postado em 02/10/2010 08:00
Falta ânimo para as eleições de amanhã. Pelas ruas, não é difícil encontrar eleitores que ainda não sabem em quem votar e nem estão preocupados com isso. ;Na hora eu decido. Pego o primeiro santinho que achar no chão e voto no nome que estiver ali;, conta o motoboy Magno de Jesus, 32 anos, morador de Ceilândia. Ele e muitos outros não alimentam expectativa alguma em torno do pleito. ;Pra mim, tanto faz como tanto fez;, resume Magno, que diz ir às urnas por obrigação.Os escândalos políticos que assolaram o Distrito Federal no fim do ano passado parecem ter desanimado o eleitorado brasiliense. ;É complicado demais. Esses caras (os políticos) não querem nada com a vida;, comenta o motoboy, que planeja votar pela manhã, para ;aproveitar o resto do dia;. ;Vou sair de casa umas 9h. Depois, volto pra ver televisão e tomar uma pinguinha;, conta. No dia das eleições, a lei seca impede a venda de bebidas alcoólicas, mas não o consumo em casa.
Os amigos Gustavo Henrique Teles, 18 anos, e Anny Carolina da Costa, 17, vão votar pela primeira vez. Animados? Nem um pouco. A esta altura, ele só tem nomes de preferência para os cargos de presidente, governador e senador. ;O restante (os deputados federal e distrital) só vou escolher na última hora. Pode ser qualquer um, mas, de preferência, gente conhecida;, diz. Ela já está com a cola pronta, para não esquecer os números dos concorrentes escolhidos pelo pai. ;Vou votar por causa dele. Por mim, não votaria. Deve ser muito chato ter que pegar aquelas filas enormes;, prevê. Para quem tem mais de 16 anos e menos de 18, o voto é facultativo.
Aos 64 anos, a doméstica Tereza Dias da Costa está revoltada com a política. ;Vou lhe dizer a verdade: este ano não tô com vontade de votar, não;, confessa, antes de emendar a pergunta: ;São quatro candidatos, é?;. A resposta é não. Amanhã, os eleitores indicarão um candidato para presidente, um para governador, dois para senador, um para deputado federal e outro para deputado distrital. ;É muito número pra saber, meu Deus! Dá até preguiça. Minha preocupação mesmo é com a chuva que vai chegar e inundar o meu barraco;, desabafa.
Promessas
Também ocupam os pensamentos de Tereza o diabetes e a pressão alta. ;Desses homens (os políticos), eu já cansei. Prometem, prometem e não fazem nada;, reclama. Quando alcançar os 70 anos (1), Tereza poderá optar ou não pelo voto. Por enquanto, não tem escolha. Por isso, já combinou que o filho vai preparar o papel com os nomes e os números dos candidatos. ;Ele que vai escolher pra mim. Eu vou passar o dia vendo Faustão e só saio de casa pra votar no fim da tarde;, planeja.
Bruna Oliveira, 21 anos, mora em Goiás, na cidade de Valparaíso, mas o desinteresse pelas eleições é o mesmo. ;Amanhã (hoje), vou passar o dia pesquisando os candidatos na internet. Ainda não decidi nada;, conta a jovem, que estuda no DF e detesta política. Se comparecer às urnas não fosse obrigatório, acrescenta ela, ficaria em casa neste domingo. ;É tudo pra inglês ver. Votamos, mas nada acontece. Esses políticos são todos farinha do mesmo saco;, justifica.
1 - Garantia
De acordo com a Constituição da República, o eleitor que completa 70 anos não está mais obrigado a participar do pleito. Não há necessidade de nenhum comprovante de isenção. Para esses eleitores, o voto é facultativo.
; Cristiano Araújo liberado
Ricardo Taffner
A dois dias das eleições, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu liberar o deputado distrital Cristiano Araújo (PTB) a disputar amanhã a reeleição. O resultado do julgamento do recurso do candidato foi publicado no site do órgão às 21h05 de ontem. Ele havia sido impugnado pelo Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal (TRE-DF) em 11 de agosto, a pedido do Ministério Público Eleitoral (MPE) com base na Lei da Ficha Limpa. Em decisão monocrática, o ministro Hamilton Carvalhido aceitou as alegações dos advogados do distrital e deferiu o registro da candidatura.
Araújo foi barrado devido à uma condenação por abuso de poder econômico nas eleições de 2006. De acordo com a ação judicial, o candidato havia coagido e ameaçado, por meio de terceiros, funcionários da empresa familiar Fiança a votar nele naquela ocasião. O distrital foi considerado inelegível por três anos a contar de 2006. Entretanto, segundo o MPE, deveria ter sido aplicada a Lei Complementar n; 135, que impede a candidatura por oito anos a partir da posse no mandato em que houve a infração.
Para o ministro do TSE, no entanto, o prazo não poderia ser ampliado por conta da nova norma e deveria ser aplicado o princípio da ;segurança jurídica, essencial ao Estado Democrático de Direito;. ;De qualquer forma, o prazo de três anos se encontra esgotado, de modo a desconstituir o objeto da demanda da inelegibilidade;, afirmou Carvalhido. Dessa forma, o candidato sai da condição sub judice e terá os votos computados normalmente nas eleições deste domingo.