postado em 24/09/2010 08:00
Porto Alegre ; O senador Paulo Paim (PT-RS) não sai mais das ruas de Porto Alegre e da região metropolitana da capital do Rio Grande do Sul. No feriadão do último fim de semana, quando os gaúchos pararam para as comemorações da Revolução Farroupilha, foram mais de 12 horas de caminhada e outras seis destinadas a discursos e debates. O próprio Paim comenta com amigos que nunca perdeu uma eleição e também nunca andou tanto nas campanhas políticas que enfrentou desde 1986, quando conquistou seu primeiro mandato de deputado federal. Desta vez, entretanto, os ventos estão diferentes. Pela primeira vez, o senador, que ganhou fama de defender os aposentados e projetos que desagradam a área econômica, corre o risco de derrota. Sua algoz: a jornalista Ana Amélia Lemos, do PP, que estreia na disputa por um mandato eletivo.Conhecida entre os colegas como uma espécie de ;papisa; do jornalismo político no Rio Grande do Sul, Ana Amélia se prepara para desancar uma das suas antigas fontes de notícias no estado. Ela aparece em primeiro lugar nas pesquisas de intenção de voto. O último Datafolha, divulgado há menos de uma semana, apontava 47% das intenções de voto para Ana Amélia. Paim e Germano Rigotto (PMDB), os principais adversários, aparecem empatados, com 41% cada.
Essa posição lhe conferiu o título de senhora absoluta da disputa. Nenhum dos rivais ataca Ana Amélia, de olho no segundo voto para senador. Hoje, essa herança parece mais próxima de Germano Rigotto do que de Paulo Paim. Nos debates dos candidatos ao Senado ; que a disputa apertada transformou em uma tradição entre os gaúchos ;, cada um tenta tirar uma casquinha do eleitorado do adversário. Rigotto é direto: ;Quem já se decidiu por mim, ótimo. Quem decidir pela Ana Amélia, me dê o segundo voto. E quem optar pelo Paim, me dê o segundo voto também;, afirmou num debate esta semana.
Paim, ao contrário, não pede, nos debates, o segundo voto dos adversários. Na semana passada, por exemplo, na Associação Gaúcha das Emissoras de Rádio e TV, tentou surfar no fato de, como senador, sempre ter defendido a manutenção de todos os direitos trabalhistas. Tratou desse assunto ao fazer uma pergunta para Ana Amélia. A pepista aproveitou a deixa para dizer que o direito a férias, ao 13; salário e a outros benefícios não pode ser quebrado.
Dilma e Lula
Com suas bandeiras diluídas entre os adversários, resta a Paim colar na chapa que se apresenta em situação melhor do que a dele nas pesquisas. É o único candidato a senador que, em todos os eventos, cita a presidenciável Dilma Rousseff (PT), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o candidato a governador Tarso Genro (PT). Ana Amélia e Rigotto não seguem à risca seus candidatos a governador.
No último sábado, por exemplo, quando José Fogaça (PMDB) chegou ao acampamento Farroupilha, Rigotto estava de saída. Já Ana Amélia, nesta reta final, tem agenda praticamente descolada da governadora-candidata Yeda Crusius. Nesses últimos dias de campanha, ninguém quer arriscar ser puxado para baixo por quem está a um passo de perder a eleição.