Eleicoes2010

Debate mostra Roriz, Toninho e Eduardo Brandão unidos contra Agnelo

Ana Maria Campos
postado em 19/09/2010 09:11
A participação dos candidatos ao Governo do Distrito Federal (GDF) no debate promovido pelos Diários Associados na última terça-feira evidenciou a estratégia definida pelos adversários de Agnelo Queiroz (PT) na reta final da campanha: tentar levar a eleição para o segundo turno. Cada um com seus próprios motivos, Joaquim Roriz (PSC), Eduardo Brandão (PV) e Toninho do PSol aproveitaram o espaço oferecido pelo Correio Braziliense e pela TV Brasília para tentar desgastar o petista, que lidera as pesquisas de intenções de votos e, caso não ocorra uma reviravolta nas próximas duas semanas, tem condições de vencer já em 3 de outubro.

Para Roriz, segundo colocado nos levantamentos eleitorais registrados nas últimas semanas, o crescimento dos concorrentes nanicos é importante como tática para abocanhar votos de Agnelo. Pelo perfil da campanha e o passado político, Brandão e Toninho têm um eleitorado mais identificado com o antirrorizismo. Por isso, eles avançam na faixa simpática ao petista e entre os indecisos. Roriz mantém, assim, intacto o seu patamar de votos, mas prejudica o petista.

Como cada passo dos postulantes do Buriti é milimetricamente pensado pela equipe de assessores nessa fase da campanha, Roriz e Toninho se associaram no debate num objetivo comum: criticar um dos pontos considerados mais vulneráveis da candidatura petista, a aliança de Agnelo com antigos adversários do PMDB, alguns dos quais sob investigação na Operação Caixa de Pandora, como os deputados Benício Tavares e Rôney Nemer. A união, embora não admitida pelo candidato do PSol, foi momentânea. Num segundo turno, Toninho jamais apoiaria Roriz. O PSol é autor da representação que levou à renúncia de Roriz ao mandato no Senado em 2007 e um dos coautores da ação de impugnação da candidatura do ex-governador com base na Lei da Ficha Limpa.

Mesmo assim, na oportunidade que teve de fazer uma pergunta a Toninho, Roriz rasgou seda ao concorrente. Pediu licença para questioná-lo, disse que não queria ser deselegante e, depois de ouvir a resposta, agradeceu as palavras do adversário. O tema em questão era a coligação entre PT e PMDB que levou o deputado Tadeu Filippelli, ex-braço direito do ex-governador, para a chapa de Agnelo. Sem citar o nome do peemedebista, Roriz disse que aqueles que o abandonaram são ;oportunistas; e ;querem tirar vantagem política;. Toninho usou o tempo de resposta e a réplica para atacar a união entre petistas e peemedebistas. ;O PT faz alianças sem qualquer critério;, analisou.

A parceria de Toninho com Roriz durante o debate irritou Agnelo que o acusou de estar fazendo uma ;linha auxiliar da direita;. Ex-petista, Toninho tem uma militância política muito mais sintonizada com a candidatura de Agnelo do que com a do ex-governador. Mas os militantes do PSol, a exemplo do ocorre em âmbito nacional como o presidenciável Plínio de Arruda Sampaio, outro ex-fundador do PT, têm sido críticos ao chamado pragmatismo petista que leva a alianças com políticos combatidos no passado. ;A turma do PT está tentando inocular a versão de que estou do lado de Roriz. Isso é um absurdo. Fui eu que ingressei com uma ação de impugnação contra a candidatura dele, enquanto PT e PMDB colocaram o rabo entre as pernas e não fizeram nada para contestar o fato de o ex-governador ser ficha suja;, rebateu Toninho.

O candidato do PSol, com cerca de 3% das intenções de votos, sabe que dificilmente chegará ao segundo turno, caso a eleição não seja decidida na primeira rodada. Mas seu crescimento é fundamental para alavancar a candidatura de Maria José Maninha, uma das estrelas do PSol, a deputada distrital e também como forma de fortalecer a legenda no DF. Para Eduardo Brandão, um segundo turno pode deixar o PV numa situação confortável como aliado a ser disputado. O próprio candidato do PV sinalizou que aceitaria colaborar com o próximo governo, como fez na gestão de José Roberto Arruda, na condição de subsecretário de Meio Ambiente.

Multimídia
Promovido no auditório do Correio, o debate teve cobertura da reportagem do jornal e transmissão pela TV Brasília e pelo Correiobrazilense.com.br, além de inserções durante a programação das rádios Clube AM e FM. A mediação coube à editora da TV Brasília Simone Souto. Repórteres do Correio, do Aqui DF, do Correioweb e do site do jornal participaram do evento, fazendo perguntas aos candidatos.

Foram convidados os quatro postulantes ao Buriti cujos partidos têm representação na Câmara dos Deputados.

Audiência
Durante a transmissão entre as 22h15 e as 23h30 de terça-feira, a TV Brasília ocupou o segundo lugar na preferência do telespectador em vários momentos. Em geral, o debate alcançou picos de oito pontos, com uma média de cinco pontos, segundo dados registrados pelo Ibope.

À espera do Supremo
Desde o início, a estratégia de Roriz era tentar decidir a eleição no primeiro turno. Até um mês atrás, a equipe da campanha do ex-governador trabalhava com um cenário de vantagem. Mas as incertezas jurídicas provocadas pela decisão da Justiça Eleitoral de negar o registro da candidatura dele com base na Lei da Ficha Limpa tiraram votos do ex-governador. Por isso, ele aposta na sessão da próxima quarta-feira do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre um recurso extraordinário contra a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que o considerou inelegível. ;Acreditamos numa vitória no primeiro turno. A decisão do STF favorável ao (ex) governador vai consolidar a candidatura e terá grande impacto na campanha;, acredita o coordenador de Comunicação de Roriz, Paulo Fona.

Caso os ministros do STF julguem inconstitucional a aplicação da Lei da Ficha Limpa nestas eleições, Roriz terá 11 dias para divulgar ao eleitorado que tem o aval da Justiça e tentar reverter o resultado desfavorável indicado nas pesquisas. Se o tempo não for suficiente, levar a disputa para um segundo turno, com mais três semanas para o corpo a corpo com a população, será uma vitória para Roriz no quadro atual. Agnelo Queiroz não quis comentar a estratégia dos adversários no debate. A assessoria do candidato informou que ele está concentrado na campanha.

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