postado em 30/09/2010 07:30
Com a indicação de que Marina Silva (PV) está absorvendo os votos de religiosos, Dilma Rousseff (PT) pediu apoio de bispos de congregações evangélicas e de setores da Igreja Católica, ontem, para tentar conter a drenagem de potenciais eleitores. Numa mobilização de olho em viabilizar a vitória em primeiro turno, pastores e missionários gravaram mensagem de apoio à presidenciável petista e prometeram conversar com seus rebanhos para acabar com o que chamaram de ;onda de boataria; na corrida pelo Palácio do Planalto.A equipe do marqueteiro João Santana aproveitou o encontro com 27 representantes religiosos ontem, no escritório político de Dilma, para gravar declarações de cerca de 10 pessoas. Os depoimentos irão ao ar entre hoje e amanhã, e também serão divulgados na internet. Entre os que prometeram apoio, estão o deputado Manoel Ferreira (PR-RJ), bispo do Ministério Madureira, da Assembleia de Deus, e o vereador e missionário católico Gabriel Chalita (PSB-SP), candidato a deputado federal.
A candidata Dilma Rousseff defende suas posições pró-Vida e favorável à família em reunião com representantes católicos e evangélicos
O chefe de gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Gilberto Carvalho, foi o condutor da reunião. Partiu dele o pedido para os presentes ajudarem a campanha de Dilma. O presidente Lula também se mobilizou em favor de sua candidata. Em vídeo publicado ontem na página de internet de Dilma e também televisionado, Lula diz que ;pessoas saíram do submundo da política para falar mentiras;.
Durante o encontro, os religiosos disseram a Dilma que a posição dúbia sobre o aborto e uma suposta frase que ela teria dito, disseminada via internet ; na qual afirma que nem Cristo tiraria a vitória dela ; estavam causando estragos na campanha. A petista lamentou o que chamou de ;fatos do submundo político; e negou a declaração.
Dilma reforçou que é contra a prática do aborto e afirmou que, se eleita, não fará nenhuma lei para legalizar o ato. ;Sou contra o aborto. É uma violência contra a mulher;, disse, acrescentando que o Estado deve amparar as mulheres que optam por interromper a gravidez. ;Quem recorre ao aborto corre risco de morte e elas têm de ser atendidas.; A petista também rejeitou fazer um plebiscito sobre o tema.
Os bispos prometeram fazer reuniões com os seus fiéis para dirimir as dúvidas e pregar o voto na petista. ;Dentro do segmento evangélico, temos reuniões duas ou três vezes por semana. Temos os meios eletrônicos. Faremos um trabalho, um esforço forte;, disse Manoel Ferreira, acrescentando que colocará integrantes de seu grupo religioso para disparar telefonemas em favor de Dilma para esclarecer que ela é contra o aborto e nunca usou o nome de Cristo em vão.
Cartas
Os religiosos divulgaram uma carta contra a ;boataria cruel;, assinada pelo bispo Ferreira, e outra de dom Demétrio Valentini, da Diocese de Jales (SP). Valentini criticou a campanha que, em vez de privilegiar o debate e o confronto de programas e ideias, ficou carregada de ;ataques pessoais em tentativas de desmoralizar os adversários;, mas evitou pregar voto em algum candidato.
Marina rebate rival do PT
A presidenciável Marina Silva (PV) acusou ontem a rival Dilma Rousseff (PT) de mudar seu discurso sobre a legalização do aborto para ganhar votos. ;Eu não faço discurso de conveniência. A ministra Dilma já disse que era a favor e depois mudou de posição. Não acho que em temas como esse se deva fazer um discurso uma hora de uma forma e outra hora de outra só para agradar ao eleitor, afirmou a candidata, que fez campanha no Rio de Janeiro.