando criança conheceu o mar em Guarapari, cidade litorânea capixaba. ;Conheci o mar no Espírito Santo. Vocês sabem onde mineiro conhece o mar. Aqui. A primeira vez que vi o mar foi nas costas do meu pai, em Guarapari;, afirmou. A petista, desde o começo da corrida pelo Palácio do Planalto, ainda no período pré-eleitoral, martela sua mineiridade de olho no segundo maior colégio eleitoral do país. Apesar de ter nascido no estado, ela construiu a carreira política no Rio Grande do Sul.
Colagem
Dilma voltou a criticar a tentativa do candidato do PSDB, José Serra, de vincular sua imagem à do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. ;Acho um pouco arriscado essa tentativa de supor que o nosso povo seja ingênuo, ou melhor, de ter uma visão elitista sobre o povo, de achar que ele não tem condições de ter senso crítico. Eles vão mais uma vez se equivocar;, afirmou a candidata. O programa tucano veiculado na noite de quinta-feira mostrou imagens de Lula ao lado de Serra com uma narração ao fundo dizendo que ambos são políticos experientes e com história.
O líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (SP), também criticou o uso da imagem de Lula na propaganda de Serra. ;O Serra está cometendo atos ilegais. Isso mostra um comportamento de biruta de aeroporto. No mesmo dia em que ele diz que o Lula está atacando a imprensa, usa o Lula na propaganda dele. Só pode ser falta de um norte político. Ele não sabe o que falar. É como um cachorro que caiu do caminhão de mudança e não sabe se toma conta da casa ou se corre atrás do caminhão;, comparou.
PT NO TSE CONTRA SERRA
Em resposta à investida do PSDB na Justiça, a campanha de Dilma entrou com duas representações contra o adversário tucano José Serra pedindo que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) tire sete minutos de sua propaganda. Os petistas se baseiam em duas inserções de rádio que questionam a biografia da ex-ministra. A campanha considerou desrespeitosos os jingles. Em um deles, a letra diz o seguinte: ;Dona Dilma pegou o bonde andando, tá de carona e quer sentar na janela;. Nos pedidos, o PT disse que a intenção é degradá-la e ridicularizá-la. ;E assim desrespeitosamente tratá-la como alguém que busca usurpar algo que não produziu. Trata-se, portanto, de manifesta campanha de degradação e ridicularização da imagem da candidata;, consta de um dos pedidos.
"É como um cachorro que caiu do caminhão de mudança e não sabe se toma conta da casa ou se corre atrás do caminhão"
Cândido Vaccarezza, líder do governo na Câmara
Cândido Vaccarezza, líder do governo na Câmara
Próximas andanças
A petista Dilma Rousseff vai se dedicar nas próximas semanas a visitar estados que foram esquecidos pela campanha. Veja abaixo alguns exemplos:
Piauí
A base governista está dividida entre o candidato do PSB, Wilson Nunes Martins, e do PTB, João Vicente Claudino. O socialista é apoiado pelo ex-governador Wellington Dias (PT), candidato ao Senado. Como a eleição está embaralhada ; com leve vantagem para Martins, segundo pesquisas de intenção de votos ;, Dilma irá deixar claro quem são seus candidatos para tentar alavancá-los.
Mato Grosso
A visita de Dilma é um aceno ao agronegócio. O ex-governador Blairo Maggi (PR), candidato ao Senado, é o interlocutor da petista no setor. O PT local apoia Silval Barbosa (PMDB) ao governo. Ao Senado, a chapa é Maggi e o deputado Carlos Abicalil (PT).
Ceará
A visita é pedido antigo do PT local. O objetivo é montar uma ofensiva para desidratar o senador Tasso Jereissati (PSDB), que aparece como favorito para se reeleger. Além disso, serve para selar a aliança com o deputado Ciro Gomes (PSB), que comanda o comitê eleitoral da petista no estado.