Eleicoes2010

Podendo eleger poucos candidatos, PSDB, PMDB e DEM pensam em soluções

postado em 01/10/2010 08:00
O resultado da eleição do próximo domingo lançará o desafio da sobrevivência para grandes partidos políticos no Distrito Federal. Mergulhados em crises institucionais e fragilizados pela expectativa de não emplacarem um bom número de representantes nas esferas local e federal, legendas de peso, como o PSDB, o PMDB e o DEM, serão obrigadas a encarar a possibilidade da transformação para terem o tradicional espaço político após o pleito. Reuniões com os integrantes dos diretórios regionais e com a base filiada constam como prioridade da agenda das siglas assim que houver desfecho no processo eleitoral. A missão é buscar soluções para o desmantelamento da composição partidária acentuado nos últimos meses.

As escolhas feitas pelos dirigentes do PSDB para esta eleição causaram descontentamento em uma expressiva ala de filiados e poderão refletir futuramente no tamanho do partido no DF. A figura mais simbólica da legenda, a candidata ao Senado Maria de Lourdes Abadia, encara mais uma vez de perto o amargo sabor da derrota nas urnas. No pleito de 2006, ela perdeu a disputa ao Palácio do Buriti para o ex-governador José Roberto Arruda. Caso Abadia não saia vitoriosa, aprofundará a crise na legenda, que está rachada desde as negociações pré-eleitorais. Um grupo de partidários defendia o lançamento da candidatura própria ao governo. Um dos nomes citados à época foi o do ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Maurício Corrêa, que há duas semanas desfiliou-se do PSDB para dar apoio a Agnelo Queiroz, concorrente do PT ao GDF.

Mas os dirigentes do partido decidiram obedecer à orientação nacional e juntaram-se à coligação encabeçada pelo ex-governador Joaquim Roriz (PSC). A união, no entanto, eliminou a chance de palanque no DF para o presidenciável do PSDB, José Serra, que não quis posar ao lado do homem que já governou Brasília por quatro vezes. Com a renúncia de Roriz na disputa eleitoral ; ele preferiu colocar em seu lugar a mulher, Weslian Roriz, a ter no currículo uma derrota nas urnas ou na Justiça ;, o PSDB ficou sem rumo. A esperança é eleger deputados distritais, como Raimundo Ribeiro e Milton Barbosa, para que eles tomem a frente do partido para fazer oposição.

O primeiro presidente da Câmara Legislativa, Salviano Guimarães (PSDB), que também foi o primeiro a declarar apoio ao PT nestas eleições, comparou a situação vivida por seu partido com a de uma empresa à beira da falência. ;Se o conselho executivo da empresa é o responsável pela falência, ele tem que ser responsabilizado pela má gestão;, afirmou, citando que haverá uma reunião de balanço geral assim que acabar o processo eleitoral. O presidente regional do PSDB, Márcio Machado, não trabalha com a hipótese de derrota de Abadia, mas admite que a legenda passa por uma fase complicada. ;A saída de Roriz fragilizou o processo da coligação, mas tenho confiança de que conseguiremos fazer dois ou três deputados distritais e pelo menos um federal;, afirmou.

Transformação
Joaquim Roriz deixa marcas por onde passa. Os tucanos não foram os únicos que sofreram com a saída dele da corrida eleitoral. O ex-governador era a personalidade mais influente do PMDB, mas com a sua desfiliação em 2009, mediante uma briga de poder com o presidente regional da legenda, Tadeu Filippelli, que é o atual vice de Agnelo Queiroz, a sigla perdeu musculatura política e volume de filiados. Nomes que tinham chance de vitória nas urnas não fazem mais parte do grupo, como o deputado federal Laerte Bessa, agora no PSC, ou estão ocupados com outros projetos, como a vice-governadora Ivelise Longhi (PMDB). Em comparação com as eleições de 2006, as opções de chapa do partido para este pleito são praticamente ;zero quilômetro;, como denominou Filippelli. Segundo ele, o partido passou pela maior transformação nos últimos tempos e deverá encarar mais desafios, dependendo do resultado do próximo domingo. ;Tínhamos nomes que engrossaram o caldo nas eleições passadas e que não estão nestas;, analisou.

O escândalo de corrupção e pagamento de propina revelado pela Operação Caixa de Pandora contribuiu também para o enfraquecimento do partido diante da opinião pública e dentro da própria militância. A oportunidade para o PMDB retomar a envergadura é abocanhar com o PT a cadeira de chefe do Executivo. Surfar na favorável onda petista será a chance de o partido aumentar a representatividade nas casas. O governador do DF, Rogério Rosso (PMDB), que declarou apoio à candidatura de Weslian Roriz no domingo passado, não descarta a possibilidade de sair da legenda assim que o resultado das urnas for divulgado. Desgastado com o embate interno travado com Filippelli, no qual defendeu a candidatura própria do PMDB ao GDF, Rosso mostra sinais de descontentamento com a nova postura da legenda. ;Prefiro morrer de pé do que viver de joelhos, pelo oportunismo;, resumiu. ;As coisas vão se organizar naturalmente. Nunca estive em outro partido que não fosse o PMDB, mas isso não significa que eu fique no partido e concorde com a conduta que está sendo adotada;, declarou.

A Caixa de Pandora bombardeou o DEM no DF. O partido perdeu o principal representante, o ex-governador Arruda, e distritais como Leonardo Prudente, que saiu desmoralizado. Depois da explosão das denúncias, restaram poucos sobreviventes, como os distritais Eliana Pedrosa, Paulo Roriz e Raad Massouh, que estão na disputa eleitoral local. No âmbito federal, Adelmir Santana e Alberto Fraga são os nomes mais conhecidos, entretanto, as pesquisas de intenção de voto não mostram vantagem para eles. Não há como esconder a crise no DEM e há rumores de que, para salvar o partido, a solução será uni-lo a outro.

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