Ivan Iunes
postado em 16/09/2010 09:15
A estratégia de defesa da ministra da Casa Civil, Erenice Guerra, no suposto caso de tráfico de influência no governo federal, irritou parte dos políticos envolvidos na campanha presidencial petista. A avaliação é de que a ministra avançou o sinal ao adotar um tom pessoal na nota oficial distribuída sobre o caso. ;Não concordo que a melhor defesa é o ataque. A melhor defesa é a defesa. Seria melhor a Erenice explicar, elucidar o caso, apresentar provas da sua inocência;, apontou o secretário de Comunicação do PT, André Vargas.O presidente do PT, José Eduardo Dutra, admitiu que o caso pode provocar estragos na corrida eleitoral. ;A tarefa da oposição é tentar inflar isso o máximo possível, mas ninguém tem ao mesmo tempo direito de apurar, divulgar, indiciar e acusar. A Polícia Federal e a Comissão de Ética estão apurando as situações. Temos de ter cautela;, disse Dutra.
O principal incômodo da campanha petista com a nota emitida pela Casa Civil diz respeito ao tom eleitoral e à afirmação de que as denúncias partiriam de um candidato ;aético; e ;já derrotado;. Mesmo com o texto considerado desastroso por petistas ligados à campanha presidencial, a frase comum é de que apenas o presidente pode decidir sobre um possível afastamento de Erenice. ;Ela tem o direito de reagir. O presidente Lula é que tem de analisar se essa reação foi ou não exagerada. Não é prudente falar em afastamento neste momento, já que as investigações sobre o caso mal tiveram início;, opina Vargas.
Testemunha
Pressionado pela oposição a entrar no caso, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, declarou ontem que as denúncias que pesam sobre a Casa Civil são graves, mas que ainda não há elementos suficientes que envolvam Erenice no caso. ;Temos que fazer apuração preliminar dos fatos para ver se há elementos mínimos que justifiquem que a ministra seja ouvida;, afirma Gurgel.
O procurador ainda criticou a utilização eleitoral do episódio. ;O Ministério Público não servirá de instrumento daqueles que têm interesse em mostrar o envolvimento do governo. O MP tem a preocupação de não virar instrumento nem da campanha da ministra Dilma nem da campanha do governador (José) Serra;, resumiu Gurgel. Como Erenice tem foro privilegiado por ser ministra, só poderá ser investigada com a autorização do Supremo Tribunal Federal. Sem o aval dos ministros, ela só pode ser ouvida no inquérito aberto pela Polícia Federal na condição de testemunha.