Ivan Iunes
postado em 14/09/2010 08:12
O aumento da temperatura do conflito entre os candidatos ao governo baiano Geddel Vieira Lima (PMDB) e Jaques Wagner (PT) pode resultar no embarque do peemedebista e ex-ministro da Integração Nacional do governo Lula no palanque do DEM no estado, que faz oposição ao governo federal. Os dois ex-aliados têm andado às turras desde o ano passado, com troca de acusações e fortes ataques de Geddel ao governo do petista. Nas últimas duas semanas, o deputado federal aumentou o tom das ameaças e dá indícios claros de que pode apoiar Paulo Souto (DEM) em um eventual segundo turno entre o candidato do DEM e Wagner.O reforço à oposição tem raiz na participação do presidente Lula e de Dilma Rousseff (PT) em um comício do candidato petista há duas semanas. Embora o PMDB e o DEM no estado não admitam publicamente as conversas, a movimentação de Geddel nos últimos dias acendeu a luz de alerta entre os petistas. O partido deve montar uma ofensiva para tentar ganhar a eleição no primeiro turno. Atualmente, Wagner lidera a corrida com 49%, seguido por Souto, com 18%, e Geddel, com 12%, segundo levantamento do Ibope feito entre 24 e 26 de agosto. O receio é de que um apoio mesmo que informal do peemedebista possa turbinar a campanha do candidato do DEM.
Aliados de Wagner acreditam que Geddel elevou o volume das críticas no horário eleitoral nos últimos dias para conseguir aumentar o bônus político de um apoio no segundo turno a Souto e ao petista. ;Como está atrás nas pesquisas, o Geddel está vendendo dificuldade para colher facilidade. Apostou em ser o fiel da balança no processo eleitoral e está acenando para todo mundo já de olho no futuro. Ele quer se cacifar;, critica a deputada federal Alice Portugal (PCdoB-BA).
Para os petistas, a movimentação de Geddel rumo ao palanque de Souto também tem como objetivo afastar a possibilidade de nova participação de Lula e Dilma nas eleições baianas durante eventos públicos. Integrantes da cúpula do PMDB admitem que a presença da dupla no comício de Wagner fez o partido dar carta branca para o ex-ministro no estado. ;Geddel ficou muito insatisfeito com o que ocorreu, mas disse que já superou o episódio. O posicionamento é de que ele tem total liberdade para decidir o seu rumo caso não chegue ao segundo turno, mas ainda acreditamos que ele consiga levar a decisão para a prorrogação;, aposta o líder do PMDB na Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (RN).
Mesmo que Geddel não feche uma aliança formal com Souto, caso a eleição vá para o segundo turno, o endurecimento das críticas do peemedebista ao governo de Wagner é uma das apostas do candidato do DEM para tentar voltar ao Palácio de Ondina. Candidato ao Senado, o deputado federal José Carlos Aleluia (DEM-BA) não admite publicamente o diálogo aberto com o peemedebista, mas aposta que a aliança colherá, nas urnas, o resultado do conflito entre PMDB e PT no estado. ;Nossos levantamentos mostram que a rejeição a Wagner está aumentando muito, especialmente no sul da Bahia. Estamos trabalhando com a hipótese de virar a eleição ainda no primeiro turno. As conversas quanto a apoio para um segundo turno ainda não foram iniciadas;, despista Aleluia.