Eleicoes2010

Campanhas mais caras para cargo de deputado federal chegarão a R$ 3 milhões

Dos R$ 73 milhões recebidos até agora em doações, candidatos a deputado federal gastam R$ 37 milhões

postado em 29/08/2010 08:42

O que é preciso para eleger um parlamentar? Com pouco espaço nos programas de rádio e televisão e sem os comícios milionários de eleições anteriores, candidatos a deputado federal e estadual investem maciçamente em material impresso, placas, estandartes e faixas, no esforço para fixar nome e número, sempre aliados à própria imagem. A contratação de pessoal, diretamente ou por intermédio de serviços terceirizados, é o segundo item mais dispendioso. Os gastos registrados no primeiro mês de campanha confirmam que essa estratégia é usada pela maioria dos candidatos em todo o país. Dos R$ 37 milhões já consumidos por candidatos à Câmara dos Deputados, mais da metade foram gastos com propaganda visual.

Os custos de uma campanha impressionam. Até agora, candidatos a deputado federal já arrecadaram R$ 73 milhões, enquanto os candidatos às assembleias legislativas receberam R$ 85,2 milhões em contribuições registradas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). As campanhas mais caras, com despesas como fretamento de avião, podem ficar entre R$ 2 milhões e R$ 3 milhões(1). No primeiro mês, as 10 mais ricas somaram quase R$ 8 milhões. A maior arrecadação foi de Eduardo da Fonte (PP-PE), com R$ 1,5 milhão.

O candidato à Câmara que mais gastou com impressos foi Odílio Balbinotti (PMDB-PR). Ele imprimiu 400 mil revistas, com uma versão para cada um dos 60 municípios que compõem a sua base eleitoral. Também fez santinhos, cartazes e ;colinha;, para ajudar o eleitor a decorar o seu nome. Gasto total: R$ 260 mil. E precisou contratar cerca de 250 cabos eleitorais para distribuir esse material todo. Também alugou carros para transportar tanta gente. O assessor Amarildo Torres estima que a campanha vai ficar em R$ 2 milhões, mas a metade já foi gasta no primeiro mês.

A contratação de cabos eleitorais incrementa o mercado de trabalho em todo o país, mas apenas o informal, sem carteira assinada. O gasto de todos os pretendentes a deputado com pessoal soma R$ 1,58 milhão. No espaço previsto pelo TSE para ;encargos sociais;, estão registrados apenas R$ 4,9 mil, o que corresponde a apenas 0,3% das contratações.

Perfil único
O perfil de gastos é mantido em praticamente todos os estados, mas há pequenas variações de uma região para outra. Nos estados mais ricos, o investimento em placas fica próximo ou até supera o gasto com impressos. No Rio de Janeiro, por exemplo, os candidatos gastaram R$ 1,2 milhão com impressos e R$ 1,5 milhão com placas. Os recordistas foram os deputados Rodrigo Maia (DEM) e Nelson Bornier (PMDB). Juntos, aplicaram R$ 550 mil em placas, estandartes e faixas. Na maior parte da Região Norte, os gastos com aluguel de carro são insignificantes.

A campanha de Cândido Vaccarezza (PT-SP) está entre as 10 mais caras. Ele concentrou os gastos em gráfica, contratação de pessoal e visual. ;É a melhor coisa: gráfica e gente. É isso que dá voto;, resumiu o deputado. Ele explicou o motivo da sua estratégia: ;Tenho que divulgar o meu nome. Eu sou líder do governo Lula. Algumas pessoas me conhecem. Como nós não temos televisão; eu não tenho programa de televisão, os candidatos do PT não aparecem na televisão. Só aparece o meu número;.

O deputado ACM Neto (DEM-BA) também investiu muito em impressos, mas teve um gasto especial. ;Eu tenho dois gastos muito pesados. Um é com material de propaganda. Impressos, confecção de placas, adesivos. São aqueles minidoors, de até quatro metros quadrados. Outro gasto pesado é com aeronaves. A Bahia é bem grande e é difícil fazer campanha. E tem outros itens importantes, como carro de som, mas os itens de divulgação são os mais onerosos;, relatou o candidato, que estima gastar R$ 3 milhões na campanha. Ele também justificou o gasto em divulgação pela falta de tempo na televisão. ;O tempo de TV é pouco para os candidatos proporcionais. Gasto, mas não muito. Esse é o maior gasto nas majoritárias.; Ele repassou recursos para candidatos a deputados estaduais. ;Eu estimulei várias candidaturas a estadual regionais. Então, é natural que distribua recursos a esses candidatos.;

No Rio Grande do Norte, Felipe Maia (DEM) aplicou R$ 371 mil em aluguel de carros. Foram locados 20 carros de passeio, três kombis, uma caminhonete Silverado e uma van Sprinter para transporte de funcionários da campanha, além de um trio elétrico. Ele disse que os 20 carros foram transformados em ;baratinhas; (carros de pequeno porte com uma caixa de som em cima). ;Quando faço caminhadas, o carro de som vai junto. O carro é para divulgar a mensagem, as realizações do mandato. Neste ano não existe comício, que era um momento em que você reunia um grande número de pessoas. A campanha é feita para pequenas concentrações de pessoas, em caminhadas. Com o carro de som, a gente atinge um número maior.; Ele já gastou R$ 531 mil, mas só arrecadou R$ 174 mil.

1 - Interesses diversos
Se estivessem interessados apenas no salário e em R$ 16,5 mil, muitos deputados teriam prejuízo com os investimentos feitos na campanha eleitoral. Em quatro anos, com 15 salários anuais, eles recebem um total de R$ 990 mil. Muitos candidatos vão investir de R$ 2 milhões a R$ 3 milhões nestas eleições, parte disso com recursos próprios. Mas deve ser considerado que a maior parte da campanha é financiada por doações de empresas e pessoas físicas. Além disso, há outros interesses em jogo no Congresso, sejam eles financeiros ou políticos.

Dos R$ 73 milhões recebidos até agora em doações, candidatos a deputado federal gastam R$ 37 milhões

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