postado em 21/08/2010 08:30
A 43 dias das eleições, as Casas de Marina, comitês domiciliares lançados pela candidata à Presidência da República Marina Silva (PV), estão passando por um ;apagão;. Sem material oficial de campanha, a ideia, reformulada pela cúpula do partido, está longe de atingir o objetivo de disseminar as propostas verdes. As unidades residenciais, segundo a candidata, iriam mostrar um novo jeito de fazer política, com ;núcleos vivos da sociedade;. As casas, tema de um futuro programa eleitoral, compensariam as dificuldades financeiras da campanha e a falta de capilaridade do partido nos estados. Até agora, já foram registradas 701 unidades em todo o país.;Estou doido para trabalhar. Só que não recebi nada. Entrei de corpo e alma na candidatura da Marina e desse jeito não tenho nem como divulgar as ideias;, reclama o mecânico José Jerônimo Sobrinho, filiado ao PV e dono de uma casa que a própria Marina inaugurou no início de julho em Uberlândia (MG).
No Gama, a família de Luzia Macedo também espera panfletos, adesivos e informações sobre como ajudar na campanha. ;Os meus netos falaram que o material ia chegar pelos Correios, mas até agora nada;, conta a aposentada, que ainda não decidiu em quem vai votar. Na casa dela não há sinal da candidatura verde. Apenas um banner do candidato a deputado distrital Agaciel Maia, ex-diretor do Senado e pivô do escândalo dos atos secretos.
O Movimento Minha Marina define a casa como um local para a interação com a comunidade. Na Zona Sul do Rio, as residências não têm identificação e os vizinhos desconhecem o trabalho dos militantes. ;Um morador daqui apoiando a Marina? Tem certeza? Não conheço;, diz uma senhora, moradora no mesmo edifício em que está cadastrada uma Casa de Marina na Rua Santa Clara, em Copacabana. A dois quarteirões de lá, outro comitê desconhecido. ;Não tem ninguém. Acho que a dona Cláudia faz campanha para o Fernando Gabeira;, diz o porteiro, referindo-se ao candidato do PV ao governo do Rio. Em Ipanema e Botafogo, a situação era a mesma.
;Faça você mesmo;
O coordenador da campanha verde, João Paulo Capobianco, nega o ;apagão;. Segundo ele, o conceito das Casas de Marina é o ;faça você mesmo;. É pedido que os donos das casas distribuam material de campanha, convidem pessoas para conversar e realizem encontros de debates com pessoas da vizinhaça. Também se sugere que seja dado um nome para a casa e que a unidade seja abastecida com informações sobre a candidata.
Capobianco, entretanto, garante que o material oficial está sendo enviado pelo Diretório Nacional às unidades registradas. De acordo com informações prestadas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a candidatura verde já gastou R$ 3,47 milhões. Desse valor, pouco mais de R$ 1 milhão é destinado à publicidade de materiais impressos. Ainda não constam despesas postais.
"Estou doido para trabalhar. Entrei de corpo e alma na candidatura da Marina e não tenho nem como divulgar as ideias"
José Jerônimo Sobrinho, mecânico, responsável por uma Casa de Marina em Uberlândia (MG)
José Jerônimo Sobrinho, mecânico, responsável por uma Casa de Marina em Uberlândia (MG)
"A minha história, durante 30 anos, esteve junto à história do presidente Lula"
Marina Silva, candidata do PV à Presidência
Marina Silva, candidata do PV à Presidência
O número
701
Casas de Marina registradas em todo o país
De olho na imagem de Lula
>> Luiz Ribeiro
Enviado especial
Rio de Janeiro ; A candidata do PV à Presidência, senadora Marina Silva, poderá usar imagens do presidente Lula em seu programa, como já fez José Serra (PSDB) na campanha, o que causou mal-estar entre tucanos e protestos de petistas. Marina não chegou a declarar ontem que recorrerá à imagem do presidente, mas justificou a possibilidade de usar fotos com Lula devido à ;ligação histórica; entre eles. Dessa forma, segundo ela, sua atitude não poderia ser interpretada como oportunista.
Marina fez campanha no Rio ontem. Pela manhã, participou do 8; Congresso Brasileiro de Jornais, promovido pela Associação Nacional de Jornais (ANJ), no Windsor Barra Hotel. ;A minha história, durante 30 anos, esteve junto à história do presidente Lula;, disse a senadora licenciada, lembrando que por cinco anos foi ministra do Meio Ambiente. ;A história não pode ser reescrita;, disse, deixando a entender que deverá usar fotos e vídeos dela ao lado de Lula.
A presidenciável também esteve ontem em Vigário Geral, Zona Norte do Rio, onde afirmou que é necessária uma ampla reforma na segurança pública. Ela anunciou que pretende expandir para todo o país um projeto lançado no Rio Grande do Sul chamado Justiça Restaurativa. A iniciativa busca recuperar jovens usuários de drogas e em outras situações de risco. A candidata ainda visitou a sede do Grupo Cultural AfroReggae, onde assistiu a apresentações de música e de dança e chegou a tocar um instrumento de percussão.