postado em 07/09/2010 06:39
O corregedor da Receita Federal, Antonio Carlos Costa D;Ávila, informou na tarde de ontem que 2.949 contribuintes tiveram os dados fiscais acessados com a senha da servidora Adeildda Ferreira Leão, funcionária que teria levantado informações sigilosas do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge. Dos 2.949 acessos feitos pela servidora de 1; de agosto a 8 de dezembro de 2009 na agência em Mauá, apenas 358 são de contribuintes registrados no município paulista. Para o corregedor, o ;acesso imotivado; de Adeildda a dados fiscais de fora de Mauá deve ser investigado. ;É um indício, a priori, de acesso imotivado por parte da servidora. Esses acessos realizados pela servidora Adeildda ainda estão sendo investigados para saber qual foi a motivação. As informações serão repassadas para o Ministério Público;, afirmou D;Ávila.
O representante da Receita também confirmou o acesso a dados de Eduardo Jorge a partir de uma agência no município mineiro de Formiga. Segundo o corregedor, informações fiscais do vice-presidente do PSDB não foram invadidas, mas os dados cadastrais foram acessados. ;A corregedoria verificou que houve apenas acesso a dados cadastrais, tais como nome endereço, telefone;, informou. O analista tributário Gilberto Amarante, que teria feito o acesso aos dados de Eduardo Jorge na agência da Receita em Formiga, afirmou que não buscava informações sobre o presidente do PSDB, mas de um homônimo.
A Receita também divulgou nota negando o aparelhamento político da instituição e reafirmando que a secretaria tem mais de 30 mil servidores e os supostos vazamentos de dados de contribuintes são casos isolados. ;Os fatos noticiados, acessos eventualmente indevidos a dados sigilosos, são casos isolados. Foram identificados e os seus supostos responsáveis estão sendo investigados. Caso seja comprovada a culpa, mediante o devido processo legal, serão punidos na forma da lei;, traz a nota.
O ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, afirmou ontem que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu que a Polícia Federal e a Receita priorizem as apurações sobre as denúncias de quebra de sigilo fiscal de aliados do candidato à Presidência pelo PSDB, José Serra. ;O presidente orientou mais uma vez ao ministro Guido Mantega que a corregedoria da Receita acelere o processo de apuração;, afirmou Padilha.
Desconforto
Candidato do PSDB à Presidência, José Serra voltou a reclamar das violações cadastrais sofridas por aliados e por sua filha Verônica e afirmou que ;informou; a Lula sobre as quebras de sigilo. O tucano acusou o PT de não seguir preceitos democráticos. ;O PT convive com a democracia, mas com desconforto. No fundo da alma e, às vezes, até na superfície, eles não são democratas;, atacou o tucano. Para o presidenciável tucano, a Receita deveria ouvir um monte de gente e reforçou as críticas aos governo. ;Eles são admiráveis é na capacidade de negar, de procurar vítimas;, afirmou.
O presidente do PT, José Eduardo Dutra, informou que o partido entrou com requerimento pedindo que a Polícia Federal investigue todos os citados nas denúncias de quebra de sigilo fiscal. A candidata petista ao Planalto, Dilma Rousseff, também voltou a tocar no assunto. Segundo a ex-ministra de Lula, a instituição Receita Federal deve ser preservada e os fatos, apurados com rigor. ;A Receita inteira não deve ser jogada no chão e substituída. Não é isso. O que não significa que a apuração não tenha de ser rigorosa, doa a quem doer;, afirmou.
"O PT convive com a democracia, mas com desconforto. No fundo da alma, eles não são democratas;
José Serra, candidato do PSDB à Presidência
José Serra, candidato do PSDB à Presidência
"O presidente orientou mais uma vez ao ministro Mantega que a corregedoria da Receita acelere o processo de apuração;
Alexandre Padilha, ministro de Relações Institucionais
Alexandre Padilha, ministro de Relações Institucionais
Cofres de campanha
A candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, arrecadou mais que seus dois principais adversários juntos. De acordo com a prestação de contas entregue ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), as doações para Dilma chegaram aos R$ 39,5 milhões. No total, o comitê presidencial do PT tem receita de R$ 45 milhões.
O candidato tucano José Serra arrecadou R$ 26 milhões. Somada a receita de doações diretas para o candidato do PSDB e a receita do comitê presidencial, o valor chega aos R$ 27,5 milhões. O vice de Serra, o deputado federal Índio da Costa (DEM), conseguiu pouco mais de R$ 1 milhão em arrecadação. A prestação de contas do vice de Dilma, Michel Temer (PMDB), foi feita em conjunto com a da candidata. Logo, não é possível registrar a participação do companheiro de chapa da petista na arrecadação de campanha. O comitê nacional do PMDB declarou arrecadação de R$ 3,5 milhões. A candidata do PV, Marina Silva, tem R$ 12 milhões de Receita, em um montante total de R$ 13,3 milhões de seu comitê.
Dilma foi a candidata que mais arrecadou e mais gastou. Dos R$ 39,5 milhões de receita, R$ 38,9 foram consumidos. A produção dos programas de televisão despende a maior parte dos recursos: R$ 15 milhões. O tucano registrou gastos de R$ 6,2 milhões para os programas de TV.