Eleicoes2010

Lula e Dilma adotam discursos distintos para comentar denúncias contra Casa Civil

Ivan Iunes
postado em 19/09/2010 11:03
A presidenciável Dilma Rousseff (PT) e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva adotaram tons distintos para comentar as denúncias envolvendo a ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra, ontem, em Campinas (SP). Enquanto a candidata buscou se afastar das acusações e pediu apuração rigorosa sobre o suposto lobby ilegal praticado por familiares de sua ex-assessora no ministério, Lula tentou desqualificar os ataques e apontou uma suposta motivação eleitoral como principal combustível do escândalo. De manhã, Dilma manteve a estratégia traçada pelo marketing de campanha petista e buscou se descolar da imagem de Erenice. Depois de lavar as mãos para o caso e garantir que não sabia da atuação como lobista de Israel Guerra, filho da ex-ministra, dentro do governo, a candidata do PT pediu punição exemplar para os envolvidos no episódio de tráfico de influência no quarto andar do Palácio do Planalto. "Todas as denúncias têm de ser rigorosamente apuradas e investigadas. Acredito que as pessoas culpadas têm de ser drasticamente punidas", afirmou. A presidenciável petista foi ao interior paulista para um comício com o presidente Lula e tomou café da manhã com o ator Benicio Del Toro, conhecido por ter interpretado o guerrilheiro argentino Ernesto Che Guevara nos cinemas. De acordo com Dilma, o artista se mostrou interessado pela campanha eleitoral no Brasil e se mantém inteirado sobre a realidade da America Latina e do Caribe. "Ele estava muito interessado na eleição. Parece que ele vai ao comício. Acho que vai ser interessante. No Brasil, nós mostramos para ele que nós somos os únicos que fazem comício neste país", provocou a candidata. Confiança Ao comentar o caso Erenice, Dilma reafirmou confiança na atuação da ex-assessora, mas garantiu que nunca soube de irregularidades cometidas por familiares da antiga colaboradora. "Qualquer ato que a desabone tem que ser provado, e não vice-versa. Eu aguardo, não faço pré-julgamento. A ministra Erenice trabalhou comigo e, enquanto trabalhou comigo, demonstrou muita capacidade", afirmou a candidata. Considerada braço-direito de Dilma quando a presidenciável era titular da Casa Civil, Erenice foi alçada à condição de ministra por pedido pessoal da petista ao presidente. Acabou demitida depois de 168 dias no posto, chamuscada por uma série de denúncias. Se Dilma atribuiu gravidade ao escândalo e lavou as mãos quanto à atuação de Israel como lobista de empresas privadas, Lula buscou minimizar os efeitos eleitorais do caso, desqualificando as acusações. Durante o comício no interior paulista, ele atribuiu o episódio ao jogo eleitoral. No palanque, ao lado de Dilma, o presidente da República recomendou que a candidata não perca o "bom humor" por causa da série de denúncias. "Se mantenham tranquilos, porque outra vez, Dilma, nós não vamos derrotar apenas os nossos adversários tucanos. Nós vamos derrotar alguns jornais e revistas que se comportam como se fossem partido político e não tem coragem de dizer que são partido político", atacou Lula.

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