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Perfil: Roriz, o político que é amado e odiado na capital federal

Ana Maria Campos
postado em 15/09/2010 08:47
É impossível olhar para Joaquim Roriz com indiferença. Desperta dois sentimentos antagônicos, idolatria ou repúdio. Nos últimos 22 anos, o político de Luziânia (GO) governou quatro vezes o Distrito Federal. Ficou conhecido como um político populista e sempre discursou para os pobres, entre quem tem expressiva base eleitoral. Em suas gestões, construiu sete cidades e assentou milhares de famílias de outros estados em solo candango. Ganhou com a política a gratidão das pessoas mais humildes, mas a intolerância de setores críticos à expansão urbana sem controle.

Desprezado por parte das classes média e alta da capital do país, ele aprendeu a driblar as adversidades. Em 1994, saiu inteiro, porém abatido, da CPI do Orçamento, no Congresso Nacional. Foi investigado, à época, por movimentação financeira incompatível com a sua renda, além de negociação de emendas com os chamados ;anões do orçamento;. A CPI descobriu pagamentos a sete deputados distritais da base governista, que teriam recebido dinheiro a mando do chefe do Executivo. O caso, no entanto, foi apenas mais um dos terremotos enfrentados por Roriz.

Já na primeira eleição, em 1990, ele sofreu sua primeira impugnação. Naquele ano, a candidatura dele foi considerada uma tentativa de reeleição, o que era até então proibido. Havia sido nomeado dois anos antes pelo então presidente, José Sarney, para o mandato biônico. A tese de reeleição foi derrubada na Justiça Eleitoral. Roriz foi assim o primeiro governador eleito da história de Brasília. Quatro anos depois, deixou o poder, que foi ocupado pela oposição, representada por Cristovam Buarque.

Mesmo com alta popularidade, Cristovam ; quando já havia a possibilidade de reeleição ; foi derrotado nas urnas por um político que passou quatro anos fora do cenário, na sua fazenda em Luziânia e em viagens aos Estados Unidos. Em 2002, a vitória também aconteceu, mas de uma forma bem mais difícil. Envolvido em denúncias de grilagem de terra, suposto favorecimento a construção de condomínios e desvios de recursos na construção da Ponte JK, Roriz por pouco não perdeu para outro petista, Geraldo Magela. Saiu da votação fragilidado, com representações por uso da máquina e abuso de poder econômico, além de envolvimento de empresas de informática em sua campanha.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou a apostar publicamente que Roriz seria cassado e Magela assumiria o cargo. Por cinco votos a um, no entanto, o TSE lhe deu uma segunda vitória, a possibilidade de continuar no comando do DF, por falta de provas sobre as irregularidades apontadas pelo Ministério Público e pelo PT. Roriz se estabilizou e chegou às eleições de 2006 disputado por cinco aliados, que sonhavam com seu apoio. Venceu para o Senado com votação expressiva, mas novamente um escândalo o atingiu. Gravação de uma conversa dele com o então presidente do BRB, Tarcísio Franklin de Moura, interceptada pela Operação Aquarela, indicou negociações para a partilha de um cheque de R$ 2,2 milhões do empresário Nenê Constantino. A justificativa seria de que o dinheiro era um empréstimo para a compra do embrião de uma vaca. O caso ficou conhecido como o da bezerra de ouro e é o principal motivo da instabilidade jurídica enfrentada pelo ex-governador, que sonha administrar o DF pela quinta vez.

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