postado em 03/10/2010 06:09
; Maria Clara Prates; Luiz Ribeiro
; Pedro Franco
Se a possibilidade de segundo turno nas eleições está tirando o sono dos presidenciavéis e de candidatos ao governo de diferentes estados, o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), candidato à reeleição, está apenas contando ovelhas até a chegada da apuração dos votos nas urnas. Pesquisas de opinião apontam que ele tem uma vantagem de mais de 40 pontos percentuais das intenções de voto em relação ao segundo colocado, o deputado federal Fernando Gabeira (PV). Isso porque Gabeira subiu um ponto no último levantamento. De acordo com os institutos, Sérgio Cabral tem entre 58% e 60% dos votos, contra 18% de Gabeira, que disputa com apoio de partidos coligados de grande importância no cenário nacional, como o PSDB.
Apesar da ampla vantagem, a disputa eleitoral no Rio de Janeiro foi tensa e cheia de trocas de acusações, o que, a julgar pelas pesquisas, não abalou o eleitor fluminense. Sérgio Cabral foi acusado de envolvimento com milícias (1)e de ter sido negligente com a segurança pública depois que, na semana passada, arrastões assustaram a população e os turistas, além de terem promovido o caos na saúde pública do estado.
A última pesquisa Datafolha, a três dias da eleição, demonstrava que Cabral teria perdido apenas dois pontos percentuais. Ex-tucano, Cabral licenciou-se do Senado, já pelo PMDB, para concorrer ao governo do Rio em 2006, quando saiu vitorioso em segundo turno. Ele foi eleito com mais de 5,1 milhões de votos, 68% do total, derrotando Denise Frossard (PPS), que obteve 32% dos votos válidos. A escolha do Rio de Janeiro como sede da Olimpíada de 2016 e da final da Copa do Mundo de 2014, e a boa relação com o presidente Lula também são trunfos exibidos pelo peemedebista.
Enquanto o governador Ségio Cabral teve uma campanha relativamente fácil, seu principal adversário, Fernando Gabeira, viveu situação totalmente adversa, enfrentando até dificuldades financeiras. Gabeira entrou na corrida à sucessão estadual estimulado pelos tucanos para dar suporte, no Rio, à campanha do presidenciável José Serra (PSDB), apesar de o PV ter uma candidatura própria à Presidência (Marina Silva). O fato criou uma verdadeira saia justa para o candidato.
Segundo o cientista político Ricardo Ismael, da PUC Rio, o crescimento de Gabeira na reta final da disputa eleitoral aponta para uma tendência: ;Marina Silva (PV), que vem crescendo no Rio para presidente, está transferindo votos para Gabeira;, comenta. De olho nesse filão de eleitores, o deputado verde, eleito pela primeira vez pelo PT, foi aos poucos deixando de lado as citações a Serra para lembrar de Marina Silva, que começava a crescer na disputa presidencial.
De acordo com o analista político Gaudêncio Torquato, a vitória de Sérgio Cabral tem peso especial para o PMDB, partido que apoia a candidatura de Dilma Rousseff (PT). Para ele, com o bom desempenho nas eleições, Cabral poderia estar se apresentando como um potencial candidato à Presidência pela legenda, mas com ponderações. ;Apesar da carreira política de sucesso, Cabral tem um perfil muito carioca, muito regional, o que dificulta que ele alce grandes voos;, analisa Gaudêncio. Cabral foi candidato derrotado à Prefeitura do Rio de Janeiro em 1992 e 1996, mas elegeu-se deputado estadual em 1990, 1994 e 1998. Em 2002, foi eleito senador.
1 - Vídeo suspeito
No início de setembro, Fernando Gabeira acusou o governador Sérgio Cabral, que disputa a reeleição, de ter ;inúmeras evidências na história recente de aliança política com as milícias;. O candidato do Partido Verde, em seu programa eleitoral, exibiu ainda um vídeo em que Cabral discursa ao lado do ex-deputado Natalino Guimarães e do ex-vereador Jerônimo Guimarães. Os irmãos foram presos por chefiar a Liga da Justiça, apontada como a principal milícia do Rio de Janeiro. No vídeo, Cabral refere-se à dupla como ;parlamentares que dedicam sua vida para melhorar a vida das pessoas na zona oeste;.