Eleicoes2010

Briga pelas 8 vagas no Congresso entre PT e rorizistas volta este ano

postado em 03/10/2010 06:05
A disputa pelas oito vagas na Câmara dos Deputados historicamente divide o Distrito Federal em dois polos. De um lado, os candidatos que fazem parte da coligação do ex-governador Joaquim Roriz (PSC) ; o grupo dos azuis. Contra eles, os políticos da tradicional esquerda local ; os vermelhos. Entretanto, o que era uma divisão clara na cabeça do eleitor vem sendo desmontada desde 2006. Foi quando surgiu uma terceira via: o verde, que não era do PV, mas dos aliados do então grupo pefelista de José Roberto Arruda e Paulo Octávio. Neste ano, as alianças voltaram a se dividir em duas, mas os partidos se misturaram e antigos rivais estão juntos como se fossem iguais.

A união mais inusitada foi selada entre grandes ex-adversários. Petistas e peemedebistas sempre se enfrentaram nas eleições, mas com a saída do principal cacique do PMDB local, Roriz, eles resolveram dar as mãos. O time de Lula ; como são chamados os candidatos da coligação de Agnelo Queiroz (PT) ; é formado por uma heterogeneidade quase impossível de se misturar.

Praticamente por toda a história eleitoral da capital da República, eles se desentenderam. Os representantes do PMDB eram, oficialmente, azuis até a eleição passada. Um foi a oposição do outro, a depender do governo. Cristovam Buarque, quando estava no PT e à frente do GDF, teve de enfrentar a ala divergente, então liderada pelo então deputado distrital Luiz Estevão (PMDB). Por sua vez, a gestão peemedebista de Roriz enfrentou as críticas e as reações de petistas como Paulo Tadeu e Erika Kokay. Esses dois, agora, fazem as contas para formar uma bancada governista ao lado dos colegas do PMDB.

Aliás, antes da aliança formal, os deputados do PT chegaram a dizer que não subiriam no palanque dos peemedebistas citados na Operação Caixa de Pandora, como Luiz Valente, Rôney Nemer e Benício Tavares. No início da campanha, o mal-estar chegou a ser evidente, mas a coligação foi feita mesmo assim e todos tiveram de se conformar. O time ainda foi escalado com outros candidatos a federais rorizistas, como Lurdinha Araújo (PTB), e arrudistas, como Augusto Carvalho (PPS). A mãe do distrital Cristiano Araújo (PTB) não suportou e largou a candidatura para apoiar Roriz, mas o ex-secretário de Saúde preferiu continuar na equipe.

Guerra interna
A disputa por uma vaga não é limitada a azuis, verdes e vermelhos, ou sobre questões ideológicas. O atual sistema eleitoral provoca, na maioria das vezes, uma verdadeira competição entre os candidatos de uma mesma chapa. O que não falta é fogo amigo. Tudo por conta do quociente eleitoral. Para eleger um deputado federal, a coligação precisa ultrapassar um número estipulado de votos. Esse índice é calculado por meio da divisão do número de votos válidos pelo número de cadeiras disponíveis (veja quadro).

Essas contas permitem, muitas vezes, que um candidato seja eleito e deixe para trás um concorrente que obteve mais votos, mas integra uma coligação que não tenha atingido o quociente. De toda forma, é mais fácil para um postulante ultrapassar um correligionário em poucos votos e assegurar a primeira colocação dentro da chapa do que atrair cerca de 200 mil votos para a chapa conseguir um novo assento na Casa.

A coligação Um Novo Caminho, de Agnelo, foi dividida em dois grupos neste ano, um com PDT, PT, PPS e PSB e o outro com PRB, PTB, PMDB, PRP e PCdoB. Na eleição passada, os vermelhos sofreram com as denúncias de mensalão no governo Lula e elegeram apenas Geraldo Magela (PT) e Rodrigo Rollemberg (PSB). Com o revés do último ano, iniciado com as investigações sobre o pagamento de propina à base de sustentação do governo Arruda, os petistas apostam eleger hoje pelo menos três representantes do partido, fora outros três da coligação.

Os azuis de Roriz preferiram montar apenas um ;chapão;, a DF Pode Mais, para somar o maior número de votos possível, com PP, PSC, PR, DEM, PSDC, PRTB, PMN, PSDB e PTdoB. Na eleição passada, eles elegeram Alberto Fraga (DEM), Jofran Frejat (PR), Bispo Rodovalho (DEM) e Laerte Bessa (PSC). Tadeu Filippelli (PMDB) foi eleito pela coligação do ex-governador, e Augusto Carvalho (PPS), pela de Arruda, mas agora ambos fazem parte do grupo liderado pelo Partido dos Trabalhadores.

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