postado em 04/10/2010 08:15
; Ivan Iunes
; Josie Jeronimo
; Tiago Pariz
Nas últimas três eleições presidenciais, comparativo do confronto dos petistas contra os tucanos mostra que Geraldo Alckmin (PSDB) ainda é o candidato que impôs mais derrotas aos adversários nos estados. Na disputa contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006, Alckmin ganhou em noves estados: Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio Grande do Sul, Rondônia, Roraima, Santa Catarina, São Paulo. Na disputa deste ano, o presidenciável tucano José Serra bateu Dilma em oito estados: Acre, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rondônia, Roraima, Santa Catarina e São Paulo.
O desempenho de Dilma neste ano comparado com o de Lula em 2006 também mostra que o presidente é um candidato muito mais competitivo. A ministra teve desempenho inferior ao de Lula em 18 estados. Serra também perde para Alckmin em desempenho. O adversário de Dilma no segundo turno teve menos sucesso que o recém-eleito prefeito de São Paulo em 25 estados.
Cantada em verso e prosa, a projetada vitória da candidata do PT à Presidência no primeiro turno passou longe na maioria dos estados. Dilma mostrou desempenho muito inferior ao do presidente Lula em comparação aos votos obtidos pelo petista, no Sudeste, nas disputas de 2002 e 2006. A ex-ministra só demonstrou domínio eleitoral no Nordeste. Até mesmo em Sergipe, estado comandado pelo governador petista Marcelo Déda, Dilma não teve vida fácil. Seu adversário no segundo turno, o tucano José Serra, teve boa votação e deu trabalho. A ex-ministra da Casa Civil teve desempenho inferior ao de Lula em pelo menos 18 estados, em comparação com a votação do petista no primeiro turno da eleição em 2006, quando disputou com Geraldo Alckmin.
A candidata de Lula venceu apertado na maioria dos estados do Sudeste e ainda amargou derrota em São Paulo, maior colégio eleitoral do país. Em 2002, Lula conseguiu vencer o tucano em sua base eleitoral. O presidente petista, que não foi derrotado no Acre em suas duas últimas disputadas com Serra e o governador eleito de São Paulo, Geraldo Alckmin, assistiu a indicada perder para o tucano na região, no primeiro turno. Serra também teve mais votos que Dilma no Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, no Paraná, em Rondônia, Roraima e Santa Catarina.
Ao menos seis estados decisivos
Os aliados de Dilma Rousseff (PT) e de José Serra (PSDB) em Minas Gerais, São Paulo, Goiás, no Rio de Janeiro, no Espírito Santo e no Rio Grande do Sul serão convocados para o tudo ou nada da batalha final nas eleições. Os estados podem ser decisivos na reta final da campanha e a distribuição dos votos do tucano e da petista mostram que os aliados iniciarão o jogo sem um grande favorito nos principais colégios eleitorais.
Em Minas Gerais, Serra levará ligeira vantagem, pois os tucanos do estados entrarão no segundo turno com fôlego renovado. O ex-governador Aécio Neves (PSDB-MG) foi eleito para o Senado como o candidato mais votado e ainda conseguiu promover a virada histórica de seu sucessor, Antonio Anastasia (PSDB), em cima do candidato apoiado por Dilma, o senador Hélio Costa (PMDB). O peemedebista liderava as pesquisas com o seu vice, o ex-ministro Patrus Ananias (PT), mas foi derrotado no primeiro turno. O ex-prefeito de Minas Gerais Fernando Pimentel também não alcançou bom desempenho nas urnas e perdeu a disputa de vaga para o Senado. Em São Paulo, a história se repete. Os tucanos elegeram Geraldo Alckmin governador em primeiro turno e o PT amargou a perda de uma cadeira que considerava garantida para o Senado, com a eleição de Aloysio Nunes.
Os aliados de primeira hora no front de Dilma serão os governadores recém-eleitos Sérgio Cabral, do PMDB do Rio de Janeiro, Renato Casagrande, do PSB do Espírito Santo, e Tarso Genro, do PT do Rio Grande do Sul.
Em busca dos votos de Marina
Os candidatos à Presidência que disputarão o segundo turno também terão que ir atrás dos 10,4 milhões de votos que a candidata do PV, Marina Silva, conquistou no Rio de Janeiro, em São Paulo, no Distrito Federal (DF) e em Minas Gerais. No DF, no Rio e em Pernambuco, Marina Silva roubou a cena e conquistou desempenho expressivo. Tirou votos de Dilma Rousseff (PT) e de José Serra (PSDB). A candidata verde chegou a vencer a disputa presidencial na capital do país, deixando Dilma em segundo lugar. No Rio de Janeiro, Marina ficou na frente de Serra, acumulando mais de 2,6 milhões de votos.
Só em São Paulo, a terceira colocação de Marina na distribuição de votos rendeu mais de 4,8 milhões de eleitores à ex-senadora. Os eleitores de Pernambuco também manifestaram simpatia à candidata do PV. Ela venceu Serra no número de votos na terra natal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Apesar de a candidata ter construído sua carreira política com foco na defesa do Norte do país, guiada pelo seu conhecimento da agenda ambiental, Marina teve fraco desempenho nos estados da região. Ela ficou em terceiro lugar em votação no Acre, sua terra natal. Também apresentou baixo percentual de votação no Pará e em Rondônia.
O desempenho da candidata do PT na Região Norte só ficou dentro da média apresentada no restante do país no Amazonas e no Amapá, estados em que superou o candidato do PSDB à Presidência. A distribuição territorial de votos da candidata mostra que Marina terá maior importância em uma eventual participação apoiando um dos candidatos que disputarão o segundo turno atuando em estados da Região Sudeste. O desempenho abaixo do esperado da candidata verde em sua região explica-se, em parte, pelo perfil do eleitorado conquistado por Marina. A senadora atraiu em grande parte o eleitor de maior renda e maior escolaridade, características mais comuns nos cidadãos dos grandes centros urbanos.