Luiz Calcagno
postado em 19/09/2010 09:04
Mesmo com o processo eleitoral no auge ; o primeiro turno das eleições ocorrerá em duas semanas ;, parte considerável das pessoas não têm acompanhado o horário eleitoral transmitido em rede de rádio e televisão, uma das principais fontes de informação sobre os candidatos. A partir da projeção criada pela pesquisa de opinião realizada pelo Instituto FSB, feita exclusivamente para o Correio Braziliense, é possível constatar que 20% da população nunca assistiu à programação eleitoral dos concorrentes ao Governo do Distrito Federal. O principal desinteresse é quanto à propaganda política de deputados federais, programa ignorado por 23,2% dos entrevistados.O levantamento também revelou traços do caráter do eleitorado no DF ao fazer questões que apuram o grau de preocupação com princípios como a ética e a moralidade. Os mais de mil entrevistados durante a sondagem foram colocados diante da seguinte hipótese: ;Uma mãe com vários filhos tem que tirar uma certidão de nascimento para um deles. Para não perder tempo esperando, ela paga R$ 10 a um funcionário público;. No entendimento de 39% das pessoas, o que essa mãe fez foi errado e caracteriza-se como corrupção passível de castigo. Um percentual expressivo de entrevistados (30%) disse que se trata de caso de corrupção, mas acha que a atitude se justifica; outros 20% não viram nada de errado na iniciativa da mãe.
Compra de gabarito
Em questionamento cujo objetivo também foi medir o grau de noção sobre conceitos relacionados aos bons costumes, a pesquisa quis saber o que as pessoas pensam de alguém desempregado que não teve condições de estudar e compra o gabarito de uma prova de concurso público com oferta de um bom salário. A maioria dos participantes (75%) respondeu que, se estivesse no lugar desse indivíduo, não pagaria para obter a cola do teste de jeito nenhum. Porém as respostas foram um pouco diferentes quando os entrevistadores repetiram a pergunta, mas pediram que as pessoas imaginassem que candidatos às eleições estivessem diante desse dilema. Nesse caso, 43% acham que os políticos comprariam o gabarito com certeza ou a depender dos valores do salário ou da cola.
O resultado é sinal de que muitos eleitores não confiam em seus pretendentes a representantes, caso do funcionário público Anderson Trindade, 39 anos, morador do Guará. À reportagem do Correio, ele demonstrou que tem boa memória. Lembra-se de quem escolheu há quatro anos e, por isso mesmo, se decepcionou. ;Sei bem em quem votei e fiquei frustrado porque meu candidato não fez nada de bom. É muito importante acompanhar os passos dos políticos que escolhemos;, sugere. Um antídoto contra a malícia dos políticos foi proposto por um estudante de psicologia da UnB. Rodrigo Monteiro, 25 anos, recomenda: ;É preciso marcar presença. Muitas pessoas convencem a população a votar nelas, mas acabam agindo em benefício próprio. A gente tem de ficar atento e cobrar as promessas desses candidatos;.