Eleicoes2010

Atacado, Agnelo usa a popularidade de Lula para se defender das acusações

postado em 15/09/2010 09:02
>> Helena Mader
>> Luciano Pires
>> Maria Fernanda Seixas


Alvo predileto dos adversários ao longo de toda a noite de ontem, o candidato Agnelo Queiroz (PT) saiu em sua própria defesa no quinto e último bloco do debate. O ex-ministro do Esporte rebateu acusações e atribuiu os ataques ao fato de liderar as pesquisas de intenção de votos. Como estratégia para esquivar-se, o petista defendeu de forma enfática a inédita aliança partidária formada para disputar o Governo do Distrito Federal (GDF).

Somente no fim Agnelo tentou pegar carona na popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. ;A cidade está passando por uma crise porque tem 14 anos de um projeto falido, mas que vai mudar. Reunimos 11 partidos políticos, que formam a base do presidente Lula, a mesma da nossa companheira Dilma (Rousseff);, disse. De forma cifrada, o cabeça de chapa da coligação Um Novo Caminho ainda ironizou o comportamento dos demais durante o embate na televisão. ;A troca de amabilidades entre eles para me atacar é pouco honesta. É feio posar de esquerda, mas ser força auxiliar para a direita;, completou.

Durante a última parte do debate, cada candidato teve três minutos livres para enfatizar suas bandeiras. Deixando as rixas de lado, tentaram destacar pontos fortes das plataformas. Toninho do PSol, Agnelo e Eduardo Brandão (PV) defenderam mudanças no cenário político da cidade. Já Joaquim Roriz (PSC), que governou o Distrito Federal por quatro vezes, valorizou sua experiência administrativa e prometeu dar continuidade ao trabalho desenvolvido no passado.

Depois de um sorteio, o primeiro a falar foi Toninho do PSol. Ele reafirmou seu discurso em defesa da ética e prometeu realizar auditorias em todas as secretarias. ;Quero assumir o compromisso de fazer um governo ético, sério, honesto e com transparência absoluta. As contas serão públicas para que os contribuintes possam acompanhar a execução do orçamento, que será de R$ 21 bilhões no ano que vem;, explicou.

Na sequência, Roriz aproveitou para demonstrar confiança na liberação de sua candidatura, barrada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e cujo recurso deverá ser analisado em breve pelo Supremo Tribunal Federal (STF). ;Tenho certeza de que o STF fará um julgamento eminentemente constitucional. Nossa candidatura reúne qualidades que meus adversários não têm, não por falta de competência, mas de experiência;, justificou. ;Fui quatro vezes governador e criei nove cidades. Minha obra está à vista de todos;, acrescentou.

Eduardo Brandão se esforçou para cristalizar a imagem de mudança e voltou a lançar dúvidas sobre as alianças firmadas por Agnelo. ;Nossa candidatura é uma alternativa para o Distrito Federal e representa a única forma de fazer uma ruptura pacífica. Vamos virar a página dessa história dolorosa que tomou conta da cidade e resgatar a dignidade do nosso povo. Pretendo tirar Brasília do século 19;, disse Brandão.

Aproveitando-se do crescimento da economia e do fato da candidata do PT, Dilma Rousseff, ter disparado nas pesquisas, Agnelo Queiroz enalteceu as realizações do governo federal, como a geração de 14 milhões de empregos. ;O Distrito Federal não pode ficar de fora deste momento mágico. Nossa aliança é a mesma firmada pelo presidente Lula e, com ela, vamos resolver problemas de saúde pública, construir creches, melhorar a segurança e diminuir as desigualdades;, afirmou.

Ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral, o advogado Antônio Vilas Boas Teixeira de Carvalho comandou a comissão de avaliação dos pedidos de direito de resposta ; foram três no total, dois de Agnelo e um de Toninho. Ele elogiou a iniciativa promovida pelos Diários Associados. ;O debate teve uma boa linha de conduta, com respeito mútuo, salvo em poucos momentos em que a coordenação se viu obrigada a interferir.;

*Colaborou Luísa Medeiros


Cara a cara

"Reunimos 11 partidos políticos, que formam a base do presidente Lula, a mesma da nossa companheira Dilma"
Agnelo Queiroz (PT)

"Todas as contas serão públicas para que os contribuintes possam acompanhar a execução do orçamento"
Toninho do PSol


Quem ganhou foi a democracia

Apesar das seguidas trocas de farpas durante o debate, o clima foi amistoso entre os candidatos. Todos ressaltaram a importância do encontro, o primeiro com cobertura multimídia da história do Distrito Federal. Para o diretor-presidente do Correio Braziliense, Álvaro Teixeira da Costa, o debate serviu para fortalecer a democracia na capital do país. ;É um momento especial para Brasília. Estamos comemorando os 50 anos com uma eleição histórica, que deve resolver toda a crise política que estamos enfrentando;, afirmou. ;O debate foi importante porque contribuiu para a democracia e ajudou o eleitor.;

Na avaliação do superintendente da TV Brasília, Luís Eduardo Leão, o debate reforçou a importância dos Diários Associados para Brasília. ;O debate demonstra o poder que os Diários Associados tem como grupo multimídia para levar toda essa informação ao brasiliense;, afirmou. Para o candidato Toninho do PSol, a iniciativa foi uma excelente maneira de divulgar propostas e mostrar as bandeiras de cada candidato. ;Gostaria de agradecer a oportunidade. Brasília é a capital que acolhe brasileiros de todos os cantos do país e essa iniciativa é importante para que os eleitores conheçam a realidade política.;

Joaquim Roriz garantiu ter participado de todos os debates realizados até agora porque acredita que essa é a melhor maneira de mostrar seu plano de governo ao eleitorado. ;Aceitei todos os convites porque quero debater democraticamente e apresentar meu programa. Não usei e não vou usar esses espaços para atacar adversários, desde que eu não seja atacado com calúnias;, disse. Para Eduardo Brandão, o encontro organizado pelo grupo foi um grande espaço democrático. ;Gostaria de agradecer aos Diários Associados por esse debate, que certamente ajuda a consolidar a democracia na cidade.;

Já Agnelo Queiroz afirmou que a discussão entre os concorrentes ao Palácio do Buriti fortalece as eleições. ;A iniciativa foi brilhante porque os eleitores puderam acompanhar o debate pela televisão, pela internet e pelo rádio. Isso fortalece o processo democrático.;


O juiz do debate
Coube ao jurista Antônio Vilas Boas Teixeira de Carvalho um dos papéis fundamentais do debate. Foi ele o coordenador da comissão que analisou os pedidos de resposta dos candidatos que se sentiram atingidos por algum comentário feito pelos rivais. Antônio Vilas Boas, 64 anos, trabalha na área jurídica desde 1969. Cursou direito na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), mas se graduou na Universidade de Brasília (UnB). Vilas Boas já atuou em todos os tribunais e instâncias, inclusive no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Hoje, concentra seu trabalho nas áreas de direito civil, administrativo e comercial, com atuações frequentes no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Já foi ministro do TSE e, desde 1992, dedica-se integralmente ao escritório Vilas Boas Advogados Associados.

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