postado em 27/08/2010 07:00
São Paulo ; Com o avanço da popularidade da presidenciável Dilma Rousseff (PT) em São Paulo ; reduto dominado há 16 anos pelos tucanos ;, o comando da campanha do senador Aloizio Mercadante (PT), candidato ao governo do estado, planeja mudar de estratégia radicalmente nos próximos dias. A ideia é fazê-lo surfar na mesma onda de Dilma, que conseguiu reduzir para cinco pontos percentuais a distância que a separa de José Serra (PSDB) nas intenções de votos entre os eleitores paulistas.Segundo levantamento do Datafolha divulgado ontem, a petista subiu de 34% para 41% em São Paulo, enquanto o tucano caiu de 41% para 36%. Na mesma pesquisa, o cenário nacional aponta vantagem de 20 pontos: 49% de Dilma contra 29% de Serra. Marina Silva (PV) se manteve com 9%. A margem de erro do levantamento, que ouviu 10.948 entrevistados em todo o país entre os dias 23 e 24, é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos. A pesquisa está registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com o número 25.473/2010.
Na disputa doméstica, pesquisa do instituto divulgada em 13 de agosto apontava Mercadante com 16%, contra 54% de Geraldo Alckmin (PSDB). Para fazer Mercadante decolar em São Paulo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já anunciou que participará de oito grandes comícios na Grande São Paulo até o primeiro turno, ao lado de Dilma Rousseff. Desde terça-feira, Lula e sua aspirante ao Palácio do Planalto vêm gravando programas eleitorais em tom de apelo para Mercadante. ;Ainda temos tempo pela frente. No que eu puder ajudar o Mercadante, vou ajudar;, disse Lula em São Paulo na terça-feira.
Reação
A coordenação de campanha de Geraldo Alckmin já prepara uma reação à turbinada que Lula e Dilma darão à campanha de Mercadante. O último programa eleitoral do tucano na televisão, por exemplo, atacou o adversário petista. ;Senador Mercadante, não adianta fazer discurso bonito se o senhor falta ao trabalho na hora de aprovar verbas para desenvolver São Paulo;, dizia um narrador que não aparecia na tela, referindo-se à liberação de verbas no Senado para a ampliação do transporte em São Paulo. Nas caminhadas e nos comícios, Alckmin não se refere a Mercadante. ;Só vou falar dos meus projetos de governo. Nunca fui adepto de baixarias em campanhas. Nunca trabalhei assim;, disse o tucano.
Apesar da tranquilidade de Alckmin em público, nos bastidores de sua campanha há o receio da investida de Lula em São Paulo. Um deputado estadual do PSDB que não quis se identificar disse que os correligionários de Alckmin estão fazendo um esforço muito grande para que ele ganhe no primeiro turno. Isso porque, se a disputa em São Paulo passar para a segunda fase, dificilmente o tucano vencerá Mercadante com o apoio direto de uma Dilma já eleita em primeiro turno. ;A campanha dele está bem, mas Lula tem se mostrado um cabo eleitoral eficiente;, analisa.
Mercadante confirma que haverá um empenho de Lula na eleição de São Paulo e disse ontem que Alckmin já está temendo pelo seu crescimento. ;Ao dizer que falto às sessões do Senado que liberam verbas para São Paulo, o candidato do PSDB apela. Ele está com receio porque, evidentemente, vou crescer nas pesquisas. Eles já estão nervosos;, alfineta o petista.
Risco
Ao mesmo tempo em que os tucanos começam a se preocupar com um eventual crescimento de Mercadante, também não podem descuidar da campanha de José Serra no estado. Uma das estratégias do PSDB para alavancar a campanha de Serra em São Paulo é fazer com que o presidenciável ;cole; mais em Alckmin. No entanto, parte da cúpula do comitê do candidato ao governo local não vê essa ideia com bons olhos, já que a rejeição a Serra vem crescendo. ;Há um risco de essa rejeição contaminar a campanha de Alckmin;, disse um deputado do PSDB. Em todo caso, hoje será fechada uma agenda conjunta entre Serra e Alckmin.
A coordenação de campanha de Serra também pretende fazer uma ofensiva política contra Dilma Rousseff no estado mobilizando 450 prefeitos paulistas num grande encontro marcado para a semana que vem. Mas, para alguns, é tarde demais. ;O Serra demorou muito a entrar em campanha. Quase não largou o governo de São Paulo acreditando que uma boa gestão seria vitrine suficiente para chegar ao Planalto. Já a Dilma está em campanha há três anos;, comentou o cientista político Alfredo Garcia Lemme, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).