Eleicoes2010

PSDB tenta achar o tom para alavancar campanha e evitar a desmobilização

postado em 25/08/2010 10:14
São Paulo ; Pelo menos três reuniões ocorridas ontem, em Brasília, São Paulo e Porto Alegre, com a cúpula do PSDB e partidos aliados, tentaram traçar um novo rumo para a campanha de José Serra, que a cada pesquisa cai nas intenções de voto do eleitor. Durante caminhada em São Paulo, o tucano chegou a se irritar quando questionado sobre os números. ;Não tenho interesse (em pesquisas). Nenhum;, disse Serra. Em seguida, ele disse que não viu as pesquisas que mostram sua concorrente, Dilma Rousseff (PT), quase 18 pontos percentuais à frente (leia mais na página 5). O coordenador-geral do comitê de Serra, senador Sérgio Guerra (PSDB-PE), ouviu queixas de que a postura ;arrogante; e ;antipática; do candidato está desestimulando até aliados próximos. Segundo um deputado que não quis se identificar, Serra está cada vez mais isolado e o desânimo se espalha em vários comitês. ;Poucos dentro do partido acreditam na vitória em função do alto índice de rejeição;, disse um correligionário.

Uma das estratégias para alavancar a candidatura será mostrá-lo no horário eleitoral de tucanos que estão em alta nas sondagens. O partido, contudo, tem enfrentado resistência. Alguns desses puxadores de voto têm receio de que a alta rejeição a Serra os contamine. Outra frente será bater na tecla da fragilidade de Dilma. ;Queremos que a Dilma fale, apareça e se mostre. Assim a população perceberá que, em janeiro, quem vai governar o Brasil não será o Lula. E, se for a Dilma, não será um bom caminho;, argumentou o presidente do PSDB, Sérgio Guerra.

Carona
Na tarde de ontem, cumprindo a agenda(1) oficial, Serra deu um passeio de metrô e fez caminhada. Cumpriu o trajeto entre as estações Ana Rosa, na Vila Mariana, e a recém-inaugurada Vila Prudente. O passeio foi marcado por confusão em decorrência do grande número de políticos, seguranças, jornalistas e cinegrafistas que acompanharam o candidato nos vagões. Para tentar usufruir da popularidade do candidato ao governo em São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), Serra fez questão de mantê-lo ao lado. Da estação, Serra seguiu para uma rua de comércio do bairro, onde caminhou por um quarteirão cercado por pelo menos uma centena de cabos eleitorais e candidatos da sua coligação. O candidato se irritava sempre que alguém tentava falar sobre política com ele. ;Vocês só querem saber de fofoca, de tititis;, argumentou.

1 - Socorro aos genéricos
A agenda de compromissos do presidenciável tucano incluiu uma visita aos fabricantes de genéricos, medicamentos que são uma das bandeiras de campanha de José Serra. No encontro, o candidato lembrou que ajudou a popularizá-los quando foi ministro da Saúde, no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Serra defendeu o aumento na produção e a redução de impostos sobre os genéricos. ;Tenho interesse em rebaixar o preço, mantendo a qualidade e retirando mais impostos.;

; PT e PMDB às turras
Denise Rothenburg


Acabou a lua de mel entre PT e PMDB nas campanhas estaduais. Em vários pontos do país, os dois partidos entraram em crise por conta da guerra eleitoral. No Ceará, o estopim foi uma viagem de Michel Temer (PMDB) a Iguatu, onde o prefeito, Agenor Neto, peemedebista, apoia a reeleição do senador Tasso Jereissati (PSDB). Nos telões, imagens de Tasso e de Eunício Oliveira, candidato ao Senado pelo PMDB. No palanque, Michel Temer citou Dilma Rousseff, Cid Gomes e Eunício, mas não falou de José Pimentel (PT), outro concorrente a uma das vagas de senador e parceiro de chapa de Eunício. Os demais peemedebistas pediram votos para Tasso.

À imprensa local, Temer disse que tinha ;esquecido; de citar o petista. O PT, entretanto, não engoliu a desculpa do candidato a vice na chapa de Dilma e atribuiu o ;esquecimento; ao instinto de sobrevivência que começa a tomar conta dos políticos, uma vez que eles têm pela frente só 37 dias de campanha para tentar virar o jogo. No Ceará, as pesquisas indicam que Tasso ficará com uma das vagas ao Senado e a outra está em disputa entre Eunício e Pimentel.

Alguns petistas comentavam ontem em conversas reservadas que o caso do Ceará poderia ser visto como represália ao que ocorreu na Bahia. Lá, o presidente Lula gravou participação no programa de TV do governador Jaques Wagner, do PT, candidato à reeleição, e pediu votos para a candidata do PSB ao Senado, Lídice da Mata. O ex-ministro da Integração Geddel Vieira Lima (PMDB), que concorre contra Wagner, não gostou. O senador César Borges, do PR, candidato ao Senado da chapa de Geddel, ficou magoado. A amigos, disse que não esperava isso do presidente. Nos bastidores, há quem sugira um reunião entre PT e PMDB para cicatrizar feridas. A direção dos partidos considera que, quanto mais perto da eleição, pior vai ficar o clima.

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