postado em 23/09/2010 08:30
Porto Alegre ; No acampamento Farroupilha, montado num parque à beira do Rio Guaíba para comemorar o 20 de setembro, aniversário da Revolução Farroupilha, as bandeiras dos petistas, pedindo votos para a presidenciável Dilma Rousseff e para a coligação do candidato a governador, Tarso Genro, estão em toda a parte, emoldurando uma caminhada do senador Paulo Paim (PT-RS), candidato à reeleição. Paim mal consegue entrar no parque Harmonia, de tanta gente à sua volta. José Fogaça, candidato a governador pelo PMDB, chega sozinho, acompanhado de assessores. Caminha alguns metros sem que ninguém se aproxime. À medida que vai andando, alguns poucos param para tirar fotos com o ex-prefeito. Yeda Crusius (PSDB), governadora candidata à reeleição, preferiu deixar sua visita para o desfile oficial, no dia 20. No último fim de semana, fazia campanha pelo interior do estado, em busca de um milagre.Desde o primeiro pleito em que governadores e presidente da República puderam se apresentar ao eleitor em busca de um segundo mandato, os gaúchos nunca reelegeram o seu chefe do Executivo. E, de 1998 até hoje, o único que não tentou essa façanha foi Olívio Dutra, do PT. Ele não foi candidato porque o partido, em 2002, realizou prévia para a escolha do seu representante e optou por Tarso Genro, justamente para tentar driblar os desgastes de Olívio e as dificuldades dos gaúchos em aceitar a reeleição. Não colou. Nesta eleição, o eleitorado gaúcho caminha para confirmar essa regra de ouro não escrita de rejeitar a reeleição e, ao mesmo tempo, quebrar outra: a da eleição em dois turnos.
Com uma campanha colada na imagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e em Dilma Rousseff, o ex-ministro da Justiça Tarso Genro lidera todas as pesquisas com um discurso em que prega a harmonia do governo estadual com o federal. Também usou como pôde os cargos que ocupou no governo Lula. Ex-ministro de Relações Institucionais que montou o chamado Conselho de Desenvolvimento Econômico Social, Genro atraiu o empresariado local com a perspectiva de repetir no Rio Grande do Sul o mesmo ;conselhão; ; considerado um dos trunfos de Lula no plano federal, que permitiu ao presidente manter um canal direto com o empresariado.
Tradição
Diante da organização que Tarso montou em sua campanha, os dois principais adversários, José Fogaça e Yeda Crusius apelam para a tradição do eleitorado de sempre escolher seu governador num embate mais direto num segundo turno. E se batem mutuamente ainda para ver quem chegará à sonhada etapa final. ;Temos que mudar e fazer no estado a mudança que fizemos em Porto Alegre;, prega o ex-prefeito Fogaça. ;Tudo o que eles estão prometendo meu governo já fez;, diz Yeda, numa campanha em que os escândalos de tráfico de influência na Casa Civil na Presidência da República, ou mesmo a quebra de sigilo fiscal, estão distantes. Até porque, indicam as avaliações mais técnicas, não será isso que vai tirar Yeda do terceiro lugar.
Na busca pelo segundo turno, tanto Yeda quanto Fogaça enfrentam outro problema: a ausência de uma campanha casada com candidato a presidente da República. No material tucano, quase não se vê o nome de José Serra. Yeda também não costuma citar o presidenciável. No último debate entre os candidatos a governador, por exemplo, enquanto Tarso falava de uma parceria com Dilma, a tucana se limitou a citar o que fazia pelo Rio Grande do Sul.
Fogaça não tem hoje sequer um candidato a presidente para chamar de seu. ;O que atrapalha é o PMDB não ter um candidato a presidente da República. Esse é um grande erro estratégico do PMDB. Como militante, quero um projeto nacional para o meu partido;, afirma o peemedebista, que não tem conseguido levar o eleitorado a acreditar que ele é aliado de Dilma e de Lula. Até porque o presidente está na TV quase que diariamente dizendo que seu candidato é Tarso Genro. ;Por enquanto, estou focado aqui na busca do segundo turno. Mas, depois da eleição, o PMDB terá que se reunir e definir o que quer da vida. Passar o tempo a reboque, não dá;, diz Fogaça, seguindo sua caminhada pelo parque Farroupilha, disposto a abrir, no futuro, uma revolução no partido.