Eleicoes2010

Roriz defende inchaço do "quadrilátero" e Agnelo descarta vans

postado em 15/09/2010 08:49
O quarto bloco do debate foi aproveitado pelos candidatos ao Buriti para fazer propostas sobre temas polêmicos. Segundo o ex-governador Joaquim Roriz (PSC), é necessário aumentar a área do Distrito Federal para abrigar a população dos municípios da região do Entorno, trazendo para a capital da República os problemas das cidades de Goiás e de Minas Gerais. Por sua vez, Agnelo Queiroz (PT) afirmou que não permitirá o retorno das vans nas vias do DF.

A pergunta ao ex-governador foi feita pela jornalista Mônica Harada, repórter do site correiobraziliense.com.br. Ela lembrou-se das promessas de Roriz de criar novas cidades e aumentar o território da capital federal, apesar das graves deficiências nos serviços de saúde, segurança e educação. ;Essa não é uma promessa eleitoreira, já que não existe dinheiro sequer para suprir a demanda desses serviços para os moradores de Brasília?;. Roriz buscou na história justificativa para a proposta.

O ex-governador citou a Constituição de 1891, que determinava uma área de 14,4 mil quilômetros quadrados para a criação da nova capital, além da comissão exploradora realizada no ano seguinte e batizada de Missão Cruls, responsável pela demarcação de Brasília. Segundo Roriz, quando Juscelino Kubitschek resolveu criar de fato a cidade, a área foi reduzida para diminuir os gastos com a desapropriação. ;Brasília representa uma esperança para o povo brasileiro. O processo migratório é enorme e hoje entendemos que o quadrilátero ficou insuficiente. Por isso, defendemos a ideia de aumentá-lo para retornar ao que foi definido em 1891;, disse o candidato.

A região do Entorno representa um significativo índice do eleitorado brasiliense. Desde as últimas eleições, em 2006, 47,4 mil pessoas que votavam nas cidades vizinhas mudaram o título para o DF. Essas transferências fazem parte de um movimento pendular que se repete a cada quatro anos. Nos intervalos desses períodos, quando existem pleitos para prefeitos e vereadores, os eleitores goianos e mineiros mudam novamente o domicílio eleitoral para as cidades de origem. Roriz tem certa força nessas localidades, principalmente em Luziânia, onde moram familiares e onde possui terras. ;Sei que existem problemas internos (em Brasília), porém a solução está no aumento do quadrilátero porque iremos definir áreas suficientes para ampliar e criar novas cidades, se for necessário.;

Mudança radical
A repórter especial de política do Correio Denise Rothenburg questionou Agnelo Queiroz sobre a volta das vans: ;Quando existiam, os passageiros reclamavam da insegurança e da falta de comodidade. Com os micro-ônibus, os problemas estavam nos itinerários. De alguma forma, as vans fazem parte do seu programa de governo?;. Ao contrário do que disse em outras entrevistas, quando admitiu a possibilidade do retorno como transporte auxiliar, o petista foi enfático em descartar o uso. ;Não fazem parte;, respondeu.

Agnelo defendeu uma mudança radical no serviço ;porque é uma questão de sobrevivência da capital do Brasil;. Ele aproveitou para apresentar números da área: 1,1 milhão de carros no DF , ao ritmo de 100 mil emplacamentos por ano. ;Em nove anos, ninguém andará na cidade. Por isso, o meu compromisso é fazer um sistema de qualidade que desestimule o uso do transporte particular;, afirmou. O ex-ministro do Esporte prometeu, ainda, implantar o bilhete único. ;Temos recursos materiais e humanos, o que falta é vontade política para mudar.;


Palanque eletrônico
Eles falam e pouco dizem

>> Dad Squarisi

Somos privilegiados. Temos quatro candidatos que só querem o bem da cidade. Com o discurso na ponta da língua, escorregam bem. Dão a impressão de que respondem, mas falam sem dizer. Prova? Brandão apela pra tautologia. Quer ganhar ganhando. Também faz mágicas. Diz que sempre foi oposição ao ex-governo Joaquim Roriz. Ops! Ser oposição ao ex-governo? É bater no nada. Sem ligar, ele rima: ;Dia três, vote 43;.
;Sou o melhor;, diz Roriz. Confiante na experiência, abusa de pleonasmos. Esbanja ;há anos atrás;. Agnelo não fala em meia gravidez. Fala em ;pouco honesto;. Toninho põe os pontos nos is: ;Considero que chamar a pessoa de pouco honesta é chamá-la de desonesta;. Criativo, ;quer as contas publicizadas;. Em grupo heterogêneo, sobressai um ponto comum. Qual? Vote em mim.


Poucos recursos e aliança à vista

O candidato Toninho do PSol classificou de ;injusta; a disputa pelo Governo do Distrito Federal (GDF) por haver um desequilíbrio econômico que favorece os concorrentes do PT, Agnelo Queiroz, e do PSC, Joaquim Roriz. O socialista disse que sua campanha registrou gasto de quase R$ 32 mil, enquanto os principais concorrentes dispuseram de recursos milionários ; no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), os gastos registrados de Agnelo somaram R$ 1,8 milhão, enquanto os de Roriz ficaram na casa de R$ 1,1 milhão. ;É difícil competir numa eleição injusta e marcada por tanta desigualdade;, reclamou.

Toninho, entretanto, afirmou que está satisfeito com os índices atingidos nas pesquisas de intenção de votos ; hoje na casa dos 2%, segundo último levantamento do Instituto CB Data.

Os comentários de Toninho foram uma resposta ao questionamento do jornalista Luiz Carlos Azedo, do Correio, que perguntou se as dificuldades de sua campanha eram reflexo de suas propostas ou de os eleitores não estarem sensibilizados com o discurso da ética e da moralidade, bandeira de sua candidatura.

Já o concorrente do PV, Eduardo Brandão, foi questionado pelo jornalista Leonardo Meireles, do Aqui DF, sobre a possibilidade de, no caso de perder a disputa, participar do governo de algum dos concorrentes, levando-se em conta que a legenda, em 2006, apoiou o PT e, posteriormente, integrou a gestão de José Roberto Arruda (ex-DEM).

Brandão afirmou que, nesse cenário, estaria aberto a qualquer aliança. ;Gostamos de ajudar, de participar e de contribuir com a sociedade. Temos condição de dar mais qualidade a governos que não são nossos. Caso saiamos vitoriosos, vamos convidar outros políticos que possam vir nos ajudar;, disse Brandão, que foi subsecretário de Meio Ambiente de Arruda.


Cara a cara

"Sei que existem problemas internos (em Brasília), porém a solução está no aumento do quadrilátero porque iremos definir áreas suficientes para ampliar e criar novas cidades, se for necessário"
Joaquim Roriz (PSC)

"O meu compromisso é fazer um sistema que desestimule o uso do transporte particular. Temos recursos materiais e humanos, o que falta é vontade política para mudar"
Agnelo Queiroz (PT)

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